1808
Desde
que deixamos de ser simples colônia que o desenvolvimento baseado na exploração
da mão de obra se manteve. Mesmo elevado de categoria com a chegada dos patrões
e seu séquito de “bons vivant”, que, forçados a uma mudança de endereço devido
a implantação em França de uma variante na monarquia, Absolutista para
Republicana, que o trabalho com dignidade nesta agora complexa colônia não faz
parte das preocupações dos nossos governantes.
Quando
a industrialização na Inglaterra e suas consequências nos forçaram a abdicar da
abjeta utilização de mão de obra escrava, importamos o modelo inglês de
exploração do trabalhador e o mantemos até hoje, nas empresas privadas, pois
este sai mais em conta para os áulicos da Corte que um antigo escravo e menos
custoso que um vassalo feudal, que, com algumas atualizações quanto ao
atendimento em saúde, educação e moradia, foi o modelo exploratório adotado
pelos países totalitários que rezam pela cartilha dita socialista.
Se
analisarmos as diversas fases pelas quais já passamos, veremos que a tônica é
sempre a mesma: formam-se grupos ideológicos e de interesses mútuos, que
conseguem de alguma forma tomar conta deste imenso e impune poder, injustamente
garantido à quem dele se apossa. Atualmente este Poder se encontra nas mãos dos
sindicalistas, último grupo à participar e usufruir das benesses da Corte.
Ostentar
o rótulo de 6ª economia mundial não encheu barriga de trabalhador nem
transferiu renda, desde então amealhada e centralizada pelo Estado, que dela
faz uso e não aplicação.
Das
muitas teorias propostas e algumas implementadas, à nível mundial, todas
continuam satisfazendo apenas uma minoria; então alguma coisa está errada e
muito.
Desde
o liberalismo, mercantilismo, comunismo/socialismo, Estado indutor de Roosevelt
(Keynes) copiado e aprimorado com doses de totalitarismo por Getúlio Vargas, fascismo,
nazismo, proposta cepalina (CEPAL) da época dos Presidentes militares, até a
falta de proposta (a perderam pelo caminho) dos atuais donos da chave do
cofre, que a situação é favorável a
poucos e desfavorável a muitos.
A
atitude tomada por Roosevelt após a crise de 1929 nos EUA, resultado da
especulação desenfreada, especialidade da plutocracia judaico-cristã,
significou a pesada intervenção do Estado na economia com a finalidade de
solucionar crises. Se foi oportuna na época, ensejou à partir daí, nos países
democráticos, a concentração dos recursos na mão do Estado para partilha
segmentada em prol do desenvolvimento, pautada nos critérios do governante de
plantão e não definida antes da sua chegada ao poder.
Esse
sistema pouco democrático pode funcionar no curto prazo e momentaneamente, mas
não como política de governo e indefinidamente, pois enseja toda sorte de
distorções no desenvolvimento, pelos favores que acabam privilegiando uma
minoria em detrimento da maioria, quando então se perdem todas vantagens.
Essa
prática deteriorou-se em todos países onde foi implementada, pois além dos privilégios para poucos como
forma de induzir o desenvolvimento, o uso autoritário do dinheiro cobrado da
sociedade via impostos e sem controle da mesma, levou os governantes à o
considerarem como sendo bem pessoal e daí ao desvio indecoroso foi um passo.
Exemplo
escrachado nos dão os atuais usuários do poder, onde o Estado desde 2009 arrecada anualmente 38% do PIB - UM trilhão e meio de reais - mas,
para qualquer pequeno investimento vê-se na obrigação de buscar recursos
externos; ou seja, consegue engolir essa enormidade de dinheiro que nos
extorque sem ruborizar-se nem vomitar pelo excesso ingerido. E para completar a
falta de consideração com o dinheiro que não lhe pertence, gasta mais em
publicidade dos seus feitos à realizar,
depois emPACados, do que distribui através de seus cada vez mais ampliados
programas assistencialistas, que como bolsa-votos passou à ser utilizado também
pelos governadores nos estados.
