General
Eduardo Villas-Bôas
Em
uma palestra comemorativa do Dia do Exército, 19 de abril, o comandante da
força terrestre, general Eduardo Villas-Bôas, fez importantes considerações
sobre o momento que vive o País. Em destaque, a sua afirmativa de que o Brasil
está à deriva, devido à ausência de um projeto nacional de desenvolvimento. Aos
interessados, recomendamos a leitura de uma boa síntese das palavras do
comandante, no portal do Clube de Engenharia, ou assistir à palestra integral,
no Youtube.
Não
é a crise política no Brasil que tem preocupado o comandante do Exército,
general Eduardo Villas Bôas. A maior preocupação é com relação à manutenção das
operações de segurança na fronteira do país. “Neste ano, fomos muito
penalizados e temos compromissos importantes que precisam de recursos, como a
segurança das Olimpíadas, além de trabalhos sociais como distribuição de água e
combate à epidemia de zika”.
O
comandante entende que o sistema de proteção das fronteiras (Sisfron) está sob
ameaça e, com o ritmo atual dos recursos orçamentários para desenvolvimento
tecnológico, o Brasil teria as condições de fiscalização esperadas hoje
apenas em 2040. “Temos cerca de 17 mil km de fronteiras, e o Exército tem a missão
de combater crimes transacionais por toda essa extensão. Precisamos de uma
tecnologia mais avançada para atingir o nosso objetivo, pois os grandes
problemas de segurança pública passam por essas divisões”, afirmou Villas Bôas.
Assista à entrevista com o general para o programa Estúdio UniCEUB
O
Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) conta com sensores
colocados na linha de fronteira, fazendo uma ligação entre os sistemas de
controle e comando às unidades de operação, com o objetivo de detectar e
solucionar problemas ou situações de risco rapidamente. O sistema será
implantado por regiões para que toda a faixa esteja protegida. O problema é
que, de acordo com o comandante, no atual cenário financeiro, a implementação
do sistema pode demorar ainda mais, fazendo com que ele se torne obsoleto nos
anos 2040 pouco tempo após o início de uso. Os efeitos da dificuldade de
segurança nas fronteiras têm direta relação com os problemas de segurança nas
cidades grandes, abastecidas pelo crime organizado transnacional.
Assista
à palestra do general na íntegra
Sem
chance de ruptura
O
general entende que as instituições têm atuado em conformidade com a
constituição e não há qualquer chance de ruptura da ordem democrática. Para
ele, não cabe ao Exército fiscalizar ou “derrubar” governos, mas ter uma
postura equidistante e equilibrada dos atores públicos. Ele acredita que a
sociedade tem todas as condições de superar o momento e afirma ser obrigação do
Exército estabelecer suas atuações. “Nós, diante de todas as demandas,
estabelecemos que a atuação do Exército tem com base três pilares: a
legalidade, a manutenção da estabilidade e a manutenção da credibilidade”,
afirmou.
Conforme
entende, diferente de 1964 (ano do golpe que levou ao regime militar que durou
até 1985), as instituições brasileiras estão “amadurecidas”. “O Brasil hoje é
um país com instituições funcionando de maneira bastante adequada, e cabe a
essas instituições encontrarem o caminho para a solução das crises. Instituição
armada precisa ter coesão. Todas as vezes quando a instituição perdeu a sua
coesão, ela trouxe desgraça para si própria e para a população”.
Amazônia
O
Brasil hoje, mantém preservado 70% de suas florestas originais. Isso
inviabiliza outros países de questionar os cuidados brasileiros com o meio
ambiente. “O mundo tem, genericamente, 20 a 25%. A Europa tem 0.3%. Então
ninguém tem autoridade moral de tentar nos ensinar como devemos tratar o meio
ambiente”, explica.
Villas
Bôas ainda ressaltou alguns problemas relacionados à Amazônia. Para o militar,
a floresta possui uma riqueza abundante, mas o país ainda não aprendeu a usá-la
da forma correta. Segundo o comandante, falta uma consciência social por parte
da sociedade com relação às nossas riquezas. Ele ressalta a importância da
criação de um órgão que possa cuidar da floresta: “A falta de cuidados com a
Amazônia gera perdas incalculáveis ao país. O Brasil hoje, mantém preservado
70% de suas florestas originais e, de certa forma, isso inviabiliza outros
países de questionar os cuidados brasileiros com o meio ambiente. Apesar disso,
ainda não há um órgão que cuide da Amazônia com a capacidade de integrar todas
as iniciativas”, afirmou.
Estúdio UNICEUB
MSIa
Clube de Engenharia
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