domingo, 16 de novembro de 2014

Parte V - Bibliografia de pesquisas científicas de fenômenos espíritas

Luiz Otávio Saraiva Ferreira

OOBE (EXPERIÊNCIA FORA-DO-CORPO)

Experiência Fora-do-Corpo indica o fenômeno em que o indivíduo vê-se saindo do corpo físico e mergulhando numa realidade que extrapola a nossa realidade física, embora geralmente mantenha durante o fenômeno perfeita consciência do que se passa com o seu corpo físico. Durante tais estados de consciência o indivíduo pode deslocar-se a outros sítios e reportar o que vê, havendo relatos de casos em que o indivíduo consegue também provocar efeitos materiais de sua presenca no sítio a que seu "corpo astral" se deslocou. Tal fenômeno é também denominado "viagem astral" ou "desdobramento".
Blackmore[344] publicou uma revisão dos trabalhos científicos sobre OOBE onde o leitor poderá encontrar uma crítica razoável das pesquisas sobre o assunto. Entre trabalhos científicos e depoimentos de experiências de OOBE, publicações importantes foram também feitas por Crookall[345,...,348], Bozzano[349], Monroe[349], Muldoon[350,351], Prado[352], Ritchie[62], Vieira[61], Zaniah[353], e Osis[354,355].

NDE (EXPERIÊNCIA DE QUASE-MORTE)

Foram observados muitos pontos em comum nos relatos de indivíduos ressusitados de paradas cardíacas e outras situações de quase-morte. Tais semelhanças foram notadas mesmo entre indivíduos de culturas, credos, raças, idades e profissões diferentes. Tais relatos incluem, no geral, uma experiência fora-do-corpo, o encontro com seres "espirituais", a travessia de um "túnel", e o retorno ao corpo físico. As principais pesquisas sobre o assunto foram feitas por Barrett[356], Osis[357,358], May[359], e Moody Jr.[54,55].

REENCARNAÇÃO

Reencarnação é entendido como o renascimento do mesmo espírito em diferentes corpos humanos, em vidas sucessivas. Uma das linhas de pesquisa baseia-se na comprovação documental das lembranças de vidas anteriores relatadas pelos indivíduos, dentre os quais inúmeras crianças de tenra idade. Nessa linha tem-se as pesquisas brasileiras de Andrade[48,51], e as pesquisas de Stevenson[63,363]. Uma outra linha de pesquisa interessante é a que procura marcas de nascença nos reencarnantes que evidenciem algum traumatismo físico ocorrido numa encarnação anterior ("birthmarks"). Nessa linha tem-se, por exemplo, as pesquisas de Andrade[53] e as de Muller[364].
Uma outra interessante linha de pesquisa sobre reencarnação, muito inovadora pela sua metodologia, é da Dra. Helen Wanbach[56], que se baseia na análise estatística das reminiscências relatadas por indivíduos submetidos a regressão de memória através de sugestão hipnótica. Essa técnica torna a confrontação dos dados colhidos com os registros históricos bem mais fácil que no caso de dados individuais, e elimina as tendências pessoais, o que é muito importante. Uma consequência das pesquisas sobre reencarnação foi o surgimento, na Psicologia, da Terapia de Vidas Passadas. Netherton[365] foi o pioneiro dessa linha terapêutica que está encontrando grande aceitação no Brasil, provavelmente devido à grande disseminação e aceitação da idéia da reencarnação entre nós. 

EVP (FENÔMENO DAS VOZES ELETRÔNICAS)

O fenômeno das vozes eletrônicas foi descoberto por acaso quando Juergenson[366] realizava gravações de canto de pássaros no campo e apareceram vozes falando em línguas estranhas na fita, vozes essas que falavam frases compostas de palavras de várias línguas diferentes e se dirigiam a ele. À descoberta de Juergenson seguiram-se as observações de, dentre outros, Bander[57], Raudive[367] e Meek[79], que obtiveram igualmente mensagens em gravadores. Mais recentemente observaram-se o aparecimento de mensagens também em discos magnéticos de computadores, na forma de arquivos-texto.

PESQUISAS ESPÍRITAS DA ATUALIDADE

Talvez por serem os pesquisadores profissionais espíritas em pequeno número, relativamente ao total de adeptos do Espiritismo no Brasil atual, talvez pela reconhecida falta de tradição dos brasileiros em documentar os fatos (diz-se que o Brasil é um país sem memória), a produção de obras espíritas de caráter científico é ainda bastante modesta, mas pode-se pinçar alguns exemplos importantes que, embora às vezes sem assumirem o título de "científicas", na abalizada opinião de Chagas[78] são obras inatacavelmente científicas, as quais podem servir de modelo para a produção de pesquisas para cuja realização muitos espíritas estão capacitados.
Tais obras são os já clássicos livros Diálogos com as Sombras[78] e Histórias que os espíritos contaram[368], de Hermínio C. Miranda, e os livros Surpresas de uma pesquisa mediúnica[369] e Curiosidades de uma experiência espírita[370] de Nazareno Tourinho. Outras obras espíritas que merecem especial destaque, essas assumindo nitidamente o caráter científico, são os já mencionados trabalhos de pesquisa sobre reencarnação[48,51], poltergeist[49,...,51], e "drop-in"[52] (manifestação espontânea do espírito de um falecido que apresenta todos os dados objetivos necessários à sua plena identificação) de Andrade, e o trabalho do químico brasileiro Tubino[76,77] sobre mediunidade de ectoplasmia, em que são analisadas as características dos médiuns que liberam ectoplasma, as possíveis consequências para o médium do uso inadequado dessa faculdade, a metodologia de tratamento dos médiuns de ectoplasmia desequilibrados, onde e como liberar ectoplasma, e algumas características do ectoplasma liberado para fins de cura. 
Tais obras talvez se constituam nos marcos iniciais do que pode vir a ser designado de "Período Neocientífico" ou "Período Espírita" das pesquisas de fenômenos espíritas, período esse caracterizado pela superação da visão positivista de ciência e pelo reconhecimento do caráter inatacavelmente científico da obra de Kardec. Certamente que há outras obras dignas de nota, mas as acima citadas são suficientes para o leitor ter uma idéia do que é uma pesquisa genuinamente espírita.

CONCLUSÃO

Esperamos ter contribuído com este trabalho para a formação de uma nova geração de pesquisadores de fenômenos espíritas, pesquisadores esses libertos dos constrangimentos impostos pela visão positivista de Ciência e seguros quanto ao caráter científico do Espiritismo e quanto à sua independência em relação às outras ciências. O Brasil é um pais riquíssimo em fenômenos espíritas, mas tal riqueza de material de pesquisa se perde face à inexistência de motivação do pessoal capacitado para observar esses fenômenos e documentá-los dentro dos modernos parâmetros da metodologia científica (vide tópico sobre O Que é Ciência na primeira parte deste trabalho). Segundo estimativas recentes, há mais de sete milhões de espíritas em nosso país, grande parte dos quais portadores de diploma de nível superior, o que, em tese, torna essa grande comunidade sensível à importância da pesquisa científica como instrumento de progresso da sociedade. 
Essa comunidade tem necessidades peculiares por contar com grande número de indivíduos praticantes regulares do mediunismo, mas encontra-se "órfã" da ciência no atendimento das suas necessidades especiais em termos de saúde física e mental, de vez que a mediunidade é rotineiramente confundida com morbidades físicas e mentais, e assim os médiuns não encontram nos agentes de saúde o atendimento e a orientação especializados para que possam levar uma vida normal. Há espaço para a mobilização de recursos no sentido de que a comunidade científica estude a mediunidade sob o ponto de vista do Espiritismo e que assim esses cidadãos venham a ter o atendimento adequado por parte dos agentes de saúde e das autoridades em geral. Pode-se afirmar com segurança que no Brasil atual há um grande número de pesquisadores profissionais provenientes das áreas de Física, Química, Biologia, Engenharia, Psicologia, etc. que, uma vez carreados os recursos materiais necessários à pesquisa científica profissional e em tempo integral da fenomenologia espírita, migrariam de bom-grado para essa área de pesquisa, sendo essa fase de migração facilitada pela presente bibliografia.

Luiz Otávio Saraiva Ferreira

Agradecimentos
Este trabalho foi possível graças às preciosas fontes bibliográficas cedidas pelo Dr. Hernani Guimarães Andrade e Prof.a. Suzuko Hashizume, do Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobio-físicas, e pelo Eng.o. Alcivan Wanderley de Miranda Fo., do Instituto Labor, e pelo Prof. Dr. Aécio Pereira Chagas.


na próxima postagem, a Bibliografia ...



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