terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Os diversos enfoques para a expressão Capitalismo Social (3)


Capitalismo VS. Socialismo ou Capitalismo Social

por Miguel Fontes   

Não há como negar o eterno dilema das teorias outrora “modernas” sobre o desenvolvimento socioeconômico de um país. De um lado, o capitalismo de Adam Smith com suas teorias sobre Decisões Racionais, e do outro lado, o socialismo de Karl Marx com suas teorias sobre Conflito de Classe. Aliás, muitos morreram lutando e acreditando fielmente em uma dessas correntes como doutrina quase religiosa. Chegamos ao Século XXI e o que vemos na realidade, é que nenhuma das duas doutrinas isoladamente conseguiu trazer plena harmonia aos povos. 

 A resposta para um desenvolvimento mais pleno dos países parece estar na harmonização das duas teorias e no fortalecimento do conceito de Capitalismo Social. Quando o banqueiro de Bangladesh, Muhammad Yunus, ganhou o prêmio Nobel da Paz de 2006, com suas linhas de financiamento para a baixa renda, o mundo pôde conhecer um pouco mais sobre os benefícios de sistemas capitalistas que incorporam segmentos populacionais mais vulneráveis. O Banco Mundial trabalha para a erradicação da pobreza no mundo para garantir a geração de riqueza econômica para os países. Tenho certeza de que o Banco Mundial não virou uma entidade socialista, muito pelo contrário, pois seus propósitos de livre mercado continuam intactos. Porém, não há como fortalecer sistemas políticos e econômicos sem a inserção de segmentos menos abastados no sistema econômico. 

Uma outra teoria que se encaixa bem na nova corrente de Capitalismo Social é o próprio Marketing Social. Compreendendo as dinâmicas sociais; o preço para a adoção de novos conhecimentos, atitudes e práticas (CAPs); e a melhor distribuição desses CAPs para segmentos da população mais vulneráveis, não há como negar que as teorias de Marketing Social podem ser utilizadas como uma excelente ferramenta de inserção social, garantindo, ao mesmo tempo, a correta gestão dos programas sociais e a geração de riqueza econômica. 
 
Outros termos e conceitos como Responsabilidade Social Empresarial (RSE), Desenvolvimento Sustentável e Investimento Social Privado (ISP), também se encaixam perfeitamente nessa fusão das teorias econômicas clássicas. No caso da RSE, demonstra-se que não há como as empresas privadas progredirem, sem definir estratégias claras em seus planos de negócios sobre a utilização de práticas e interfaces éticas com seus principais stakeholders, em relação ao desenvolvimento humano. Empresas que apenas reforçam a lógica de que o social é problema do governo e o lucro é seu único objetivo, já viram claramente que seus negócios estão fadados ao fracasso quando crises financeiras ocorrem em nível global. Para o desenvolvimento sustentável e ambiental, todos os setores estão sentindo o impacto da falta de compromisso ambiental. O aumento na incidência de doenças respiratórias, a mudança do clima e a falta de água e de outros recursos básicos já são realidade em todos os países do globo. Ou seja, não há mais como fortalecer as relações de mercado e de consumo, sem uma sustentável fonte de geração de riquezas que enfatizem o uso de recursos renováveis. 
 
Finalmente, investimentos sociais privados de empresas, em comunidades com diversas necessidades sociais, se fazem necessários para garantir a força de trabalho e o consumo de gerações futuras. Mesmo levando em consideração que pouquíssimas iniciativas que se intitulam ISP conseguem comprovar sua capacidade de geração de riquezas econômicas e redução das diferenças sociais, o ISP é hoje uma realidade do capitalismo do novo século. 
 
Há outros diversos conceitos e teorias que podem fortalecer ainda mais essa lógica de fusão das clássicas teorias econômicas, como Capital Social, economia solidária, etc. O domínio dessa nova linguagem está se tornando essencial tanto para aqueles que querem trabalhar na iniciativa privada, como aqueles que desejam fortalecer as políticas e bens públicos.
       

* Diretor da John Snow Brasil e PhD em Desenvolvimento de Alianças Público Privadas, Deptº de Saúde Internacional, Johns Hopkins University – SAIS.
Seg, 08 de Junho de 2009 16:20

Comentário do blog:
O primeiro parágrafo do artigo acima diz muito bem das realidades capitalistas e comunistas: nenhuma das duas satisfez.
Depois, o sr. Miguel Fontes cai no lugar comum, qual seja, considerar que basta as empresas privadas mudarem seu foco unicamente do lucro para o ambiente e o social, e com isso gradativamente resolverem o problema dos que nada tem.
Desculpe, mas não é esse o caminho e nem o que entendo por Capitalismo Social.
Enquanto o Estado permanecer um fim em si mesmo,
sugando e sumindo com os recursos extorquidos da sociedade via impostos cada vez mais elevados (sempre foi assim, isso é histórico), nenhuma empresa privada pode assumir isoladamente esta tarefa. Se algumas a estão fazendo, é por interesse próprio e não por bom “caratismo”.
Capitalismo Social é um novo paradigma, um novo Contrato Social, em que todas as partes envolvidas, governo, empresas e trabalhadores, tem que participar – e não apenas as empresas - e participar com uma nova visão.
 E isso não só é possível, como é a melhor saída para o atolador em que o mundo está preso há tantos séculos.

Capitalismo Social, projeto completo: agosto de 2012.

Detalhe: não falta muito para o Poder constituído e a ciência darem o braço à torcer e aceitarem a reencarnação como realidade inconteste. À partir daí muitas coisas hoje incompreensíveis serão entendidas e haverá no mundo outro relacionamento entre os seus habitantes temporários. Entenderão que precisam deixar um legado para si e para os outros quando da volta e não apenas terra arrasada.



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