por Jorge Serrão
Nada pode ser institucionalmente mais
grave e perigoso do que quando tantas tragicomédias explosivas se combinam: a
política se desmoraliza e vira piada, a maioria do povo perde a confiança em um
governo desmoralizado e a sociedade insiste no erro de atacar o efeito sem
combater a verdadeira causa dos problemas. Bruzundanga, País Capimunista
Subdesenvolvido com complexo de vira-lata, continua correndo atrás do próprio
rabo cortado. Chegará a lugar algum ou ficará no mesmo de sempre.
Por 13 x 13 x 13 x 13, que nas contas
mais otimistas é igual a mais de US$ 200 milhões desviados apenas de uma
estatal sob gestão corrupta, o desgoverno Dilma já era, sem nunca ter sido
governo. Da mesma forma como sua titular nunca foi Presidente, pois preferiu
ser chamada de Presidenta, embora faça mais jus ao título distintivo de
Presidanta (o que é uma injustiça com um animalzinho que cientistas dizem ser
muito inteligente). Já se estima, abertamente, que a Dilma, reeleita pela
eleição eletrônica sem chance de auditoria e recontagem, não passa do primeiro
semestre.
Quem está de olho na butique dela não
é o Pedro Caroço - que deixou de ocupar o lugar dela, porque subestimou seus
inimigos e bateu no cara errado. Dilma tem tudo a temer porque sua queda
interessa, diretamente, ao maçom inglês Michel Temer. Se ela não cair
imediatamente, a fraqueza política a torna refém fácil do PMDB. Não é à toa que
Eduardo Cunha, estrategicamente alçado à terceira posição na linha eventual de
sucessão (em caso de acidente político fatal), já trabalha, nos bastidores, sua
candidatura presidencial para 2018, surfando no fracasso da Dilma e na desgraça
do PT - sinônimo de Perda Total e de Piada Trambiqueira.
Não sabemos se a Dilma já viu cobra
ou couro de lobisomem, mas é certo que ela vive aquele dilema da música
imortalizada pelo Nei Matogrosso: se correr o bicho pega, se ficar o bicho
come. Sua popularidade despencou assustadoramente. Desabou de 42% (em dezembro
de 2014) para apenas 23% agora - segundo pesquisa Datafolha que saiu do forno
do inferno para a nazicomunopetralhada. Os números confirmam que Dilma não tem
mais moral para continuar governando - o que é um fato de extrema gravidade
institucional.
A Presidenta perdeu credibilidade e
confiabilidade. Nada menos que 77% dos pesquisados acreditam que Dilma tinha
conhecimento da corrupção na Petrobras. De cada dez entrevistados, seis
consideram que a presidente mentiu durante a campanha eleitoral. Para 46%, ela
falou mais mentiras que verdades - desses, 25% se dizem petistas. Na percepção
de 14%, Dilma só disse mentiras. O curioso é que ela conseguiu ser reeleita.
Talvez o famoso psicanalista "Fraud" explique o fenômeno. A situação
é tão "Froid" para todos nós que nem Freud saberia explicar o que
realmente acontece...
Bruzundanga está no mato sem
cachorro? Não! É muito pior o problema. Temos um cachorro louco atrás do nosso
rabo. A mortífera máquina estatal tupiniquim continua produzindo e reproduzindo
desastres históricos que se repetem como farsa. O Estado brasileiro continua
operando no regime dos Cês: Capimunista, Centralizador, Controlador, Cartorial,
Covarde, Criminoso e Corrupto. O mais assustador é que seus aparelhos
repressivos se aprimoram, se sofisticam a ganham até ares de falsa legalidade
para subjugar e prejudicar o cidadão-eleitor-contribuinte que paga altos
impostos para ser sacaneado, roubado e (quando tenta reagir contra o status
quo) perseguido implacavelmente como "inimigo do Estado".
A saída mais cínico-pragamática para
quem tem grana? Pode-se optar entre os aeroportos internacionais Tom Jobim ou
Franco Montoro... Mas para quem não tem dinheiro sobrando ou não deseja deixar
o Brasil porque ainda tem alguma ilusão ou acredita na chance de que aqui pode
dar certo algum dia, só resta uma opção. Exercer sua individualidade libertária
e se juntar em rede sistêmica a tantos outros que têm condição, vontade
política e sabedoria para mudar o modelo. Esta é a única chance de o Brasil
melhorar. Qualquer outra é igual a enxugar gelo no deserto do inferno.
Por isso, não adianta trocar 13 por
meia dúzia. Por mais que intimamente se deseje um impeachment da tragicomédia
política ambulante chamada Dilma Rousseff, de nada adianta tirá-la do poder,
substituindo-a por algum nome da mesma classe política da qual ela faz parte. O
impedimento político de Dilma, que parece cada vez mais próximo, não resolve o
problema maior. PT, PMDB, PSDB ou PQP, seus militantes (ou meliantes) não são
causas do problema. São efeitos intestinos de um Estado com falência múltipla
dos órgãos e instituições sem foco em governar a favor do interesse público,
respeitando os inalienáveis direitos individuais.
Sem uma mudança no modelo de Estado
no Brasil, que derrubou um Império sem implantar uma República de verdade,
permaneceremos na mesma escatologia de sempre. O Brasil precisa de Democracia
(segurança do direito individual e coletivo). Sem regras claras, elaboradas,
assimiladas e cumpridas pela maioria esclarecida da sociedade, continuaremos no
Estado de corrupção, barbárie e violência. A legitimidade só será alcançada se
cada um tiver a segurança de para quê e para onde está remando.
O projeto de poder do PT faliu, mas
sua cúpula dirigente se locupletou, junto com os "primos" da suposta
oposição, parceiros do mesmo cassino institucional do Al Capone. Eles só vão
largar o osso na base da porrada e da perseguição a quem identificarem como
"inimigos". Acuados feito ratos de esgoto, vão reagir violentamente,
seja no cínico discurso de politicagem ou nas barbaridades que são capazes de
cometer no submundo do crime organizado. A temporada de assassinatos de
reputações vai começar com toda força. O azar deles é que a autofagia também é
uma tendência nesta fase de perda forçada de poder...
No cenário atual - no qual uma
mudança do modelo estatal parece uma possibilidade distante -, caminhamos para
um processo de convulsão social, cujas consequências são sempre imprevisíveis,
embora a tendência seja por mais um ciclo de governo autoritário (que temos de
tempos em tempos por aqui). Há risco concreto até de que os conflitos provoquem
até uma cisão territorial - o que sempre interessou ao modelo oligárquico
transnacional pelo qual aceitamos ser controlados há séculos. Se o Brasil fosse
federalista de verdade, isto não aconteceria. A unidade nacional seria mantida.
Mas, como não somos, tudo pode acontecer...
Os segmentos esclarecidos da
sociedade precisam tomar uma atitude concreta, democrática e legalista, para
alterar o curso do cenário atual. Mudar o modelo de Estado, implantando um
sistema democrático com legitimidade, é o desafio do momento. A missão é
urgente.
O resto é perda de tempo, conversa
fiada ou magnicídio social.
Jorge Serrão
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
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