O
primeiro passo será a constituição de um banco do BRICS, capaz de financiar os
maiores projetos de infraestrutura. Este banco deverá tornar-se uma alternativa
ao FMI, controlado pelos EUA, do qual é muito complexo receber empréstimos e em
relação ao qual os países do Grupo acumularam bastantes perguntas.
Os
países do BRICS decidiram conjugar esforços, optando por ajuda mútua. Estão
cansados de esperar respostas do Fundo Monetário Internacional ou do Banco
Mundial que se tornaram muito politizados e severos em relação aos seus
clientes. Organizações, controladas há 70 anos pelos países mais ricos do
Ocidente, terão agora de ceder passo a outras. Enquanto antes elas ditavam as
condições, elegendo os países dignos de ajuda para o desenvolvimento de uns ou
outros projetos, agora as economias emergentes irão formar o seu próprio
“clube”.
Na
opinião de peritos, tal associação financeira será menos política e mais
prática, permitindo se livrar do monopólio do FMI. O chamado Banco do BRICS
começará a funcionar oficialmente em 2016, tendo já resolvidas todas as
potenciais barreiras e divergências que impediam sua constituição.
Irá
integrar diretamente o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Como
sustenta Roman Andreev, analista financeiro, o Banco de Desenvolvimento do
BRICS seja uma alternativa digna no mundo financeiro:
“O Banco, concebido pelos países do Grupo do BRICS, irá
fazer o mesmo que o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial,
financiando défices orçamentais em períodos de uma instabilidade econômica dos
países participantes do banco, assim como os projetos sociais e econômicos cujo
financiamento será recusado pelo FMI, BM e outras instituições. Em outras
palavras, o banco irá garantir o desenvolvimento sustentável dos países do
BRICS”.
O
futuro Banco de Desenvolvimento do BRICS, diferentemente do FMI e outras
instituições financeiras, não vai exigir a aplicação obrigatória de reformas
estruturais, a elevação de impostos ou a pressão política, ligada à vontade de
um ou de outro membro do FMI de intervir nos assuntos internos de outro país.
Mais
uma diferença importante será uma distribuição igual das quotas-partes no
banco. Entretanto, as quotas do FMI foram distribuídos durante várias décadas
segundo padrões antigos, mas a economia da China, nestes tempos, cresceu em
várias vezes.
Ao
mesmo tempo, os EUA não estão interessados em perder o direito de veto,
renunciando a ratificar as novas regras de distribuição de quotas. Em
resultado, a China não pode emprestar montantes necessários ao FMI. O mesmo diz
respeito a outros países. Em outras palavras, a estrutura do FMI tem caducado e
exige uma revisão.
Comenta
uma analista, Anna Kokareva:
“O FMI renunciou a financiar projetos do Brasil, Índia e
África do Sul. Estatisticamente, a presença do FMI e do BM naqueles países não
é grande. Eles precisam de meios para o desenvolvimento e decidiram por isso
constituir um banco análogo que, porém, será mais leal a eles”.
Os
cinco países do BRICS incluem quase 50% da população mundial e por isso há
muitos projetos que devem ser financiados. Inicialmente, o capital bancário não
será suficiente para financiar todos os projetos. Mas os cinco países já
acordaram que o capital do banco do BRICS seja aumentado, continua Anna
Kokareva:
“O banco terá seu capital social que na etapa atual
constituirá 50 bilhões de dólares. Os votos serão distribuídos pelo princípio
de paridade e os projetos serão discutidos, votados e só após a aprovação –
financiados”.
É
evidente que inicialmente o Banco de Desenvolvimento do BRICS não poderá
substituir o FMI. Mas os países do Grupo não pretendem por enquanto alcançar
tais objetivos. Mas o surgimento de tal instrumento como banco de
desenvolvimento ajudará estes países a desenvolver-se, podendo no futuro
desfiar o predomínio dos EUA no mundo financeiro.
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