domingo, 4 de março de 2012

Desindustrialização, sinônimo de miséria

por Martim Berto Fuchs

Nosso processo de desindustrialização iniciou à partir de 1976. O choque do petróleo perpetrado pela OPEP em 1973 interrompeu, pelo inesperado, um processo de industrialização que tinha iniciado de forma vigorosa em 1967 e tinha tudo para dar certo, se tivesse tido tempo de amadurecer.
Não que antes de 1967 não houvesse o desenvolvimento da indústria nacional. Apenas, à partir de então, recebeu um substancial apoio e aporte financeiro por parte do governo, através dos Bancos Regionais de Desenvolvimento Econômico. Chegamos a ser a 9º economia do mundo, quando a China estava em 20º lugar.
Enquanto a China, quem sabe pelas dificuldades insuperáveis advindas de um Estado Absolutista com economia estatizada e planejamento centralizado, agricultura idem e uma população passando da casa de 1 bilhão, ao defrontar-se com a encruzilhada de ter que decidir entre matar mais alguns milhões de pessoas, preferencialmente budistas e cristãos, ou deixar morrer de fome como fez a Rússia com os ucranianos em 1932/3, acabou optando por empregar seu povo como escravo de multinacionais, que assim encontraram o paraíso tantas vezes buscado. Nada mais de sindicatos para cobranças cada vez mais abusivas e sim mão de obra abundante e a preço de liquidação. Importante: legalizada. Mais importante ainda: submissa.
Enquanto a China encontrou seu caminho, nós perdemos o nosso. Fizemos o primeiro dever de casa com as privatizações; porém, em vez de vender, as empresas foram doadas para os amigos. Outras, concessionadas de forma bisonha e outras mais de forma criminosa. O resultado para o país, é que de desgoverno em desgoverno, a indústria nacional está em processo final de extinção.
É de se perguntar: - Como pudemos chegar à isso ? A resposta está no sistema político. Nada mais nos pertence. Aquelas empresas ainda nacionais, que se mantém à tona por seus negócios envolverem o governo, estão se endividando de forma suicida. Na primeira estagnação que tivermos de enfrentar, elas não mais honrarão seus compromissos financeiros e aí haverá somente duas opções: ou demitem em massa, ou, transferem seu controle para o exterior, acabando-se de vez a indústria nacional.
Um país como o nosso não sobreviverá da venda de commodities e matérias primas e da importação de produtos acabados para comercialização dentro de um regime democrático pleno. Somente um Estado Absolutista, que é para onde estamos sendo conduzidos pela visão estrábica de nossos “governantes”, conseguirá manter nosso povo no cabresto.
Os resultados já se fazem sentir, onde a média de salário está diminuindo, ao ponto de o governo tentar vender a idéia de que R$ 1.500,00/mês é classe média. No comércio a totalidade, fora os donos, ganham o piso do sindicato, pouco mais do que um salário mínimo. A grande maioria dos aposentados, 27 milhões entre 29, também se encaminham para o salário mínimo.
O lucro das indústrias existentes, quase todas de fora, vai para o exterior e retorna via compra de títulos do governo, que o repassa novamente para as mesmas, via BNDES, para que as mesmas aumentem suas capacidades produtivas, à juros subsidiados.
Nossos sindicatos, se fecharem, ninguém tomará conhecimento, salvo que diminuiria o custo Brasil.
A Justiça Trabalhista trabalha contra o patrimônio público já pelo seu custo, e contra o patrimônio privado ao extorquir os poucos patrões nacionais ainda na luta, seguindo de forma arbitrária uma legislação trabalhista burra e retrógada, que só faz aumentar o número de trabalhadores sem registro, além de contrapor cada vez mais trabalhadores e  empregadores.
E nossos “governantes” ?  Mais preocupados em Comissões da Verdade e comi$$ões outras, controle da mídia e revanchismo contra as FFAA - sem esquecer por um dia sequer de colocar nas folhas de pagamento do setor público todos cabos eleitorais, parentes, amantes e amigos - garantem seus vencimentos integrais, sejam eles quanto forem, mediante o expediente de aumentar impostos e criar novos. Em 1984 recolhíamos 20% do PIB para sustentar o Estado; hoje já nos extorquem 40% e as obrigações básicas do Estado, saúde, educação, segurança e infra-estrutura estão sendo gradativamente repassadas  para as empresas amigas, que nos cobram novamente.
Está na hora de iniciar o processo de reversão desta calamidade anunciada. O país não pode ficar sem indústrias e com tecnologia própria. Nunca é tarde para mudar, desde que se comece. Vamos encarar um novo paradigma, um novo conceito de convivência na sociedade, um novo contrato social, sepultando de vez essa ultrapassada dicotomia de esquerda x direita, onde os dois só fizeram jogar grandes parcelas de seus povos na miséria, quando não em guerras e na própria morte.

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