Tiraram a venda dos olhos da justiça e lhe colocaram um tapa-olho. Resultado: julgamentos políticos. E quando a justiça começa falhar por interferência direta dos atores deste teatro mambembe em que transformaram Brasília, o barco sucumbe à cachoeira.
As cenas explícitas de desagregação do judiciário, patrocinada por seus componentes agora transformados em personagens menores, comprovou a falência do sistema. Indicações políticas dos mandantes de plantão para os mais altos cargos do Poder Judiciário, onde saber jurídico infelizmente foi relegado ao segundo plano - com o beneplácito de um Senado inerte mas sempre cúmplice - tinha que redundar na desagregação do mesmo e por conseguinte na falência do sistema político brasileiro.
Não é de hoje que as indicações políticas que preenchem os 11 postos do STF nos mostram o erro deste modelo, mas também o descaso com o bom senso e o desrespeito manifesto demonstrado pelos atuais governantes com a estrutura que sustenta o Poder, acabaram por trazer à tona a podridão que carcomia as entranhas do mesmo. Estão todos se afogando numa cachoeira de lama.
Bem ou mal o que garantia o barco navegando era o Poder Judiciário, mas ao permitir a prevalência da impunidade, acabou permitindo que seus tripulantes se afogassem nesse lamaçal. Nós passageiros estamos à deriva desde sempre, logo, pouca diferença está fazendo.
Só o caos, infelizmente, mostra às pessoas a realidade à sua volta. Precisamos chegar ao fundo do poço para ver que estávamos nele há muito tempo.
Nunca fomos independentes. A coleira em nosso pescoço tem passado de mãos em mãos; Portugal, Inglaterra, EUA e agora se encontra à disposição para quem garantir o fausto da Corte. Quem será o próximo a nos explorar ? China ?
Ainda estamos numa Monarquia, pois não houve decréscimo de poder com a mudança de nomes, de Rei para Presidente. Assim como o Rei legislava, executava e julgava diretamente, o Presidente o faz através dos seus prepostos. O que mudou foi a forma agressiva mas científica de idiotização da sociedade através do único departamento que não afundou, o de publicidade e propaganda.
Dos males o menor. Podemos debater um novo contrato social amparados na falência do atual, sem que com isto os poderosos de plantão nos acusem de golpe, pois golpeados estamos sendo nós, sociedade, e não é de agora. Outros países fizeram a mudança de regime com banhos de sangue. Nós podemos fazê-la sem interromper nossa normalidade dentro da anormalidade que nos cerca, não obstante as críticas e ameaças que sofreremos do Poder que se afoga e grande parte dele já submerso. Eles não se darão por vencidos nunca, é de praxe. Também nós não podemos e não devemos mais aceitar manter este barco flutuando, à deriva, enquanto quem se afunda somos nós ao sustentá-lo.
Capitalismo Social não é um projeto de remendo ao atual contrato social e sim novo paradigma que procura demonstrar que há opção fora da dicotomia esquerda x direita que nos domina há mais de 150 anos. Precisamos mudar o foco e examinar um novo conceito, mais condizente com o 3º milênio. Tudo evolui e rapidamente. Por que somente o sistema político tem que se aferrar ao passado ? Logo ele que determina nossa qualidade de vida, dignidade e liberdade.
O Poder Judiciário não pode mais ficar à mercê da indicação dos seus membros pelos governantes de plantão e depois se verem compelidos a retribuir ou se dar por impedidos. Em ambos os casos perdem a isenção para julgar com imparcialidade, representada pela venda nos olhos, hoje substituída pelo tapa-olho.
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