por Carlos Newton
Quase 40 anos depois, o título-advertência de Galbraith está cada vez mais atual. Agora é que entramos mesmo na Era da Incerteza, ninguém sabe o que pode acontecer nesse mundo dominado pelo sistema financeiro, em que os países e as pessoas físicas e jurídicas se endividam como nunca, num consumismo desvairado, inconsequente e enlouquecedor.
Neoliberalismo e globalização são meros eufemismos para apelidar o que na verdade funciona como uma ditadura financeira transnacional, que tenta alcançar uma situação verdadeiramente utópica e inviável — a convivência pacífica entre a miséria absoluta e a riqueza total. É óbvio que isso é impossível e representa uma condição de altíssima irresponsabilidade, porque funciona como uma bomba-relógio, que cedo ou tarde irá explodir.
Aliás, já está até explodindo em diferentes países, inclusive do chamado Primeiro Mundo. Aqui no Brasil, as manifestações se repetem, cada vez mais violentas, como se viu sexta-feira em São Paulo, e a aproximação Copa do Mundo funciona como um rastilho de pólvora rumo ao desconhecido.
TODOS ESTÃO ATÔNITOS
Governantes, parlamentares, cientistas políticos, filósofos, jornalistas, sociólogos e intelectuais de todo tipo estão atônitos. As manifestações ocorrem nas mais diversas nações. O ponto em comum é que os jovens exigem uma vida melhor, mas não há nada que se possa oferecer a eles, porque os governos da maioria dos países (com as exceções de praxe) estão curvados à ditadura financeira internacional.
O comunismo fracassou e o capitalismo também permanece injusto e perverso. Sobrou a social-democracia dos países nórdicos, que é uma espécie de meio-termo, com Estados fortes e influentes em países bem resolvidos economicamente, onde não existe abismo profundo entre os maiores e os menores salários, situação que caracteriza o chamado capitalismo selvagem. Sobrou também o que poderíamos classificar como capitalismo de Estado, adotados pela China, Coreia do Sul e Vietnã.
O Brasil vinha desenvolvendo seu próprio modelo de capitalismo de Estado, chegou a ser o país de maior desenvolvimento no século passado, ultrapassando a Alemanha e o Japão, mas os “modernismos” de Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff nos fizeram dar uma bela recuada.
E agora estamos mergulhados na mesma Era da Incerteza que fustiga a maioria das nações. A grande diferença é que o Brasil tem todas as condições de se desenvolver sustentavelmente (recursos minerais abundantes, maior potencial agrícola do mundo, quinto maior país em extensão, sexto em população, e com razoável grau de industrialização).
Só precisa de governantes competentes. Mas onde encontrar algum político confiável? Estamos num deserto de homens e ideias, como dizia o genial Oswaldo Aranha.
Publicado originalmente na Tribuna da Internet dia 15/03/2014
Comentário do blog:
"Sobrou também o que poderíamos classificar como capitalismo de Estado, adotados pela China, Coreia do Sul e Vietnã.
O Brasil vinha desenvolvendo seu próprio modelo de capitalismo de Estado, chegou a ser o país de maior desenvolvimento no século passado, ultrapassando a Alemanha e o Japão, mas os “modernismos” de Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff nos fizeram dar uma bela recuada."
Caro CN.
China. O que a salvou foi abandonar em 1978 o modelo econômico comunista, tudo na mão do Estado.
Coréia do Sul. É economia na mão da iniciativa privada, com recursos públicos.
Brasil. Antigo modelo de capitalismo de Estado. Faliu completamente. Estaríamos pior se tivessemos continuado com um modelo que não deu certo em lugar algum do mundo.
Não temos um modelo econômico definido. Temos sim um Estado como fim em si mesmo, que absorve todos recursos extorquidos via impostos, apenas para se sustentar. O pouco de obras - superfaturadas - que fazem é através de empréstimos e venda de títulos públicos, que hoje em dia são renovados, mais para rolar a dívida do que iniciar novas obras.
Novas obras só existem na propaganda oficial, que torra mais de 5 bilhões por ano para mentir para os desinformados; aqueles que assistem lá de vez em quando os noticiários da TV aberta e depois votam nos candidatos impostos pelos partidos, principalmente naqueles que mais aparecem na telinha, mesmo que seja nas crônicas policiais.
É isto que precisamos enfrentar se quisermos mudar este país.
Um abraço.
Martim.
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