segunda-feira, 25 de abril de 2016

Confio no PT

Martim Berto Fuchs

O partido está voltando para a oposição, onde se sente mais a vontade. Na oposição não há compromisso com o êxito, pois basta ser contra tudo e contra todos; no final do mês receber seu salário, e no mês seguinte esperar pelo próximo dia 30.

Há logicamente uma substancial diminuição no contra-cheque, pois não estando com a chave do cofre na mão, não dá para associar-se aos recursos públicos.

Mas nada disto importa, pois o prazer de ser do contra e sem compromissos com a realidade, abafa a tristeza da diminuição da renda, sem contar que a “poupança” conseguida nos bons tempos, permite uma vida folgada por muitos anos.

Confio tanto no PT, que desta vez ao puxarem a descarga, eles descem junto para o esgoto. Como todo bom marxista, já cumpriram seu papel, que é demonstrar que só servem para a oposição, ou, são bons em fazer diagnósticos e péssimos para receitar. Mostrar que há pobreza, o que aliás não precisa de muita pesquisa, foi desde Marx a única coisa aproveitável da esquerda. Cada vez que ela se viu obrigada a mostrar que sabe como resolver, foi um vexame só.

Em nosso país, quando o lulopetismo surgiu com sua bandeira socialista, já haviam outras hasteadas com o mesmo símbolo, foice e martelo. O que não havia em 1980 era a internet, que agora dissemina em tempo real o que em verdade se passa na administração pública. Não dá mais para contar uma história irreal para a sociedade, como foi nos tempos de Getúlio Vargas e seu D.I.P., e como era até poucos anos.

Os outros partidos de esquerda, não fosse o advento do lulopetismo, já teriam se tornado insignificantes, ou sumido. Tiveram essa sobrevida, conseguindo bons rendimentos mensais para seus membros pendurados nas diversas folhas de pagamento do setor público, emprego sem trabalho, que aliás é a sua especialidade, por mais esses 13 anos. Acabou a farra. Confio em que o PT, que lhes deu sobrevida, os leve junto para o ostracismo, para a irrelevância. Digamos que dos sangue-sugas da esquerda estejamos, dentro em breve, livres. Fora do poder e baderneiros por vocação, vão se imolar no altar da mediocridade.

Resta, à partir de agora, para que esse país volte a se desenvolver - desta vez com suas próprias pernas, o que não vai acontecer  -, analisarmos porque permitimos que desastres como o lulopetismo aconteçam, e o que fazer para que miopias políticas, verdadeiras amebas ideológicas, não voltem a tomar conta.

O PT sozinho, leia-se esquerda, jamais teria chegado pelas vias democráticas ao poder. Mesmo contando com o voto dos analfabetos, estes não seriam suficientes para lhes entregar a chave do cofre. Tiveram pois que contar com o apoio de alguém, que não da esquerda. E esse apoio lhes foi dado pelo PMDB, que desde o fim dos Presidentes militares se especializou em indicar o vice, mesmo um vice de mentirinha como Sarney, ou um sem votos como Michel Temer.

Aquilo que chamamos de direita, mas que na verdade não passa de um meio termo entre nada e coisa nenhuma, pois quando falam em Estado mínimo, paralelamente estão empregando no setor público toda sua grande família (cabos eleitorais, parentes, amantes e amigos); essa direita esquisita está de volta ao topo.

A primeira tarefa que terão que se desincumbir será o ajuste fiscal, ou, equilibrar as contas nas colunas de receita e despesa. A volta ao desenvolvimento impõe como condição sine qua non esta providência, sem a qual nada poderá ser feito.

É aí que nosso sistema político se atravessa na solução do problema. Nossos homens públicos eleitos, indicados que foram pelos donos dos partidos e apenas referendados pelos eleitores sem opção, naquilo que chamam de “eleições democráticas”, não tem credencial nem liberdade de ação, funcionários que são de quadrilhas que dominam a atividade política em nosso país.

Acompanhando pela mídia as conversações do quase Presidente Temer para compor seu Ministério de “notáveis”, escancara a negociação rasteira no preenchimento dos cargos, onde as primeiras ofertas do toma lá da cá são nos cargos de administração das inefáveis empresas públicas, que de públicas nada tem, pois servem em primeiríssima mão aos políticos e seus
sabujos aduladores/apoiadores.

Para conseguir equilíbrio nas colunas de receita e despesa, sem aumentar muito os impostos, sobrará a venda à preço de banana de mais empresas nacionais, falidas que foram pelos 13 anos do desastre socialista, e corte discriminado nas despesas públicas, salvando dos mesmos aqueles que afetem os votos futuros do funcionalismo público 2 em 1, um trabalha e dois olham.

Nossos políticos de “direita”, - que deveriam aproveitar a saída dos esquerdistas pela porta dos fundos do Palácio, quem sabe até para a extinção -, em vez de enfrentar os verdadeiros problemas que nos afligem, estão novamente confabulando para uma conciliação que só a eles interessa, começando por manter as centenas de milhares de cargos públicos que existem tão somente para essas ocasiões. Claro que cargos ocupados pela sua grande família, isto é, eram ocupados pela esquerda e agora serão novamente ocupados pela direita.

Quem agradece penhoradamente por mais esta “conciliação nacional” são os banqueiros nacionais e internacionais que voltarão a ter maiores garantias de retorno dos seus empréstimos muito bem remunerados, sem contar que a Oligarquia Financeira Internacional, dona das principais empresas multinacionais, conseguirá se adonar à preço de liquidação, de mais algumas centenas de empresas nacionais falidas, como aliás já está acontecendo e continuará a acontecer, enquanto não mudarmos nosso sistema político.

Confio no PT, que ao apagar das suas luzes, dê uma contribuição decisiva para as mudanças necessárias, usando de toda sua irracionalidade congênita e propensão explícita para a baderna, implodindo essa república das elites e democracia de mentirinha, para que a sociedade brasileira possa participar da mudança do sistema político e da revolução que nunca fizemos.  

Ironicamente, seria um partido de esquerda que facilitaria a passagem do nosso semi-capitalismo, ou capitalismo de estado, ou como queiramos chamá-lo, para um Capitalismo Social.



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