por Aurélio Valporto
A situação é
desesperadora. Subitamente me parece que a maioria já esqueceu porque elegemos
o PT em 2002. Foi uma tentativa desesperada de, por meio da troca do chefe do
executivo, se livrar da corrupção desenfreada em todas as esferas e em todos os
3 poderes. Mas, mesmo durante a campanha presidencial daquele ano, ao se
associar com famosos corruptos do legislativo, tivemos pistas de que se tratava
apenas de outro grupo comensal querendo se locupletar. E assim foi.
Se foi pior do que
o outro, é impossível dizer. Creio que de fato tenha se roubado muito mais nos
governos do PT, mas pelo simples motivo de que a bonança internacional permitiu
que se roubasse mais e ainda assim se distribuísse migalhas e dessem espelhos
aos índios - que trocavam matérias primas por industrializados da China, ao
passo que destruíam a própria capacidade de produzir e desenvolver produtos
mais elaborados. Se fosse o outro partido no poder não seria diferente, desde a
instauração da prática de corrupção generalizada do legislativo por FHC, para
comprar sua reeleição, a roubalheira migrou de uma trajetória linear para
exponencial.
De fato PT e PSDB
são parecidos em tudo, inclusive por se apropriarem indevidamente de acasos
históricos. FHC acredita piamente que acabou com a inflação com o plano Real,
quando quem acabou com a inflação no Brasil foi o ganho de produtividade
proporcionado pela abertura, que só foi possível graças ao retorno do influxo
de capitais autônomos, que ocorreu em outra fase de bonança internacional, aquela
puxada pelos Estados Unidos.
O plano Real, cujo
verdadeiro pai foi Edmar Bacha, foi apenas uma medida para debelar a inflação
inercial, que é aquela que resta quando as verdadeiras causas já foram
eliminadas. É como o incêndio no sofá do carro depois que não tem mais gasolina
para queimar. Qualquer balde d'água apaga, assim como qualquer outro plano para
debelar a inflação inercial teria resolvido, mesmo sem passar pela URV e a
nefasta divisão por 2.750 (quem se lembra?). O combustível da inflação era a
impossibilidade de se obter uma estrutura estável para os preços relativos,
dada a produtividade da economia e a carga tributária vigente. O ganho de
produtividade que, em última análise, foi proporcionado pelo crescimento
contínuo dos EUA, tinha resolvido isso.
Por sua vez Lula
acredita piamente que foi o responsável pelo crescimento econômico do país
durante seu governo. Quando na verdade o que ocorreu foi um aumento de preços
das commodities exportadas pelo Brasil, puxado desta feita pelo crescimento da
China. Mais do que crescer, o Brasil "aumentou de preço", a relação
de troca de produtos de baixo valor agregado exportados pelo Brasil por
produtos industrializados chineses se alterou de forma espantosa.
Apenas como
exemplo, quando assumiu em 2002 o minério de ferro estava em cerca de US$ 30 a
tonelada, ao deixar a presidência em 2010, a cotação superava US$ 180. Com isso
ficou fácil dar espelhos para os índios, ou TVs de plasma e blu-ray, ainda que
se destruísse a indústria nacional e, em especial, a capacidade de se pesquisar
e desenvolver localmente. P&D é a parcela de maior valor agregado da
indústria de alta tecnologia.
No
final, tirando a capa ideológica, meramente superficial (mesmo porque nem
Aécio, nem Dilma e muito menos Lula têm capacidade intelectual para ter
qualquer ideologia fundamentada) PT e PSDB são apenas duas faces do mesmo lixo.
Uma é amiga do José Dirceu, outro é amigo do Zezé Perrella, o dono do
helicóptero do pó. Fica a seu critério escolher entre o patife e a safada. Ou
melhor, "fica a seu critério escolher entre a patifa e o safado". Mas
vote consciente, o culpado por escolher mal é você.
Aurélio Valporto é Economista.
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Comentário do blog:
Mais uma vez se demonstra que o problema não está no eleitor e sim nos candidatos impostos pelos partidos políticos, verdadeiras quadrilhas.
Nós não temos escolha, não votamos, apenas referendamos os patifes que se prestam para esse papel.
Depois, nos roubam a vontade e fica tudo por isso mesmo.
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