quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Relator da CPI da Petrobras

por Reinaldo Azevedo

O deputado federal Luiz Sérgio (PT-RJ), ex-carregador de malas de José Dirceu — e, hoje, de qualquer petista poderoso que fale grosso com ele —, foi indicado pelo partido para ser o relator da CPI da Petrobras na Câmara. Consta que a escolha está adequada ao gosto do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Vamos ver. Hugo Mota (PMDB-PB), que preside a comissão, sugere que não será mero pau mandado do Planalto. Estamos atentos. Será preciso ver se o trabalho indigno não vai ser executado por… Luiz Sérgio.

Esse rapaz é um portento. Ele é capaz de coisas estupefacientes. A sua característica mais notável é não ter amor-próprio. Nomeado ministro das Relações Institucionais no começo do primeiro mandato de Dilma, foi apeado do cargo seis meses depois. E se deu, então, uma troca fabulosa, que já prenunciava o que seria a gestão da governanta: Sérgio deixou a pasta da articulação política e foi para o ministério da Pesca, e Ideli Salvatti deixou o ministério da Pesca e foi para as Relações Institucionais.
Vale dizer: no governo Dilma, a articulação política era só uma dissidência do Ministério da Piaba. Deu no que deu.

Como lembra VEJA.com, Luiz Sérgio é conhecido como “garçom” — porque sempre entrega os pedidos do Planalto. Há 15 dias, discursou sobre o petrolão, com a clareza habitual: “A Petrobras precisa ser defendida, e o que ela sofre hoje é um ataque dos mesmos que, em 1953, eram contra a sua criação e afirmavam que não existia petróleo, os mesmos que afirmavam que o pré-sal era uma peça de ficção”.
Eis aí.

É um homem destemido. Nunca temeu o vexame. Antes de cair das Relações Institucionais para a Pesca, ele se fez notar duas vezes. Em 2008, foi o relator da CPI dos Cartões Corporativos. Descobriu-se, então, que os ministros de Lula enfiavam o pé na jaca com a nossa grana. Corajoso, não tentou disfarçar que estava na comissão para livrar a cara dos petistas. Mas isso ainda era pouco: Luiz Sérgio poupou todos os ministros de Lula — não sugeriu um só indiciamento dos companheiros — e, de quebra, cobrou  explicações dos ministros de… FHC!!!

À época, vazou da Casa Civil, cuja ministra era Dilma Rousseff, tendo Erenice Guerra como braço-direito, um dossiê asqueroso contra o próprio FHC e, pasmem!, contra Ruth Cardoso. Quem vazou a peça pusilânime foi um servidor chamado José Aparecido Nunes Pires, militante do PT e ex-assessor de Dirceu. O cara foi chamado para depor. Sabem o que Sérgio, relator, perguntou a seu companheiro de partido? O que significavam as letras “sds” com que ele encerrou um e-mail? O rapaz respondeu: “Saudações”. Luiz Sérgio disse: “Obrigado!”.

Ainda em 2008, quando se conseguiram no Senado as assinaturas necessárias para fazer uma CPI sobre as lambanças na Petrobras, Luiz Sérgio liderou um ato público contra a CPI, acusando um complô que estaria tentando privatizar a Petrobras.

Eis o homem que vai ser o relator da nova CPI. A voz dele continua a mesma. O caráter também. Não mudou nem aquele basto bigode, que serve como reserva estratégica de sopa.

Vamos ver se o jovem deputado Hugo Mota fará mesmo o que estiver a seu alcance para garantir a independência da comissão. Lembro ao moço que o PT vive os seus estertores, seus últimos dias, seu período de decadência. Convém não se agarrar ao moribundo.


Reinaldo Azevedo  -  Veja



24/02/2015  -  às 15:27

Nenhum comentário: