Umberto Fabbri
O Ser
humano de uma maneira geral sempre se interessou em saber sobre seu
passado e seu futuro.
Kardec
pergunta aos Espíritos, na questão 393 de O Livro dos Espíritos, se é
possível conhecermos nosso passado e estes dizem que sim, e que para tanto
basta observarmos nossas tendências. A troca de nossa vestimenta carnal
não muda nosso caráter. Pouco importa saber se fomos reis, rainhas ou
escravos, o mais útil é identificar nossas tendências, hábitos e
comportamentos negativos, que precisam ser modificados, tais como o
egoísmo, por exemplo, e a partir desta constatação devemos seguir para
nossa transformação moral, combatendo em nosso íntimo, sentimentos
inferiores que nos infelicitam.
Em
relação ao futuro, André Luiz, pela psicografia de Waldo Vieira, nos
ensina que: “Somos hoje o reflexo do ontem, seremos amanhã o reflexo de
hoje”. Isto se aplica há um dia, a uma reencarnação ou muitas delas.
Em nossa
palestra, apresentamos informações trazidas por Chico Xavier, atreladas às
descobertas ou pesquisas científicas ainda em andamento. Não devemos
imaginar que ele tenha visto o futuro e feito previsões se utilizando de
uma bola de cristal ou algo do gênero, isto não retrata a verdade de seu
trabalho, sempre pautado na seriedade e no extremo cuidado em passar
informações que viessem nos auxiliar e esclarecer, nunca com o propósito
de benefício próprio, como fazem muitas pessoas ainda imaturas
espiritualmente.
Sabemos
que as questões de datas são muito delicadas, pois sempre causaram certo
alvoroço. Em 999 esperava-se que o mundo acabasse no ano 1.000, o que não
ocorreu trazendo enorme decepção. No ano 2000 com o “Bug” do milênio,
previu-se que muitos desastres ocorreriam, e mais uma vez o tão falado
final do mundo, acrescido agora da notícia da passagem de um planeta
intitulado como “Chupão” e que arrastaria consigo todas as pessoas que
ainda não fossem boas, previsão esta, atribuída a um “livro espírita”, o
que não é possível e nem verdadeiro, ainda não aconteceu.
Disseram
depois que o mundo não havia acabado no ano 2.000, pois havia um erro de
quatro anos no calendário gregoriano, o que adiaria o final do mundo para
2004, depois a previsão foi postergada para 2012, o que também não
ocorreu.
É
interessante notar que o imaginário humano, quase sempre anseia descobrir
o futuro. Em 1899, algumas pessoas fizeram previsões, retratando com
desenhos, o que imaginavam sobre como seria a vida no ano 2.000. Em um
destes desenhos encontramos uma moça sendo maquiada por um sistema
totalmente robotizado, em outro, que foi acertado, diga-se de passagem,
vemos retratada uma videoconferência, apesar de utilizarem os recursos
conhecidos na época e não os computadores e celulares que possibilitariam
tal atividade 116 anos após sua previsão.
Mesmo
hoje nos vemos imaginando como seria uma cidade do futuro…
Sobre o
terceiro milênio, que vai do ano 2.000 ao ano 3.000, Chico sempre foi muito
claro e coerente em suas colocações.
Em uma
conversa de um expositor da FEESP com Chico, quando questionado sobre a
violência no mundo, o médium alertou que se o homem quiser – estamos
falando sobre o livre arbítrio coletivo – a violência poderia ainda
perdurar mais duzentos anos. É evidente que a natureza não dá saltos, mas
não devemos esperar até o ano 3.000 para sermos pessoas melhores,
aguardando e valorizando mais os avanços tecnológicos do que nosso
crescimento íntimo.
Sonhamos
com um planeta de regeneração, mas devemos lembrar que planeta de
regeneração não é ainda mundo superior, e que esta regeneração não será
material, mas sim moral. O Livro dos Espíritos nos informa que nos mundos
felizes o bem predomina sobre o mal, ou seja, se há predomínio do bem
sobre o mal, significa que o mal, que podemos chamar de ignorância, ainda
existe, mesmo que em pequena proporção. É preciso cuidado e estudo para
não defendermos ideias inadequadas, equivocadas e novidadeiras.
É tempo
de despertar e fazer valer as revelações trazidas por vários missionários
do bem e do amor.
