por Luiz
Otávio Saraiva Ferreira
Resumo
Resumo
Uma bibliografia de quase 400
publicações que abrange os fenômenos espíritas, a história de
suas descobertas e as pesquisas científicas realizadas com o fim de
se entendê-los e se criar uma teoria para explicá-los. Esse
catálogo de obras permite ao interessado na investigação
científica dos fenômenos espíritas ter contato com os principais
trabalhos realizados na área, e visa atender especificamente aos
pesquisadores interessados na hipótese do espírito. As informações
foram classificadas conforme os seguintes títulos:
INTRODUÇÃO
Nos tópicos seguintes são
descritos o objetivo e o escopo, i. e., a abrangência deste
trabalho.
Objetivo. Desde o
Episódio de Hydesville, em 1848, que a quase totalidade das
pesquisas dos fenômenos espíritas gira em torno de um único ponto:
a comprovação da existência dos fenômenos. E cada nova geração
de pesquisadores insiste em renegar as conclusões da geração
anterior para recomeçar da estaca-zero, com as mesmas indagações,
de vez que sempre se chega ao beco-sem-saída de ter-se que admitir a
existência do espírito. E como o dogma materialista não pode ser
contrariado, tem-se que renegar tudo para recomeçar sempre. É
necessária a idéia do espírito para se romper esse círculo
vicioso, e o Brasil é o único país do Ocidente em condições de,
atualmente, rompê-lo, de vez que conta com milhões de adeptos do
Espiritismo, dentre os quais muitos pesquisadores profissionais, para
os quais o espiritualismo é o ponto de partida para suas
interrogações à natureza, e para os quais a teoria espírita
elaborada por Kardec e a convivência com os fenômenos espíritas já
ensinaram muito do que é necessário saber-se, na prática, para a
boa condução desse tipo de pesquisa. Toda pesquisa científica tem
que iniciar-se por uma pesquisa bibliográfica, a fim de que se saiba
o que já foi feito e, a partir daí, critique-se o estabelecido,
proponham-se alternativas, e se crie algo de novo. Para facilitar
esse primeiro passo das pesquisas é que este trabalho apresenta ao
leitor, inicialmente, as modernas conceituações de Ciência, e em
seguida uma ampla bibliografia.
Escopo
Inicialmente são apresentadas as
modernas conceituações de Ciência, de vez que os conceitos de
Ciência mais difundidos e aceitos na sociedade em geral e mesmo na
comunidade científica são inteiramente ultrapassados. Em seguida
vem uma resenha bibliográfica das pesquisas de fenômenos espíritas
que cobre o período que se inicia no ano 1779, com o trabalho de
Mesmer, passa pelo surgimento do Espiritismo a partir das pesquisas
de Kardec; pelo período das pesquisas espiríticas iniciado por
William Crookes em 1870; pela Metapsíquica de Charles Richet no
início do século XX; pela Parapsicologia de Rhine, criada em 1934;
pela Psicotrônica, criada nos antigos países comunistas depois de
1945; pela Psicobiofísica de Andrade, criada em 1958; pelas
pesquisas sobre reencarnação, vozes eletrônicas, e viagens
astrais; e termina com as recentes pesquisas espíritas de Tourinho e
de Miranda. São citados os pesquisadores e instituições cujas
produções são importantes para o conhecimento da fenomenologia
espírita, bem como as teorias e hipóteses sobre os mecanismos
naturais que os produzem. Breves resumos dos assuntos tratados nas
referências são apresentados nos diversos tópicos deste trabalho,
para facilitar a busca da literatura citada, na qual podem ser
achadas as informações detalhadas.
O QUE É CIÊNCIA
Há um grande desconhecimento, mesmo
no seio da comunidade científica, do que seja realmente Ciência. O
conceito de Ciência foi sendo refinado ao longo do tempo a partir do
século XVII, quando começou a surgir o que hoje se entende por
Ciência, e a grande maioria dos membros da comunidade científica
ainda se encontra apegado a conceitos inteiramente ultrapassados
pelas modernas pesquisas da História da Ciência e da Filosofia da
Ciência. Esclarecedora literatura a esse respeito foi produzida pelo
químico brasileiro Aécio P. Chagas, destacando-se os seguintes
artigos:
1) artigo[67] em que passa em
revista a história e a conceituação de Ciência, esclarecendo seu
caráter de obra coletiva (Ciência Comunidade), o conceito de
Filosofia da Ciência, os objetivos da Ciência, os mitos sobre a
Ciência, a idéia de "Ciência Oficial", o caráter
científico da obra de Kardec, o lugar da Ciência no conhecimento
humano, e a relação entre a Ciência e o Espiritismo;
2) o artigo[68] intitulado
"Espiritismo: Ciência da Mediunidade", em que aborda o
caráter científico da obra de Kardec, o estudo das religiões sob o
ponto de vista espiritista, a contribuição da visão espírita da
Natureza para as Ciências Humanas, e procura desmistificar a relação
entre o Espiritismo e as outras ciências;
3) os artigos[70,78] em que aborda
(e desmistifica) a questão das provas científicas da sobrevivência
do espírito, as quais não necessitam da chancela das outras
ciências assim como, por exemplo, a Química não precisa da
chancela da Física para suas teorias e vice-versa; e
4) o artigo[71] em que as relações
entre o Espiritismo e a comunidade acadêmica são analisados sob os
pontos de vista histórico, social e filosófico, cogitando sobre a
possibilidade de se fazerem pesquisas espíritas na Comunidade
Acadêmica ( Universidades e Institutos de Pesquisas).
