segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Sobra acomodação e covardia, falta vergonha

Martim Berto Fuchs

Tenho lido diversas propostas para solucionar a crise em que a classe política nos colocou. Digo classe política, pois se o antigo Partido dos Trabalhadores, rebatizado para Partido dos Empregados, públicos, está no centro do problema, os outros, sejam da base enlameada ou da tal de oposição, não lhe ficam atrás.

Leio proposta de doutor em economia que propõe a criação de mais estatais ainda e na falta de dinheiro, deve-se imprimir. Nem uma palavra quanto as causas de não termos mais dinheiro nem mesmo para pagar o(s) salário(s) (muitos recebem mais de um) das pessoas já registradas nos diversos órgãos públicos. Provavelmente pensa pagá-las imprimindo dinheiro.

Leio propostas de se atrelarem os salários ao crescimento do PIB, principalmente pelo déficit da Previdência, que aumenta ainda mais o déficit público, causando inflação.
1.Para os intocáveis do setor público, os marajás, isto pouco importa, pois não é do salário que vem seus gordos contra-cheques.
2.Já para os trabalhadores da iniciativa privada, com milhares deles ganhando salário mínimo, caberá à eles novamente carregar o ônus da irresponsabilidade do setor público, que ninguém quer enfrentar.

Leio propostas de cortar parte do dinheiro destinado e distribuído para o bolsa-família; mas não leio propostas de se cortar o gasto em propaganda enganosa, que começou com o governo federal e se espraiou até pelas Câmaras de Vereadores. Anualmente, são bilhões de reais, apenas para mentir e enganar os eleitores.

Leio propostas dos liberais, apoiadores da ação do mercado como panacéia para todos os males; mas nem uma palavra denunciando a especulação financeira como fim em si mesmo e a manipulação do dito mercado, que está mais para mesa de bacará, onde a banca joga e ganha com cartas marcadas.

Nem uma proposta clara e objetiva para reforma da previdência, para dar aos aposentados, dignidade; apenas retirar conquistas, diminuir valores dos aposentados da iniciativa privada e aumentar o tempo da sua contribuição.

Nem uma proposta clara e objetiva para reforma tributária, diminuindo o cipoal de 92 tributos entre impostos, taxas, etc; apenas a preocupação em aumentar ainda mais a arrecadação pública sobre quem já paga, para poder manter aberta a torneira do desperdício.

Condenação eterna da Oligarquia Financeira Internacional; mas nem um passo para se independer deles. Pelo contrário, aumenta-se a taxa de juros para que eles não fujam amedrontados e assustados com a tamanha irresponsabilidade dos seus clientes favoritos, os governos.

Para o representante do grupo do desperdício do RJ, agora alçado à posição de líder, ajuste fiscal é criar novos impostos. Quanto ao fato de que mais gastos inúteis hoje, são o rastilho para a inflação de amanhã, isto nem passa pela cabeça dos keynesianos de botequim.

Presidente de associação industrial, balbucia ignorância sobre o que fazer para reverter fechamento de indústrias suas associadas. Enquanto elas fecham as portas, tudo que lhe ocorre é pedir favores aos poderosos de plantão. Covardia ou medo da KGB tupiniquim montada pelo partido do crime organizado ?

Velho e obsoleto economista mantém a fleuma ao afirmar que o governo deve colocar dinheiro público (?) à disposição de quem precisa, seja para consumir, seja para investir; não aprendeu até hoje, que prestação em loja e sem emprego é Serasa na certa e que empréstimo para empresas, mesmo à taxa zero, em economia paralisada, é impagável. Apenas adia a falência e aumenta o rombo.

Sindicatos patronais são dirigidos pelos principais burgueses da nossa Corte, sempre ao lado, e associados, com quem detém a chave do cofre. 

Centrais sindicais dos trabalhadores das empresas multinacionais e sindicatos dos empregados públicos sem trabalho, agora que conseguiram acesso às benesses da Corte, esqueceram das suas funções básicas.

E há as propostas de intervenção militar, agora amparadas pelo artigo 142 da nossa “Constituição Cidadã”, o que lhe dá legalidade.  Intervenção considerada salvadora e saneadora, mas sem se exigir que explicite o dia seguinte. À princípio, pelo jeito, lhe caberá apenas trocar as moscas.

Sobra covardia aos nossos empresários que não reagem à altura contra os criminosos que tomaram de assalto o governo federal e falta vergonha na cara aos políticos ditos de oposição, que mediante os “afagos” que recebem com dinheiro público, alegre e irresponsavelmente se corrompem.

Se nossos cientistas políticos, economistas e formadores de opinião acham por bem mais uma vez apenas escorar a casa que está caindo, e com isso transferir o problema para mais adiante, medida que vem sendo adotada há décadas, sigam em frente. Não parece que vocês tenham filhos e netos com os quais se preocupar, pois devem estar todos eles bem pendurados nos cabides do setor público.

Pedir que tomem coragem e enfrentem pelo menos uma vez o descalabro do Estado brasileiro, é pedir demais. Preferem continuar se masturbando com suas teses de laboratório nos seus palcos acadêmicos, montados nos teatros das universidades públicas, sustentadas com o trabalho dos dispensáveis.




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