“Na maioria
das sociedades, as elites tentam preservar o poder, não só mediante o acúmulo
de riquezas, mas também por meio do controle das ideologias dominantes, em
termos tanto do que é dito quanto do que é debatido. Os “silêncios sociais”
servem para preservar as estruturas de
poder, por meio de mecanismos que os participantes não compreendem e muito
menos planejam”.- “O Ouro dos Tolos” – Gillian Tett
Os burgos na Inglaterra surgiram no início do século XI, mas os
burgueses só ocupariam o topo da pirâmide, antes ocupado pelos monarcas, após
1640, 1776, 1789 e, finalmente, com a queda do Império alemão, russo e
austro-húngaro, em 1918.
A servidão forçada acabou, e foi introduzida a servidão livre, isto é,
o cidadão era livre para ganhar a mesma quantia que antes; apenas, se não
trabalhasse 12 horas por dia para receber o suficiente para sobreviver, não
mais podia ser punido. Agora era um homem “livre”, para escolher entre
trabalhar em uma mina de carvão, uma tecelagem, ou ir morrer na guerra.
A substituição da monarquia pelo liberalismo, em termos sociais, pouco
afetou a maioria da população. A maioria continuou pobre.
O que efetivamente mudou o rumo da história foi a liberdade de
empreender, oferecida àqueles que o desejassem e mostravam qualidades para
tanto, liberdade esta antes tolhida pela pouca visão da maioria dos monarcas
hereditários.
No entanto, o que não mudou em nenhum desses países, foi a estrutura de poder. A estrutura herdada
da Monarquia foi adaptada para continuar servindo a elite, elite agora dominada
pela burguesia.
Escreveram a famosa Declaração dos Direitos do Homem, e á repudiaram
na primeira oportunidade, vedando à quem não tinha ascendido à elite, os cargos
de mando.
Assim como na Monarquia, quando o Rei e seu grupo nomeava e preenchia
os principais cargos, nas Repúblicas recém formadas a nova elite também passou
a nomear e preencher os principais cargos.
Introduziram o sufrágio universal, mas nem tão universal assim, pois a
maioria não podia votar e muito menos ser votada.
Mas de qualquer forma, quem impunha os candidatos aceitáveis eram os
detentores do poder, fazendo com que, na prática, a eleição fosse praticamente
uma nomeação, apenas referendada pelos eleitores.
Com a revolta dos outros grupos, ideológicos ou não, que também
queriam ascender ao poder, foram enfim criados os partidos; e cabia, então,
como até hoje, aos donos desses partidos impor cada um seus candidatos. O
partido que ganhava, indicava os integrantes para os cargos disponíveis.
No Brasil, particularmente, à cada nova eleição mais cargos foram
criados, pois os ocupantes anteriores, através de estratagemas que eles
legalizavam através de “leis”, permaneceram nas folhas de pagamento.
Temos há décadas um país economicamente inviável, porque o dinheiro
dos impostos serve tão somente para honrar as folhas de pagamento do setor
público, fazer publicidade das suas intenções e atender as “demandas” dos
“sócios do erário”. Os empréstimos conseguidos, que ajudam a manter a estrutura de poder, não se pagam, são
rolados. Nem mais os juros são pagos. Emitem-se títulos da dívida pública para
também transferi-los para mais adiante. Ninguém sabe quando serão efetivamente
pagos, se é que algum dia o serão.
De Rei para Presidente, de Conde para Governador, de Prior para Prefeito,
a população e os empresários continuam sendo extorquidos. Antes para manter a
Corte. Agora para manter o Estado, superdimensionado e criminosamente
perdulário.
Mudar para nada mudar.
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