Corroborando o que venho afirmando há anos, de que a
corrupção, já em processo de podridão, existente em quase todos países ditos
democráticos, tem suas raízes no acobertamento que os partidos dão para seus “sócios”.
Inicia, que os donos
desses partidos ao selecionar candidatos para os pleitos previstos, escolhem “à
dedo” os que os representarão, sempre à revelia dos filiados, e ao povo só cabe referendar um deles. Mas como
miséria pouca é bobagem, acabamos levando a culpa pelos desmandos praticados
pelos eleitos, pois de acordo com “cientistas políticos”, não sabemos votar. Nos
enganam e ainda por cima nos culpam pelas mazelas do país.
O site/Revista Congresso em Foco do dia 29 de outubro, através do
colunista * Pedro Valls Feu Rosa, nos traz essa reportagem
que bem demonstra os vícios de um sistema apodrecido:
“A frase é de Nelson Rodrigues: “O Brasil é
muito impopular dentro do Brasil”. Assim, tudo que diga respeito à nossa pátria
logo recebe os adjetivos “esculhambado”, “avacalhado” etc. Nosso grande sonho,
acalentado desde a infância, é chegar ao sério “1º Mundo”, no qual tudo
funcionaria melhor.
Fiquei pensando nisso há
poucos dias, quando li que Willie Bean se candidatou à prefeitura de Fairhope
(EUA) – trata-se de um cachorro da raça Labrador. Aliás, ainda sobre eleições,
deu empate na de Cave Creek, também nos EUA. A solução? Decidiu-se a vaga através
de um jogo de baralho! Fiquei pasmo ao ver a fotografia do juiz da cidade
embaralhando as cartas diante dos dois candidatos ao cargo.
Não menos curiosa é a
Constituição do Arkansas (EUA), a qual previa que “nenhuma pessoa idiota ou
maluca pode votar”. Sugeriu-se, recentemente, uma mudança nesta lei, proibindo
que idiotas se candidatem a cargos públicos. Enquanto isso, na Romênia,
os eleitores devem ter achado todos os candidatos idiotas, e decidiram eleger
Neculai Ivascu – um morto!
Na conceituada Coréia do
Sul descobriram 134 servidores públicos pelas ruas distribuindo dinheiro
e presentes a eleitores, buscando a reeleição dos políticos que os contrataram.
No Reino Unido, anunciou-se que os eleitores que comparecessem às eleições
locais seriam premiados com televisores, iPods e até vales para compras de
supermercado. Diante da repercussão na imprensa, o governo inglês defendeu-se
dizendo que a ideia já era utilizada nos EUA, onde são distribuídas até
galinhas para os eleitores. Na Rússia, registrou-se que o partido “Rússia
Unida”, do presidente Putin, estava a distribuir mochilas e até garrafas de
vodca para os eleitores. E nos EUA jornais denunciaram que um dos candidatos a
prefeito de Nova York gastou US$ 85 milhões em sua campanha.
Para completar, na China
os eleitores da cidade de Dingmei foram às ruas protestar contra a falta de
corrupção eleitoral. Em diversas entrevistas, os moradores declararam sempre
ganhar dinheiro e presentes dos candidatos, algo que não aconteceu nas últimas
eleições em função de uma promessa religiosa feita por estes, e que desagradou
a todos.
No sério Japão, os
jornais denunciaram que os membros do Congresso Nacional embolsaram um salário
de R$ 45 mil por apenas dois dias de trabalho no mês de agosto do ano passado.
No México, denunciou-se que os parlamentares apreciaram apenas 2,6% dos
projetos que lhes competiam durante um período legislativo inteiro. Na séria e
conceituada União Européia, um eurodeputado alemão tornou públicas as provas de
que em 7,2 mil casos seus colegas assinaram a lista de presenças logo de manhã
e foram embora para casa, recebendo sem trabalhar.
Na Argentina, uma ONG
levou à justiça o caso de 17 listas de frequência do Congresso Nacional, que
davam como presentes às sessões deputados que estavam em Brasília, Nova York e
até nas Filipinas. No Japão, denunciaram em 2008 que nada menos que 150
parlamentares viajaram para o exterior durante as férias por conta do governo.
