por
Sérgio Alves de Oliveira
Este artigo é de risco. Seu aproveitamento
está condicionado à vitória eleitoral de
Aécio sobre Dilma, no 2º Turno . Trabalha-se, portanto, em cima de uma
probabilidade, já que a proposição aqui contida não teria a mínima chance de prosperar no outro
lado da competição, no PT, pelas razões que adiante serão melhor explicadas.
A primeira questão a ser esclarecida é a de
saber se o resultado das urnas na hipótese imaginada, ou seja, pró
-Aécio,apontaria com mais força para uma
vitória do PSDB (e coligados) sobre o PT(e
coligados),ou mais para uma derrota deste para aquele. Essa sutileza é
relevante . Não é como uma discussão
parecida com aquela que envolve o
“sexo-dos-anjos”. Esse tipo de resultado sempre poderá ocorrer numa ou noutra
direção. Essa situação sempre acontece quando a escolha é entre o pior e o
“menos”pior. O “menos” pior nunca terá direito de festejar uma verdadeira vitória sobre o pior.
Não é a mesma coisa que uma disputa entre o bem e o mal.
Exemplificando: se eu tivesse vivido no
tempo e sob o império da lei do talião (olho por olho,dente por dente) e,por
ter roubado,fosse condenado a ter uma das mãos decepada,à minha livre escolha,é lógico que preferiria perder
a mão esquerda que a direita,por não ser canhoto. Portanto, se de fato acontecer sua vitória,
Dr.Aécio, não a comemore tanto, porque ela será muito mais uma derrota do PT,
punido pelo povo nas urnas, em vista da roubalheira dos cofres públicos
que institucionalizou sem qualquer pudor nos seus governos ,e
também da incapacidade geral de
bem governar. No caso, o senhor se tornaria uma “esperança” de melhoria..
Pressupondo uma necessária adequação à
democracia aleijada pratica no Brasil - que nem é democracia, e sim
“oclocracia” - é natural que as promessas eleitorais da sua candidatura estejam muito acima da
capacidade de pagá-las. Essas promessas significam uma conta impagável.
Muito mais agora em vista do apoio da chapa de Marina Silva
para o 2º Turno,quando muitas novas promessas dela tiveram que ser incorporadas, oriundas do
PSB, da sua “coligação”, do novo partido de Marina em gestação,e da própria
candidata. A falência desse programa pode ser
antecipada. São muitos os “direitos”
distribuídos e jogados para todos os lados, irresponsavelmente, como se
fosse confete em carnaval, sem aponte dos correspondentes recursos necessários
para pagá-los. Mas essa realidade se trata meramente de uma sintonia fina a um país onde preponderam as fantasias, em
detrimento da realidade. Vivemos onde
existem demasiados direitos e poucas obrigações. Nenhuma empresa, pessoa, ou
país, consegue viver numa situação permanentemente deficitária entre recursos,
direitos e obrigações.
Mas
mesmo a gente “espremendo” o programa
que sustenta a candidatura de Vossa Senhoria, nada vai ser encontrado
de novo que vá além das rotinas apresentadas pelas outras
candidaturas. Nada, absolutamente nada, existe de novo. Não bastaria
eliminar
ou diminuir o tamanho da corrupção vigente e retornar à mediocridade
que marcou
todos os governos passados, exceto,parcialmente, o do Presidente
Getúlio
Vargas, que comandou o país no único período que pode ser considerado
verdadeiramente revolucionário.
Foi aí que surgiu o industrialismo
nacional, o crescimento das cidades, a classe média, a indústria siderúrgica, o
investimento e extração do petróleo,a
proteção mínima ao trabalho (a
última grande conquista do trabalhador)
e outras conquistas . Apesar disso, Getúlio também teve o seu lado “demoníaco”.
Seu centralismo exacerbado feriu de morte o regime federativo que havia sido
implantado com a Constituição de 1891, no que foi seguido, e mesmo superado,pelos
governos subseqüentes, e agora mais que nunca. O Brasil só é federação no
papel. Na prática é um estado unitário, centralista.
