segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

2 - Capitalização das empresas sociais brasileiras pelo FIPS

Martim Berto Fuchs

Publiquei em 02/02 o que seria a 6ª versão do projeto de Capitalismo Social.
Neste artigo, faço algumas considerações sobre o que considero o melhor caminho para o desenvolvimento sustentado das empresas sociais brasileiras, condição sine qua non para sua longevidade.

Os bancos em geral tinham como opções operacionais o financiamento da produção, do consumo e da infra-estrutura. Insatisfeitos com os resultados, ou temerosos de perder terreno para outros tipos de organizações congêneres, partiram ousadamente para a especulação; criaram toda sorte de papéis negociáveis que nada tinham a ver com a situação que se passava na empresa a que esses papéis se referiam, ou, com seu valor intrínseco.

A especulação como fim em si mesmo, apenas se utilizou de ações, imóveis, commodities ou moedas e transformou o ato saudável de ganhar dinheiro investindo no desenvolvimento, em um jogo de azar para muitos e sorte para poucos, transformando seus escritórios on-line em cassinos, nada diferente aos jogos de pocker, roleta ou bacará, onde quem ganha sempre é a banca, e onde quem perde sempre é a maioria que se deixa levar pelo canto da sereia, ou, que participa do jogo por falta de opção.

Hoje, 70% do lucro dos grandes conglomerados financeiros vem da especulação e não do investimento. Risco para eles também há, pois sempre tem malandro mais astuto e inescrupuloso disputando uma fatia maior do bolo. Mas é um jogo de cartas marcadas. A única coisa líquida e certa é que nós perdemos sempre. Se não for hoje, será amanhã. O que eles chamam de livre mercado, não passa de uma mesa de carteado com baralho "mágico".

Onde pois nos ampararmos com probabilidades de não sermos varridos dos negócios pelas empresas transnacionais, todas com o controle acionário nas mãos dos grandes conglomerados financeiros ?

Em Capitalismo Social as empresas brasileiras com necessidade de mais capital poderão contar com a participação acionária do FIPS-Fundo de Investimento e Previdência Social, fundo capitalizado e pertencente aos trabalhadores brasileiros, aqueles que trabalham registrados.

Isto não quer dizer que as pessoas registradas e empregadas em  empresas de capital majoritariamente estrangeiro sediadas no Brasil, não sejam cadastradas no FIPS. Também serão; menos seus executivos e técnicos vindos do exterior e que passarão apenas um período de tempo no Brasil. Estes não precisarão contribuir para o FIPS; apenas pagar os impostos para o Governo.

Nota.
1.Empresas de capital majoritariamente estrangeiro, não terão acesso ao capital do FIPS.
2.Também não terão mais acesso aos empréstimos do BNDES. Terão que trazer capital dos seus países de origem, o que aliás, não será para elas nenhum problema.

Caberá a Secretaria Nacional da Indústria, Comércio Interno e Externo e Serviços, a incumbência, juntamente com a Central Sindical Nacional, de prover os técnicos e a diretoria do FIPS com dados permanentes e confiáveis sobre o desenvolvimento do setor produtivo brasileiro. Precisam ter sempre em mente que é imperioso gerar equilíbrio entre mercado interno e externo; estar atento as flutuações que ocorrem à nível global. Não podem se descuidar de nenhum deles.

Nas três parte envolvidas, Secretaria, Central Sindical e FIPS, esta responsabilidade só pode ser levada a cabo por pessoas qualificadas e bem intencionadas. Não é trabalho para aspirantes à bandido.

Deverão determinar os setores - não empresas em particular -, que dada as circunstância do momento estarão mais necessitadas de aporte de capital, seja para o mercado interno ou externo, participação esta que não deve ser permanente. Participação esta que precisa maturar, render frutos para o FIPS, e estar novamente disponível para outros setores, então mais necessitados.

O FIPS deverá ter ingressos de capital, livres para aplicação, oriundo das contribuições de todos trabalhadores registrados, da ordem de R$ 300 bilhões/ano.
Isto fará toda diferença para o futuro das empresas, dos trabalhadores e do país, pois é capital acionário, que não pagará juros, juros que são no Brasil de hoje completamente absurdos, impraticáveis, proibitivos.

Desnecessário dizer que isto só funcionará se for afastada toda ingerência política do FIPS e das Centrais Sindicais, seja à nível de município, estado ou nacional, e, pior, ingerência ideológica e retrógada, clientelista e populista. Isto é assunto para profissionais qualificados e não para lacaios analfabetizados ou para aspones.

No próximo artigo vou abordar a fundamental importância do Governo no bem estar das empresas sociais e seus trabalhadores.

À propósito:


Nenhum comentário: