sábado, 5 de julho de 2014

O mundo já está cansado do sistema de Bretton Woods e do predomínio do dólar.


O primeiro passo será a constituição de um banco do BRICS, capaz de financiar os maiores projetos de infraestrutura. Este banco deverá tornar-se uma alternativa ao FMI, controlado pelos EUA, do qual é muito complexo receber empréstimos e em relação ao qual os países do Grupo acumularam bastantes perguntas.

Os países do BRICS decidiram conjugar esforços, optando por ajuda mútua. Estão cansados de esperar respostas do Fundo Monetário Internacional ou do Banco Mundial que se tornaram muito politizados e severos em relação aos seus clientes. Organizações, controladas há 70 anos pelos países mais ricos do Ocidente, terão agora de ceder passo a outras. Enquanto antes elas ditavam as condições, elegendo os países dignos de ajuda para o desenvolvimento de uns ou outros projetos, agora as economias emergentes irão formar o seu próprio “clube”.

Na opinião de peritos, tal associação financeira será menos política e mais prática, permitindo se livrar do monopólio do FMI. O chamado Banco do BRICS começará a funcionar oficialmente em 2016, tendo já resolvidas todas as potenciais barreiras e divergências que impediam sua constituição.

Irá integrar diretamente o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Como sustenta Roman Andreev, analista financeiro, o Banco de Desenvolvimento do BRICS seja uma alternativa digna no mundo financeiro:
“O Banco, concebido pelos países do Grupo do BRICS, irá fazer o mesmo que o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, financiando défices orçamentais em períodos de uma instabilidade econômica dos países participantes do banco, assim como os projetos sociais e econômicos cujo financiamento será recusado pelo FMI, BM e outras instituições. Em outras palavras, o banco irá garantir o desenvolvimento sustentável dos países do BRICS”.

O futuro Banco de Desenvolvimento do BRICS, diferentemente do FMI e outras instituições financeiras, não vai exigir a aplicação obrigatória de reformas estruturais, a elevação de impostos ou a pressão política, ligada à vontade de um ou de outro membro do FMI de intervir nos assuntos internos de outro país.
Mais uma diferença importante será uma distribuição igual das quotas-partes no banco. Entretanto, as quotas do FMI foram distribuídos durante várias décadas segundo padrões antigos, mas a economia da China, nestes tempos, cresceu em várias vezes.

Ao mesmo tempo, os EUA não estão interessados em perder o direito de veto, renunciando a ratificar as novas regras de distribuição de quotas. Em resultado, a China não pode emprestar montantes necessários ao FMI. O mesmo diz respeito a outros países. Em outras palavras, a estrutura do FMI tem caducado e exige uma revisão.

Comenta uma analista, Anna Kokareva:
“O FMI renunciou a financiar projetos do Brasil, Índia e África do Sul. Estatisticamente, a presença do FMI e do BM naqueles países não é grande. Eles precisam de meios para o desenvolvimento e decidiram por isso constituir um banco análogo que, porém, será mais leal a eles”.

Os cinco países do BRICS incluem quase 50% da população mundial e por isso há muitos projetos que devem ser financiados. Inicialmente, o capital bancário não será suficiente para financiar todos os projetos. Mas os cinco países já acordaram que o capital do banco do BRICS seja aumentado, continua Anna Kokareva:
“O banco terá seu capital social que na etapa atual constituirá 50 bilhões de dólares. Os votos serão distribuídos pelo princípio de paridade e os projetos serão discutidos, votados e só após a aprovação – financiados”.

É evidente que inicialmente o Banco de Desenvolvimento do BRICS não poderá substituir o FMI. Mas os países do Grupo não pretendem por enquanto alcançar tais objetivos. Mas o surgimento de tal instrumento como banco de desenvolvimento ajudará estes países a desenvolver-se, podendo no futuro desfiar o predomínio dos EUA no mundo financeiro.


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