Estamos chegando, finalmente, à nossa meta.
Se Aécio vencer, não vamos ganhar muito se ele simplesmente sair-se melhor que
os governos do PT. Ele teria que superar também todos os outros e no mínimo
igualar-se a Getúlio Vargas. Mas ele está com tudo até mesmo para superá-lo.
O grande mérito de Getúlio foi o de não ter
atrapalhado o desenvolvimento e ter sido sensível à realidade interna e
internacional da sua época. Seu grande trunfo foi o estímulo às forças
nacionais para crescerem por seus próprios esforços.
Não precisou de muito dinheiro para fazer tudo isso.
Bastou um pouco de inteligência e alguma sensibilidade em psicologia para
construir uma política de estímulos à
produção econômica. As “armas” que ele usou foram as leis e normas administrativas que expediu. Ao dificultar a
importação de manufaturados, estimulou ao mesmo tempo a indústria nacional a
produzi-los internamente. O seu período pode ser considerado um divisor de
águas entre o Brasil rural, antigo, e o Brasil urbano/industrial, moderno. É o
único presidente que merece destaque na história política tão pobre deste país.
Mas enquanto Vargas investiu prioritariamente no empresariado nacional, dando-lhe uma injeção de estímulos,
o trabalhador também foi moderadamente beneficiado pela sensibilidade do
presidente em trazer lá da Itália os princípios da Carta Del Lavoro, que
passarem a integrar a legislação trabalhista
no Brasil. Foram medidas protetivas e assistencialistas
dirigidas ao trabalhador.
Mas foi um assistencialismo moderado, e não
institucionalizado, como passou a ser hoje, a exemplo do tal “bolsa família”.
Agora Aécio teria a grande oportunidade de transferir aquela mesma injeção de estímulos
que Getúlio deu no empresariado da época para o trabalhador brasileiro de hoje. Esse estímulo seria o de
ganhar mais pelo seu trabalho, em
correspondência à sua efetiva produção.
Se o empresário e o trabalhador
participassem como sócios da produção, é evidente que a mesma motivação que
move um, moveria igualmente o outro.
Hoje, como é , o empresário tem essa motivação. O trabalhador, não. Tanto faz
ele produzir mais, como menos. Ganhará igual. De “quebra” viriam outras mil
vantagens. Acabaria a eterna guerra entre o capital e o trabalho, o comércio da
sua “compra e venda”, a “mais-valia” e, sobretudo, o antagonismo de classes.
Seria uma espécie de usufruto do trabalhador sobre parte do capital. Todos
ganhariam em conformidade com a produção, em índices a serem acertados.
Por isso esse modelo poderia chamar-se
SOCIAL-CAPITALISMO. Sua vantagem seria a de colher somente os aspectos
positivos que cada um modelos apresentam. Os negativos iriam para o lixo. O trabalho
sustentaria o capital e vice-versa. Os interesses seriam comuns. Seria a
parceria entre o capital e o trabalho.
Discuti essa eventual possibilidade com
alguns intelectuais de esquerda, socialistas e comunistas de várias tendências.
A rejeição deles foi unânime, mesmo que jamais apresentassem qualquer argumento
válido. Por isso penso que seria perda de tempo submetê-la ao “pessoal” de
esquerda que apóia a Dra.Dilma. Essa
gente é muito teimosa e fundamentalmente atrasada.
Se as razões acima apontadas não forem
consideradas suficientes para no mínimo serem submetidas a estudos mais
aprofundados,ou seja,mesmo que o governo estivesse se “lixando” para a classe
trabalhadora,restaria um argumento irresistível,qual seja,o IMPACTO POSITIVO NO
PIB. Com certeza o PIB saltaria a níveis estratosféricos. O trabalhador teria
um “plus”nos seus ganhos,construindo,assim,a própria riqueza.
De “quebra”, seria ele o maior responsável pelo crescimento da economia e
pelo desenvolvimento. É ele quem construiria a redenção da sua própria
história.
Sérgio Alves de Oliveira é Sociólogo e Advogado gaúcho.
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Comentário do blog: o grifo é meu.
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