quinta-feira, 16 de junho de 2016

Lei das estatais é mutilada na Câmara dos Deputados e volta ao Senado

Fátima Xavier
(*)
Apesar de todos os escândalos de corrupção envolvendo empresas estatais e políticos brasileiros, a Câmara dos Deputados preferiu mutilar, na madrugada de hoje, projeto de lei do Senado Federal que restringia a influência de políticos. O novo texto vai afrouxar ainda mais as regras para as indicações políticas nessas empresas, permitindo que dirigentes partidários e sindicais possam participar da diretoria e dos Conselhos de Administração das estatais, desde que apenas se licenciem dos cargos, o que era proibido na proposta anterior. . Pressionado pelos partidos, o governo concordou em retirar do projeto a quarentena de três anos para dirigentes partidários ocuparem cargos. O projeto volta ao Senado.

O Projeto de Lei do Senado (PLS) nº 4918/2016, era o resultado dos trabalhos de uma comissão mista (formada por senadores e deputados) que foi criada em 2015 para normatizar a atuação das empresas estatais. O relatório final que deu origem ao projeto foi de autoria do deputado Arthur Oliveira Maia (PPS/BA), mas sofreu modificações no plenário e o texto aprovado foi o “substitutivo” do senador Tasso Jereissati (PSDB/CE), que adequava cerca uma centena de emendas de plenário apresentadas por senadores. Na Câmara, a apresentação de inúmeras emendas também aconteceu e coube ao mesmo deputado Arthur Maia, incluir as emendas de plenário apresentadas, agora, pelos deputados.

O projeto cria a “Lei de Responsabilidade das Estatais” mas ficou conhecido como “Lei da Transparência das Estatais”. Dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, sociedade de economia mista e de suas subsidiárias no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. No Senado, tinha o número PLS 555/2015 e foi aprovado no dia 15 de março passado.

CONTAS ABERTAS
Ainda ontem, o secretário-geral da associação Contas Abertas, Gil Castello Branco, disse ao Jornal Nacional (JN), da Rede Globo de Televisão, que “a falta de eficiência das estatais está ligada a três fatores: é muito dinheiro, muita ingerência política e quase nenhuma transparência, esse é o ambiente ideal para a corrupção prosperar”.

As 111 empresas estatais brasileiras empregam um milhão (ou meio milhão?) de pessoas e movimentam por ano R$ 1,4 trilhão. A previsão é de representarem, juntas, investimentos da ordem de R$ 97 bilhões em 2016, mais do que o dobro do governo federal.

Atualmente, é o governo quem indica presidentes, diretores e ocupantes de outros cargos estratégicos das estatais e essas centenas de cargos com altos salários e grande influência política têm sido usadas historicamente para atender aliados em troca dos votos de deputados e senadores. O objetivo do projeto era principalmente criar uma lei de responsabilidade das estatais para dar transparência e cortar a ingerência política nas empresas.

EXPERIÊNCIA
O projeto determinava que as vagas de presidente, diretores e integrantes do conselho administrativo só poderiam ser ocupadas por quem tiver pelo menos dez anos de experiência no setor público em área que tenha relação com o cargo que vai ocupar na estatal, ou quatro anos na iniciativa privada. Ministros e dirigentes de entidades e partidos não poderiam participar do conselho administrativo das estatais.

Segundo o JN, o professor de estratégia empresarial do Insper, Sérgio Lazzarini, considera que restringir nomeações políticas é o caminho para a profissionalização das estatais. Um dos principais pontos positivos do projeto era tentar limitar o apontamento político nas estatais. O Brasil como um todo precisa avançar nessa legislação de combate à corrupção, como está acontecendo com a Lava Jato.

Já o deputado Davidson Magalhães, do PCdoB, ainda segundo o JN, não economizou nas críticas. Por considerar que as empresas públicas têm função social, ele acredita, que se o governo limita e condiciona a atuação da empresa pública apenas à economicidade, ela vira uma empresa privada.

Contas Abertas

(*)Comentário do blog:  o que esse deputado comunista não explicou, e nunca conseguirá explicar, é o que ele quer dizer com função social.
Mas como para bom entendedor meio palavra basta, isto quer dizer que as empresas dois em um, um trabalha e dois olham, servem exatamente para esse fim: EMPREGUISMO !!!  E os trabalhadores da iniciativa privada pagam a conta.(MBF).




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