Francisco
Candido Xavier, nosso Chico, foi um destes nobres trabalhadores do Cristo,
responsável por sedimentar a realidade espiritual, nos mostrando a
necessidade do domínio do Espírito sobre a matéria.
Quem
poderia dizer que uma criança que foi entregue a sua madrinha aos cinco
anos de idade, por ocasião da morte de sua mãe, que era espancado
regularmente, poderia crescer sem sequelas físicas e emocionais? Isto não
ocorreu, pois houve o predomínio do espírito Chico sobre a matéria. Se o
Chico não fosse uma criatura extremamente preparada não teria conseguido
levar ao término sua missão, que envolvia Emmanuel, André Luiz e tantos
outros amigos empenhados em nosso desenvolvimento. Por conta de sua
mediunidade quase foi internado por seu pai em um manicômio, e só não o
foi por um conselho do padre Scarzelli, seu confessor, pois seria mais uma
despesa para a numerosa família de nove filhos. O padre orientou o pai de
Chico a arrumar-lhe um emprego. Tempos difíceis amenizados pelo amparo de
sua mãe desencarnada, um espírito elevado, que estava sempre ao seu lado
dando força e conselhos.
Chico
que sempre teve poucos recursos financeiros ganhou seu primeiro par de
sapatos quando completou dezessete anos, mas afortunado em tesouros
espirituais, hoje é considerado o maior brasileiro de todos os tempos.
Foi
perseguido e tido por muitos como embusteiro, aproveitador dos sentimentos
alheios, que usava as pessoas como trampolim para a mídia, e que, em certa
feita, foi parar na capa da antiga revista O Cruzeiro, vítima da malícia e
perversidade humana. Quando se queixou do fato com Emmanuel, seu mentor,
este lhe diz: “Você não tem do que reclamar, Jesus foi parar na cruz e
você só foi parar na capa do Cruzeiro!”
Este
homem tão agredido acabou se tornando um exemplo, verdadeiro apostolo da
caridade, não só para o Brasil, mas para o mundo.
Chico
possuía, além de várias mediunidades já conhecidas, a da presciência, ou
seja, a de adentrar em eventos que nós chamamos de previsões do futuro.
Para analisarmos de forma mais clara é preciso nos aprofundar no estudo
sistemático da Doutrina, para entendermos este reflexo do hoje no amanhã,
utilizando a fé raciocinada ensinada por Kardec.
Era
também um psicômetra, mediunidade que permite ao médium tocar um objeto e
perceber as informações a ele relacionadas, como imagens, vibrações e
pessoas.
Chico
recebia por telepatia e clarividência as informações, algumas encontradas
no livro “Cartas de uma Morta”, lançado em 1935. Trazidas por Maria João
de Deus, sua mãe desencarnada, apesar de estar, e não ser, uma senhora de
poucas letras e lavadeira, foi convidada a visitar um planeta em outra
constelação, que orbitava ao redor de três estrelas.
Na Folha
Espírita Online de 23 de julho de 2005, 70 anos depois, na Constelação
Cygnus, 150 anos-luz de distância da Terra, descobriu-se um planeta que
orbita ao redor de três estrelas, uma amarela, outra laranja e a terceira
vermelha. Poderíamos considerar uma coincidência, embora digam que coincidência
é o pseudônimo que Deus utiliza para quando não quer se identificar.
Encontraremos outras “coincidências” dentro da Ciência Espírita, trazidas
por André Luiz. No Livro “No Mundo Maior”, lançado em 1947. O instrutor
Calderaro vai nos falar sobre o cérebro trino, que foi apresentado anos
depois, em 1970, pelo médico e neurocientista americano Dr. Paul MacLean,
como cérebros superpostos: o Reptiliano, o Límbico e o Neocórtex.
No Livro
“Evolução em Dois Mundos”, também de André Luiz, encontramos muitas informações,
tais como citações sobre a glândula pineal ou epífise, antecipando
descobertas importantes sobre a melatonina, assim como a sua descrição
neurobiológica, também informadas nos livros: “Nos Domínios da
Mediunidade”, “Mecanismos da Mediunidade” e “Missionários da Luz”, obras
estas escritas na década de 1940, do mesmo autor espiritual.