E na Índia explodiu o escândalo dos parlamentares que receberam propostas de
venda de votos a troco de R$ 1 milhão.
Diante deste quadro, que
tal olharmos com um pouco mais de carinho e esperança as nossas instituições,
nos situando no mundo com mais justiça? Afinal, e volto a citar Nelson
Rodrigues, “nossa tragédia é que não temos o mínimo de autoestima”.
* Pedro Valls Feu Rosa é
desembargador há 18 anos e atual presidente do Tribunal de Justiça do Espírito
Santo (TJES).
Na Grécia antiga eram os cidadãos, que reunidos em praça
pública, votavam diretamente as regras do jogo. Depois, passaram a admitir
representantes para grupos de cidadãos com pensamento igual. Esses
representantes tinham a defender as idéias de quem os nomeava, mas que no caso,
eram os próprios eleitores. Foi no século 17 que os ingleses, criando partidos,
absorveram os representantes, sendo esses então nomeados pelos partidos e não
mais pelos eleitores.
Acontece que os partidos eram e são dominados por interesses
que dificilmente caminham na mesma direção dos cidadãos. Quanto aos filiados à
determinado partido, os pensamentos só coincidem com os dos donos em partidos
radicais e ideológicos, quando a verdade
deles é a única que existe e prevalece, ao ponto de aniquilarem os contrários,
ou no mínimo, calá-los. Para isso ainda servem os partidos. Dominação. Sem falar, óbvio, da
necessidade de MUITO dinheiro para seu sustento e o de seus donos.
O que o colunista nos expõe é uma triste realidade. Somos
roubados e ridicularizados pelos partidos e seus políticos escolhidos entre
fichas sujas, quanto mais sujas melhor. Toda defesa deles se baseia em que a
democracia não pode funcionar sem ser através das suas quadrilhas. Isto
chama-se sofismar. Uma autentica falácia.
A sociedade precisa debater uma nova estrutura de Poder, mas
para isso não pode contar nem confiar naquilo que chamamos de Congresso
Nacional. Desses 513 deputados e 81 senadores, poucos concordarão em rever
conceitos e disputar eleições sem ser amparados e acobertados por partidos e
financiadores privados, sem contar que os ocupantes do Poder também usam e abusam de dinheiro público para
se auto-promoverem, não só em época de eleições, mas durante todo mandato.
Num novo paradigma, esses atuais “usuários” teriam que
concorrer com quem ostenta currículo e não folha corrida e não mais teriam um
“caminhão” de dinheiro para sustentar suas ridículas e esdrúxulas candidaturas.
Sei e apoio que o site/Revista Congresso em Foco tenha,
juntamente com deputados e senadores eleitos como destaque do ano em enquete promovida
pelo site/Revista, proposto um projeto à que deram o nome de “Projeto
suprapartidário por um novo Brasil”. Aguardarei o anúncio das regras
definitivas para tal projeto, mas antecipo que se ficar na mão dos políticos, é
projeto natimorto.
Um desses políticos já antecipou que vai propor a criação de comissões
para elaborar esse projeto: “Constituiremos grupos técnicos para que
essas propostas sejam apresentadas não individualmente, mas como iniciativa do
grupo.” Cada vez que o Poder Público se propõe a criar comissões para analisar
alguma coisa, é sinal de que tudo ficará como está, quando muito algum retoque
cosmético, anunciado depois com bastante alarde, no mais autêntico engana
trouxa.
Toda e qualquer mudança para valer, terá que começar por eliminar
a intermediação dos partidos políticos e suas “ideologias” regadas à dinheiro,
muito dinheiro. Uma, que não precisamos mais de ideologias, uma mais canhestra
que a outra e que só servem para dividir a sociedade em classes. E outra, que
entramos no século 21 e até hoje os tais partidos continuam atuando mais para
dividir do que para somar. Para somar, as tais bases aliadas – muito mais para enlameadas
- cobram somas exorbitantes e como sempre extorquidas dos cofres públicos.
Ou acabam com essas tramóias legalizadas ou tudo continuará
como está e a iniciativa do Congresso em Foco será mais uma oportunidade
desperdiçada. Seria lamentável.
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