por
Sérgio da Costa Ramos
Não
há campanha mais morna e deserta de atmosfera do que esta de 2014. Em dois
quarteirões da Felipe Schmidt, não recebi um único “santinho”. Por paradoxal que possa parecer, é um avanço.
O
eleitor parece mais amadurecido e insuscetível de deixar-se influenciar pelos
mantras dos candidatos. Anos atrás, recebi santinhos repletos de rimas pobres e
ideias idem.
“Pra
melhorar a cidade, vote no Joaquim Andrade.”
“Idoso,
pra melhorar seu auxílio, vote no Abílio.” Ou, “Pra aumentar seu benefício,
vote no Fabrício.”
Não
eram exatamente esses os vocativos, mas frases adaptadas aos perfis locais.
Como seria agora, uma exortação a um voto em Marina Silva:
“Pra
acabar com a propina, vote na Marina”.
Suas
excelências, os candidatos, não sabem mais o que fazer para atrair a atenção do
telespectador ou do pedestre, empanzinado de máximas, slogans, adivinhações,
rimas pobres e ricas, “buttons”, chaveirinhos, isqueiros, canetas e toda
umasortida coleçõa de quinquilharias … tudo isso em meio a um mar de desencanto
com a baixa política.
De
minha parte, gostaria de ver tremulando entre os candidatos uma faixa
depuradora, ainda que de sinceridade duvidosa.
“Vote
num candidato justiceiro, aquele que não mete a mão no baleiro !”
Pois
é disto que se trata. Aliviar o Tesouro do assédio permanente a que se vê
subjugado, com as equipes de assalto requerendo suas “reeleições” no reino das
estatais. Nunca se viu apego maior às cadeiras de espaldar alto do poder. Não
há campanhas “feias”, em que “vale tudo”. “Feio” é perder.
“A
reeleição fez mal ao Brasil”, admite o candidato Aécio Neves (PSDB). A
constatação teria melhor validade se pronunciada por outra boca, posto que o
instituto da reeleição foi obra introduzida na vida brasileira exatamente pelos
tucanos. Dita assim, com esse pecado original, a frase soa como mais uma
manifestação de horror à alternância: reeleição só é boa se é o “nosso” partido
que a usufrui …
Uma
eleição morna é sinal de evolução. Menos jograis e modinhas, mais avaliação e
reflexão. Em países de democracia avançada, o dia da eleição transcorre em
absoluta calmaria e, se em dia útil, nem feriado é.
Vivi
em 3 de novembro em Nova York, dia de eleição presidencial, uma tgerça-feira.
Afora um camelô vendendo buttons numa esquina, nada indicaria ser aquele o dia
em que os americanos optariam entre Bill Clinton e o velho Bush, num país em
que o voto é facultativo.
O
presidente da República deveria ser apenas o funcionário público mais graduado,
e não um Messias nos quais partidos cevados na “boquinha” arriscam todas suas
esperanças de perpetuação no poder.
Quando
este dia chegar, o Brasil estará salvo.
Sérgio
da Costa Ramos
Transcrito
do Diário Catarinense de 13 09 14.
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