Igualmente esclarecedora literatura
foi produzida pelo físico e filósofo brasileiro Chibeni,
destacando-se os seguintes artigos:
1) artigo[72] em que apresenta a
visão clássica da Ciência, a visão moderna de Ciência sob os
pontos-de-vista de Popper[256], Kuhn[257] e Lakatos[258,259], a
análise do caráter científico do Espiritismo e a comparação do
Espiritismo com outras linhas de pesquisa que estudam os fenômenos
espíritas,
2) artigos[73,74] em que apresenta a
visão de Ciência de Lakatos e analisa o Espiritismo, concluindo que
este "possui todas as características de um programa de
pesquisa progressivo, sendo, portanto, genuinamente científico,
segundo o critério de" Lakatos, e nitidamente superior às
assim chamadas "Ciências PSI", que são baseadas no
Positivismo, que é uma visão superada de Ciência,
3) artigo[75] em que apresenta a
visão de Ciência do filósofo Kuhn, a compara com as visões
anteriores e apresenta argumentos que mostram que a Doutrina Espírita
é genuinamente científica, constituindo um Paradigma Científico no
sentido apontado por Kuhn. Nesse trabalho Chibeni afirma: "a
obra de Kardec constitui um genuíno paradigma científico, e esse
paradigma representa, até hoje, a única diretriz segura ao longo da
qual se podem desenvolver pesquisas científicas acerca dos fenômenos
espíritas e do aspecto espiritual do ser humano em geral".
REVISÃO HISTÓRICA
Boas referências históricas sobre
a fenomenologia espírita são Conan Doyle[1], Richet[80], René
Sudre[3], Wantuil[4], a série de 27 artigos de H. G. Andrade sob o
pseudônimo de Goldstein[13,...,39], intitulados coletivamente de
"Parapsicologia - Uma Visão Panorâmica", e Miranda[5].
DO MAGNETISMO ANIMAL AO
HIPNOTISMO
Mesmer [3,5,15] foi um médico
austríaco que, em 1779, publicou uma memória [84] defendendo a
existência de um " fluido universal", o qual poderia ser
utilizado na cura de doenças. Experimentou tratamentos com ímãs
(magnetos), mas concluiu que o próprio corpo humano emanava forças
mais poderosas que as do ímã, as quais denominou então de
"magnetismo animal". Teve como seguidor o marquês de
Puysegur [3,5,16] que, ao experimentar magnetizar camponeses,
descobriu o sonambulismo experimental [85,86,87], em que os pacientes
sob transe induzido apresentavam telepatia, visão com as pontas dos
dedos, clarividência e outros fenômenos. Puysegur, por sua vez, fez
numerosos discípulos. Embora durante certo tempo rejeitada pelas
academias científicas, no início do século XIX a doutrina do
"magnetismo animal" estava muito difundida na Europa, sendo
natural que o fenômeno das mesas girantes, surgido em torno de 1850,
nos EUA, e logo repetido no continente europeu, fosse classificado
como uma nova propriedade do magnetismo animal. Os pacientes
submetidos aos "passes magnéticos" às vezes entravam em
estados de sono de profundidade variável, chamados de " sono
magnético" ou "estados magnéticos". Foi um dos
discípulos do marquês de Puisegur, o Abade Faria [5] (José
Custódio de Faria), que assentou as bases da interpretação
científica do magnetismo [88], tendo sido ainda um dos primeiros a
experimentar o uso de sugestões verbais na manipulação magnética
dos pacientes. O magnetismo animal teve boa acolhida na Alemanha,
onde merecem destaque as pesquisas do Dr. Justinus Kerner, que
estudou a Vidente de Prevorst [102] (a famosa médium sonâmbula
Frederique Hauffe), cujos fenômenos de efeitos físicos testemunhou
em companhia de Strauss e do magistrado Pfaffen [4]; as pesquisas do
químico austríaco Reichenbach [93,...,96] sobre a visão das auras
dos ímãs, cristais e corpo humano pelos sensitivos (entre 1845 e
1868); e as memórias publicadas por Schopenhauer[97,98]. É
atribuído ao médico francês Alexandre Bertrand [89,90], que
publicou seu primeiro livro a respeito em 1823, a descoberta da
importância da sugestão no transe induzido. Coube ao cirurgião
inglês James Braid [3,16], no ano 1841, após estudar os fenômenos
do magnetismo, dar-lhes uma conceituação científica e fisiológica,
criando o Hipnotismo [83] e sua terminologia, que é a mesma
utilizada atualmente. Segundo a nova teoria, tudo devia-se à
imaginação do paciente agindo sobre seu sistema nervoso ( hipótese
animista), rejeitando-se então a hipótese dos fluidos (hipótese
fluidista). Estava assim criada a divisão entre fluidistas e
animistas, que perdura até nossos dias. Dessa época em diante a
interpretação fisiológica do hipnotismo predominou, embora dentre
os fenômenos atribuídos ao magnetismo animal ou ao hipnotismo
estejam alguns que mais tarde foram reconhecidos como fenômenos
paranormais, como, por exemplo, a telepatia[18], para o qual não há
explicação nem fisiológica nem física[19]. Durand de Gros
[3,99,100] foi o primeiro a perceber a diferença entre o mesmerismo,
o hipnotismo e a sugestão.
Luiz
Otávio Saraiva Ferreira
Agradecimentos
Este
trabalho foi possível graças às preciosas fontes bibliográficas
cedidas pelo Dr. Hernani Guimarães Andrade e Prof.a. Suzuko
Hashizume, do Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobio-físicas, e
pelo Eng.o. Alcivan Wanderley de Miranda Fo., do Instituto Labor, e
pelo Prof. Dr. Aécio Pereira Chagas.
Continua …
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