sábado, 6 de dezembro de 2014

A corrupção existia, Dilma e Lula sabiam e a incrementaram

por Carlos Newton

As investigações estão chegando ao final, com base em importantes provas testemunhais e materiais (notas fiscais, contratos etc.). O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já dispõe de informações suficientes para iniciar o processo no Supremo Tribunal Federal, envolvendo cerca de 35 parlamentares e outras autoridades , como ministros e governadores.
Não há a menor dúvida de que o escândalo da Petrobras é muito mais grave do que o mensalão, que levou muita gente à cadeia. E alguns mensaleiros estarão de novo envolvidos, como José Dirceu e José Genoino, como chefe da quadrilha e presidente do PT, respectivamente. Mas desta vez Delúbio Soares deu sorte, porque quem está diretamente envolvido é seu substituto na Tesouraria do PT, o sindicalista José Vaccari Neto.

A CORRUPÇÃO JÁ EXISTIA
Está mais do que comprovado que a corrupção já existia na Petrobras, e isso vem de muito longe, desde o regime militar, pelo menos, quando o ex-presidente da estatal Shigeaki Ueki ficou riquíssimo e se mudou para o Texas, onde tem mais gado e poços de petróleo do que a família Bush.
O que sempre houve era uma corrupção interna, com enriquecimento ilícito de dirigentes da estatal, empreiteiros e fornecedores. Mas o PT inovou e espalhou tentáculos das propinas pela base aliada, para abastecer o projeto definitivo de consolidação do partido no poder, de forma perene.

O DOSSIÊ PETROBRAS
Quando Lula venceu a eleição em 2002, a corrupção estava grassando cada vez mais na Petrobras. Um jornalista investigativo filiado ao partido tinha trabalhado na estatal no setor de Abastecimento, durante o segundo mandato de FHC, e farejara muita corrupção. Um mês antes da posse, entregou um volumoso dossiê ao jornalista Wilson Thimoteo, conhecido como Tom, principal assessor de Lula e figura lendária da resistência à ditadura, que foi exilado na Argentina e no Chile, muito querido e respeitado na imprensa do Rio de Janeiro.
Tom Thimoteo imediatamente entregou cópias do dossiê a Lula (leia-se: José Dirceu, que era quem na verdade comandava o governo eleito) e a Dilma Rousseff, que iria assumir o Ministério de Minas e Energia.
Depois da posse, Tom então mandou que o autor do dossiê se apresentasse na Petrobras ao recém-empossado gerente de Comunicação Institucional , Wilson Santarosa (um sindicalista de São Paulo), para que fosse contratado e seguisse informando o governo sobre as irregularidades na estatal.
Quando o autor do dossiê se apresentou na Petrobras, julgando que iria trabalhar lá, foi recebido na antessala por Santarosa, que o tratou secamente e comunicou que “todas as vagas já estavam preenchidas”. Traduzindo: por motivos óbvios, de forma alguma a nova direção petista da Petrobras iria querer um jornalista investigativo trabalhando na empresa.

PT MONTA O ESQUEMA
O encontro-relâmpago com Santarosa aconteceu numa quinta-feira. No dia seguinte, acompanhado por Carlos Pinto, então chefe da Assessoria de Imprensa da Petrobras, o autor do dossiê foi receber Tom no Aeroporto Santos Dumont. O assessor de Lula tinha consulta marcada com uma médica no Centro da cidade. No caminho, lamentou o comportamento de Santarosa, disse que estava tendo problemas com a Petrobras e iria resolver. Mas não teve tempo de fazer nada, pois já estava sofrendo de leucemia e morreria poucos meses depois, apesar de ter feito transplante de medula óssea.
Sem a presença de Tom para atrapalhar, Santarosa afastou Carlos Pinto da Assessoria de Imprensa e os dirigentes petistas da Petrobras puderam então armar o esquema que agora se transformou no maior escândalo de corrupção do país.
Quanto ao dossiê, certamente o então presidente Lula (leia-se: José Dirceu) e Dilma jogaram suas cópias no lixo. Mas ainda existem algumas, que o jornalista investigativo entregou a pessoas de sua confiança, por temer represálias a ele e à família.

PS – Bem, eu guardei minha cópia do dossiê. Se o juiz federal Sérgio Moro ou o ministro Teori Zavascki quiserem tomar conhecimento de seu conteúdo, terei imenso prazer em lhes entregar, como tributo a meus grandes amigos Tom Thimóteo e Carlos Pinto, que eram homens decentes e idealistas, jamais poderiam imaginar que o PT fosse se transformar nessa organização criminosa que se revela agora.

Carlos Newton - Editor da Tribuna da Internet.
Artigo postado na Tribuna em 05/12/14.

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