Em 1971,
pela rede Tupi, no programa Pinga Fogo, Chico Xavier falaria sobre uma
série de avanços que ocorreriam. Este programa foi um recorde de
audiência, mais de vinte milhões de pessoas acompanharam sua apresentação,
programada para uma hora, que acabou se estendendo para quase três horas,
onde Chico respondia com muito critério as perguntas a ele dirigidas,
sempre demonstrando capacidade evolutiva para colocar em ordem as
informações recebidas e bom senso para passá-las adiante.
Discorreu
sobre o útero em laboratório, falou ele sobre como livrar a mulher dos
riscos que sabemos ocorrer na gravidez. Amar não está relacionado à apenas
gerar corpos, ou consanguinidade, pois sabemos que à medida que evoluímos
a noção de família se estende para a sociedade e à Humanidade. Hoje
encontramos o Dr. Yoshinori Kuwabara, diretor do Departamento de
Obstetrícia e Ginecologia da Universidade Juntendo, em Tóquio, realizando
experiências onde são geradas, ainda sem sucesso completo, cabras em
úteros artificiais. Neste mesmo programa Chico prevê a questão dos órgãos
artificiais, hoje já existentes, que promoveriam a possibilidade da
continuidade da vida para pessoas com problemas físicos e atendendo também
a questão da rejeição dos órgãos transplantados.
Outra
citação diz respeito ao Brasil ser no futuro um celeiro energético para o
mundo, o que se confirma quando observamos o pré-sal como promessa de
recursos energéticos, e a agricultura brasileira exportada que atende uma
grande parcela do mundo, ou ainda, segundo informações governamentais, o
Brasil possui na Amazônia, lençóis freáticos com água doce que deverá ser
uma grande necessidade futura, e que poderá atender a população mundial
atual, de sete bilhões de habitantes, por longo tempo.
Em 1971,
no mesmo programa Pinga Fogo, vemos um homem, considerado por muitos um
matuto, revelar fatos ainda ignorados e que só seriam descobertos muitos
anos depois. Disse, na época, que se o homem não promovesse a terceira
guerra mundial, nos próximos cinquenta anos – lembremos que a guerra não é
uma imposição divina, mas uma opção humana – teria a possibilidade de
descobrir novas tecnologias adequadas, construir bases na Lua e em Marte,
que serviriam de pontos avançados de observação, e um novo reduto para a
civilização terrestre, assim como contato com vidas alienígenas. Chico
também informou que para tanto poderíamos utilizar recursos da Lua,
criando usinas de alumínio, vidro e materiais plásticos. Disse ainda que a
água seria extraída do próprio solo lunar, o que se comprovou em 2009
pela NASA, 38 anos depois, anunciando a descoberta de uma
grande quantidade de água na Lua durante um experimento com a sonda
LCROSS que se chocou com o interior da cratera Cabeus. Há bem pouco tempo
a fala de nosso Chico foi endossada, mais uma vez, pela própria NASA,
que prevê a possibilidade de contatos com outras civilizações até 2025.
Já foram catalogados aproximadamente 17 bilhões de planetas, que
segundo a Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço (NASA), e
que existem grandes as chances de haver outras formas de vida no Universo.
Neste
momento em que comemoramos 105 anos de aniversário do nascimento deste
homem que sempre será um grande exemplo de abnegação, inteligência e
humildade, nos recordamos que próximo de seu desencarne, ocorrido em 30 de
junho de 2002, Chico que nunca havia pedido nada a seu mentor, solicita a
Emmanuel que desejaria partir para a pátria espiritual em um dia em que os
brasileiros estivessem muito felizes, e que não sentissem tanto sua
partida. Somente um homem dotado de tão grande amor poderia se preocupar com
a tristeza que poderia causar à nação brasileira, e não consigo mesmo. E
assim foi feito,
Chico desencarnou
no dia em que o Brasil ganhava a copa do mundo de futebol. Muito mais que
saudades, nosso Chico nos deixa o exemplo dos grandes homens, que foram
fortes o suficiente para defenderem a bandeira da paz e da fraternidade,
transformando o mundo com suas mensagens, livros, exemplos e
mediunidade.
Nosso
tributo a essa grande alma, não poderia ser outro a não ser seguir o que
ele mais pregava; que nos amássemos como o Cristo nos amou…
A você
caro Chico todo nosso amor, eterna gratidão e admiração.
Federação Espírita do
Estado de São Paulo
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