por Percival Puggina
Existem
partidos políticos que se especializam em xingamentos. Chutam adversários sem
dó nem piedade da canela para cima e da canela para baixo. São indulgentes
apenas consigo mesmos. Afagam seus malfeitores e não há culpas que os leve a
pedir desculpas. Na maioEria, são pequenos partidos radicais, com militantes e
dirigentes mal educados, rancorosos, socialmente desajustados. Há, no entanto,
um grande partido que corresponde perfeitamente a essa descrição. Com tais
métodos, chegou ao poder e governa o país há 12 anos (isso se não contarmos os
últimos quatro de FHC durante os quais o PT influenciou fortemente decisões do
governo).
Pois
bem, observe as pautas petistas, suas reivindicações e as postulações dos
grupos sociais que o partido comanda no estalar dos dedos e ao megafone.
Examine a essência da ideologia da legenda nos textos que produz, no conteúdo
de seus sites e nas resoluções de seus congressos.
Procure
identificar o rumo perseguido pelas proposições legislativas dos parlamentares
do partido. Vejam com que tipo de governos e regimes se relacionam.
Siga por
essas trilhas e perceberá que o PT mantém com a Igreja Católica (que não se
confunde com a CNBB) e com sua doutrina religiosa e moral uma relação de
irredutível divergência e animosidade. A distância que separa o petismo da
Igreja é intransponível.
PASTORAIS PETISTAS
No entanto… no entanto…, o Partido
dos Trabalhadores e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, há 35 anos,
vivem em união estável, garantidora não apenas de direitos, mas de afetos,
regalias e privilégios.
Todas as
pastorais ditas sociais da CNBB trabalham ombro a ombro com o partido, de modo
militante e diligente. Ao longo dos anos, quando o PT era oposição, os
documentos da Conferência que tratavam de questões políticas e sociais atacavam
os governos reproduzindo fielmente o discurso petista. O idioma era e prossegue
sendo petista. Estridentes sutilezas que muitas vezes denunciei!
Nas
reuniões de pastoral a que compareci, regional e nacionalmente nos anos 80,
falava-se muito mais de Lula e PT do que de Jesus Cristo e Igreja. Quando o PT
chegou ao governo, esse mesmo Lula que os amigos leitores conhecem tão bem
quanto eu, era apreciado pelos operadores da CNBB como um anjo do Senhor caído
em Garanhuns por descuido dos principados celestes.
CAMPANHA DA FRATERNIDADE
Passaram-se 12 anos e as coisas
estão como se sabe. A última eleição transcorreu como se viu. A presidente
enganou o eleitorado tanto quanto se assistiu. O partido e seus associados
afundaram lá onde o olfato acusa. E a CNBB, na obscura alvorada do segundo
mandato de Dilma, inicia a Campanha da Fraternidade de 2015 falando em Igreja e
Sociedade, com destaque para os temas da corrupção e Reforma Política.
Ótimo, mas, corrupção de quem,
senhores bispos? Nem um pio. Corrupção com sujeitos ocultos, em instâncias não
sabidas, a sotto voce, como diria o maestro Ricardo Muti.
Corrupção tão impessoal e neutra quanto a voz passiva. A mesma instituição,
primeiro atribuía a corrupção à infidelidade partidária e se empenhou nisso
como se fosse a salvação da moralidade pública. Em seguida, mobilizou céus e
terras por uma lei da ficha limpa (tremendo sucesso, não?). Agora, sem culpados
nem fatos a discernir, e sem credenciais que a qualifiquem para propor temas de
Direito Constitucional, Teoria do Estado e Sistemas Eleitorais, joga sobre a
falta de uma reforma política a causa essencial das venalidades nacionais.
Para
extingui-la, põe na mesa uma proposta de reforma e um oneroso plebiscito que
são muito parecidos, mas muito mesmo, com o que o PT tirou da manga em 2013. E,
por isso, tem total apoio desse partido.
TUDO A MESMA COISA
Resumo da mensagem para o mau
entendedor: temos corrupção porque a reforma política, apesar dos esforços
petistas, não sai do papel. Assim, os corruptos e suas legendas emergem das
barras dos tribunais e das delações premiadas e vão comandar o pretendido
plebiscito sobre reforma política, numa espécie de Teoria Geral da Corrupção.
Certamente eu também quero uma reforma política. Mas ela nunca será como
proponham a CNBB, a OAB e o PT, porque, no fundo, politicamente, é tudo a mesma
coisa.
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