Capitalismo
Social
Como
estratégia de desenvolvimento propõem o fim dessa enraizada cultura de
privilégios pelos que dirigem o Estado em cumplicidade com seus financiadores e
fornecedores, sem no entanto estigmatizar, sejam:
-
segmentos econômicos e seus lucros,
-
sindicatos para trabalhar pela parceria empregado/empregador,
-
Forças Armadas equipadas material e moralmente para cumprir suas funções
Constitucionais,
-
eleições desvinculadas do Poder,
-
do direito de ser livre com responsabilidade individual,
-
de ser rico com responsabilidade social,
tudo
amparado por um sistema republicano e democrático no sentido amplo da palavra.
Fim apenas para os inconcebíveis e desumanos privilégios
para poucos, e da desnecessária e humilhante pobreza para muitos, pois de todo
desenvolvimento conseguido até hoje pelo país, na partilha ignorou-se a maioria
dos que o construíram. Pobreza comprovadamente desnecessária e comprovadamente
humilhante.
Lamentável,
pois o sistema capitalista, diferentemente do socialista, continua produzindo
mais do que o suficiente, até com
sobras, para que todos tenham uma parte justa.
Os 3
pilares de sustentação
1.
Um Estado formado para retornar à população os impostos cobrados, nos seus
principais quesitos: educação, saúde, segurança e infra-estrutura.
Começando
pelo sistema político eleitoral, onde os que se propõem serem legisladores e
administradores do dinheiro coletado junto à sociedade para a atuação do
Estado, tem que ostentarem um currículo e não uma ficha corrida, e ter
experiência mínima comprovada para se oferecerem individualmente para esses
cargos eletivos; sem contar que não serão mais grupos ideológicos e ou
econômicos que chegarão acumpliciados aos cargos de decisão.
Sendo
o Estado comprovadamente um mau gestor pelo simples fato de que nele ninguém é
dono de nada e isto aguça a ganância e leva à inoperância, desta vez não será o
assalariado que transferirá renda trabalhando à troco da sobrevivência para que
se mantenham incólumes e à margem das crises, o Estado e seus integrantes.
Também ele se ajustará as flutuações cíclicas deste mundo inevitavelmente
globalizado.
Quem
se oporá ? Obviamente a minoria que vive às custas do mesmo. Quanto à maioria
que o sustenta, antecipadamente agradece.
2.
Empresas Sociais, onde a capacidade individual é remunerada de acordo, mas os
resultados são distribuídos igualmente entre seus acionistas e seus
trabalhadores.
Especial
ênfase para empresas sociais na área da EDUCAÇÃO, tendo que se alcançar
rapidamente, dependendo apenas da disponibilidade da formação de professores
qualificados, espaço físico adequado para todos que quiserem estudar, estudar
com resultado comprovável e não
apenas retórico. Com qualidade e disciplina, ensinando direitos e deveres. Não podemos considerar como
tarefa cumprida o fato de apenas retirarmos o analfabetismo das estatísticas. O
aluno precisa aprender bem mais do que escrever o próprio nome, mal, e ler sem
entender. Isto só serve para a perpetuação da injustiça.
3.
Sistema de investimento e seguridade social nas
mãos dos trabalhadores como única garantia de que TODOS, seja durante os
anos de trabalho como depois na velhice, possam ter assegurada sua dignidade em
função do trabalho despendido, assim como da contribuição financeira prestada
em função dele.
Independente
dos valores que o FIPS venha somar, jamais
este capital poderá ser desviado de sua primeira e principal função. Somente o
Poder Constituinte poderá tomar decisões que modifiquem as regras iniciais e
sua função social e mesmo assim mediante um amplo debate público. O dinheiro do
FIPS não pertence ao governo, embora
sob sua guarda.
Espero
com Capitalismo Social desagradar os 3 grupos que compõem a Corte.
1.
Assim teremos certeza que nenhum deles bombardeará sistematicamente este
trabalho por considerar que possa estar beneficiando um dos outros grupos.
2.
Se em conjunto ou isoladamente todos o combaterem, provarão que a proposta é
boa, pois tudo que os atrapalha e desagrada resulta em bem para a sociedade, de
quem são exploradores conscientes, desde 1808.
3.
Se não se sentirem ameaçados, devemos instigá-los principalmente através da
internet, até que reajam. Isso antes que consigam censurar a imprensa, pois há anos estão tentando, sempre
apresentando a censura com nova roupagem e novos nomes, num incansável
exercício de perseverança e marketing.
Vamos
marcar data para mudar nosso país
Creio
chegado o momento, como primeiro passo, desta proposta ser analisada pelos
críticos independentes e formadores de opinião, criando-se o debate
indispensável para chegarmos ou não a sua aceitação como novo paradigma válido.
Antecipo,
que debater sobre remendar a velha e curta colcha que nos vem cobrindo
apenas parcialmente, está fora de
questão, pois isto vem sendo feito há muito pela imprensa - quando não se
encontra censurada ou comprada - e sem resultados. Não resolveu e não
resolverá, pois não muda a estrutura viciada sob a qual nos governam desde
D.João VI e sob a qual se acobertam apenas os que chegam a formar num dos 3
grupos da Corte, enquanto a maioria fica a descoberto.
Ou
mudamos para um novo paradigma ou tudo continuará igual, apenas com novas
denominações, expediente usado desde 1822 com a mudança de vice-reino para
Império, quando da propalada Independência que não tivemos até hoje, ou como
aquilo que apelidaram de Proclamação (1889), quando mudaram novamente o nome,
de Monarquia Absolutista para Monarquia Republicana.
A
coleira é a mesma, só mudam os que a conduzem. Portugal, Inglaterra, EUA e
agora que os Estados Unidos estão em recall, procuram um novo dono, nos cofres
abarrotados da China e dos tigres asiáticos.
Chega
desses sistemas retrógados, desumanos e entreguistas que nos tem sido impostos
pelos nossos próprios “governantes”. A
propaganda do grupo momentaneamente no poder, utilizada com sucesso para
desviar nossa atenção dos problemas reais, precisa ser desmistificada. Nos
jogam uns contra os outros, numa discussão estéril sobre problemas fictícios,
enquanto encobrem as verdadeiras causas da injustiça.
Podemos
nos desenvolver dentro de um novo paradigma e que servirá para mostrar a outros
povos que é possível sim o desenvolvimento, sem que seja baseado na exploração
dos parceiros, exploração esta sempre cretinamente verbalizada como de
responsabilidade dos grupos contrários, e ardilosamente negada ao próprio.
De
que forma vamos conseguir a implantação de um novo paradigma é um aspecto do
problema, porém posterior. Primeiro é ter pronto um novo contrato social,
debatido e consensual, para que o país emerja já em harmonia, e para que não
aconteça como sempre, onde são todos contra o que aí está, mas não há nenhum
consenso quanto ao que se quer. Este impasse acontece em todas revoluções,
sejam armadas ou não. Vejam o que se passa atualmente no oriente médio em todos
países onde foram derrubadas as ditaduras e, ao tentar mudar para um regime
democrático, não sabem nem por onde começar, o que novamente leva a mudança
apenas das moscas.
Nos
dias que escrevo esta mensagem, agosto de 2012, observo o que acontece com
nosso governo central. O festival de inoperância que o vem caracterizando
assume contornos graves para o país. Estão dilapidando o patrimônio da União
entre os cortesãos e comensais da Corte, sem sequer uma perspectiva de que
venha a melhorar a situação como um todo. E mesmo que remotamente deixe de
piorar, não se traduzirá em benefício coletivo, uma vez que só se preocupam em
manter as contas em dia para acalmar os banqueiros e para benefício próprio,
descaradamente.
Não
adianta passarmos mais alguns anos apenas criticando o que não nos agrada e
sempre quanto aos efeitos. Temos que debater uma república realmente
democrática e que ataque as causas que mantém o povo de um país riquíssimo como
o nosso com um número tão elevado de pobres e miseráveis, sem contar a
criminosa diminuição no nível de educação e conseqüente conhecimento, dos que
ainda estão acima das categorias citadas.
Em
todos aspectos estão nos nivelando para baixo e por baixo. Vamos permitir que
acabem com a individualidade inerente ao ser humano e nos coletivizem como
boiada ?
1ª edição, não
impressa: 18/02/1996
2ª edição, não
impressa: 26/05/2006
3ª edição, não
impressa: 03/10/2010
4ª edição:
capitalismo-social.blogspot.com.br em 04/12/2011
5ª edição,
capitalismo-social.blogspot.com.br em 02/08/2012
Martim Berto Fuchs
Nenhum comentário:
Postar um comentário