segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Por que não adianta trocar 13 por meia dúzia?


por Jorge Serrão 

Nada pode ser institucionalmente mais grave e perigoso do que quando tantas tragicomédias explosivas se combinam: a política se desmoraliza e vira piada, a maioria do povo perde a confiança em um governo desmoralizado e a sociedade insiste no erro de atacar o efeito sem combater a verdadeira causa dos problemas. Bruzundanga, País Capimunista Subdesenvolvido com complexo de vira-lata, continua correndo atrás do próprio rabo cortado. Chegará a lugar algum ou ficará no mesmo de sempre.

Por 13 x 13 x 13 x 13, que nas contas mais otimistas é igual a mais de US$ 200 milhões desviados apenas de uma estatal sob gestão corrupta, o desgoverno Dilma já era, sem nunca ter sido governo. Da mesma forma como sua titular nunca foi Presidente, pois preferiu ser chamada de Presidenta, embora faça mais jus ao título distintivo de Presidanta (o que é uma injustiça com um animalzinho que cientistas dizem ser muito inteligente). Já se estima, abertamente, que a Dilma, reeleita pela eleição eletrônica sem chance de auditoria e recontagem, não passa do primeiro semestre.

Quem está de olho na butique dela não é o Pedro Caroço - que deixou de ocupar o lugar dela, porque subestimou seus inimigos e bateu no cara errado. Dilma tem tudo a temer porque sua queda interessa, diretamente, ao maçom inglês Michel Temer. Se ela não cair imediatamente, a fraqueza política a torna refém fácil do PMDB. Não é à toa que Eduardo Cunha, estrategicamente alçado à terceira posição na linha eventual de sucessão (em caso de acidente político fatal), já trabalha, nos bastidores, sua candidatura presidencial para 2018, surfando no fracasso da Dilma e na desgraça do PT - sinônimo de Perda Total e de Piada Trambiqueira.

Não sabemos se a Dilma já viu cobra ou couro de lobisomem, mas é certo que ela vive aquele dilema da música imortalizada pelo Nei Matogrosso: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Sua popularidade despencou assustadoramente. Desabou de 42% (em dezembro de 2014) para apenas 23% agora - segundo pesquisa Datafolha que saiu do forno do inferno para a nazicomunopetralhada. Os números confirmam que Dilma não tem mais moral para continuar governando - o que é um fato de extrema gravidade institucional.

A Presidenta perdeu credibilidade e confiabilidade. Nada menos que 77% dos pesquisados acreditam que Dilma tinha conhecimento da corrupção na Petrobras. De cada dez entrevistados, seis consideram que a presidente mentiu durante a campanha eleitoral. Para 46%, ela falou mais mentiras que verdades - desses, 25% se dizem petistas. Na percepção de 14%, Dilma só disse mentiras. O curioso é que ela conseguiu ser reeleita. Talvez o famoso psicanalista "Fraud" explique o fenômeno. A situação é tão "Froid" para todos nós que nem Freud saberia explicar o que realmente acontece...

Bruzundanga está no mato sem cachorro? Não! É muito pior o problema. Temos um cachorro louco atrás do nosso rabo. A mortífera máquina estatal tupiniquim continua produzindo e reproduzindo desastres históricos que se repetem como farsa. O Estado brasileiro continua operando no regime dos Cês: Capimunista, Centralizador, Controlador, Cartorial, Covarde, Criminoso e Corrupto. O mais assustador é que seus aparelhos repressivos se aprimoram, se sofisticam a ganham até ares de falsa legalidade para subjugar e prejudicar o cidadão-eleitor-contribuinte que paga altos impostos para ser sacaneado, roubado e (quando tenta reagir contra o status quo) perseguido implacavelmente como "inimigo do Estado".

A saída mais cínico-pragamática para quem tem grana? Pode-se optar entre os aeroportos internacionais Tom Jobim ou Franco Montoro... Mas para quem não tem dinheiro sobrando ou não deseja deixar o Brasil porque ainda tem alguma ilusão ou acredita na chance de que aqui pode dar certo algum dia, só resta uma opção. Exercer sua individualidade libertária e se juntar em rede sistêmica a tantos outros que têm condição, vontade política e sabedoria para mudar o modelo. Esta é a única chance de o Brasil melhorar. Qualquer outra é igual a enxugar gelo no deserto do inferno.

Por isso, não adianta trocar 13 por meia dúzia. Por mais que intimamente se deseje um impeachment da tragicomédia política ambulante chamada Dilma Rousseff, de nada adianta tirá-la do poder, substituindo-a por algum nome da mesma classe política da qual ela faz parte. O impedimento político de Dilma, que parece cada vez mais próximo, não resolve o problema maior. PT, PMDB, PSDB ou PQP, seus militantes (ou meliantes) não são causas do problema. São efeitos intestinos de um Estado com falência múltipla dos órgãos e instituições sem foco em governar a favor do interesse público, respeitando os inalienáveis direitos individuais.

Sem uma mudança no modelo de Estado no Brasil, que derrubou um Império sem implantar uma República de verdade, permaneceremos na mesma escatologia de sempre. O Brasil precisa de Democracia (segurança do direito individual e coletivo). Sem regras claras, elaboradas, assimiladas e cumpridas pela maioria esclarecida da sociedade, continuaremos no Estado de corrupção, barbárie e violência. A legitimidade só será alcançada se cada um tiver a segurança de para quê e para onde está remando.          

O projeto de poder do PT faliu, mas sua cúpula dirigente se locupletou, junto com os "primos" da suposta oposição, parceiros do mesmo cassino institucional do Al Capone. Eles só vão largar o osso na base da porrada e da perseguição a quem identificarem como "inimigos". Acuados feito ratos de esgoto, vão reagir violentamente, seja no cínico discurso de politicagem ou nas barbaridades que são capazes de cometer no submundo do crime organizado. A temporada de assassinatos de reputações vai começar com toda força. O azar deles é que a autofagia também é uma tendência nesta fase de perda forçada de poder...

No cenário atual - no qual uma mudança do modelo estatal parece uma possibilidade distante -, caminhamos para um processo de convulsão social, cujas consequências são sempre imprevisíveis, embora a tendência seja por mais um ciclo de governo autoritário (que temos de tempos em tempos por aqui). Há risco concreto até de que os conflitos provoquem até uma cisão territorial - o que sempre interessou ao modelo oligárquico transnacional pelo qual aceitamos ser controlados há séculos. Se o Brasil fosse federalista de verdade, isto não aconteceria. A unidade nacional seria mantida. Mas, como não somos, tudo pode acontecer...

Os segmentos esclarecidos da sociedade precisam tomar uma atitude concreta, democrática e legalista, para alterar o curso do cenário atual. Mudar o modelo de Estado, implantando um sistema democrático com legitimidade, é o desafio do momento. A missão é urgente. 

O resto é perda de tempo, conversa fiada ou magnicídio social.

Jorge Serrão

Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net





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