quarta-feira, 27 de abril de 2016

Um boi para entrar, uma manada para não sair

Martim Berto Fuchs

O boi ele paga, a manada pagamos nós. Dificilmente alguém algum dia poderá mensurar o custo para o país da luta dos sindicalistas pelegos para não desgarrar das tetas do Tesouro Nacional. Frise-se que não é somente  Lula e sua gerente Dilma, mas são milhares de boquinhas que vão ter que procurar trabalho para subsistir, não obstante que devem ter uma boa reserva na poupança, considerando o tanto que o cofre da república foi “visitado”.

E não é apenas o valor que eles estão pagando em dinheiro pelos votos dos políticos venais, subornáveis por qualquer dos lados em disputa, mas some-se os gastos em mídia, manifestações, ônibus fretados, pão, mortadela, mais dinheiro para a Embrafilme, viagens ao exterior para dar entrevistas e tudo mais que se possa imaginar, para colocar a opinião pública contra o impeachment.

Para um país que já vinha devagar quase parando, refém de uma política heterodoxa suicida, própria de economistas irresponsáveis e políticos ignorantes ou mal intencionados, soma-se o abandono dos cargos pelos seus titulares, que passaram a cuidar apenas de sua sobrevida política, o que fez com que o país parasse. Desnecessário dizer que o desemprego aumenta diariamente, junto com o desespero das famílias.

Mas ... como sempre tem um mas, esta moeda tem dois lados, cunhada que foi em 1943 pelo ditador Getúlio Vargas para comprar, monitorar e dominar as corporações do trabalho e as corporações patronais, que passaram à se reportar diretamente ao Ministério do Trabalho e suas queixas encaminhadas para serem julgadas pela Justiça do Trabalho, então subordinada ao mesmo Ministério.

Se os sindicatos do trabalho passaram a ser apêndices do governante de plantão, o mesmo se pode dizer dos sindicatos patronais, através das suas Federações e Confederações.

Portanto, não causa espanto que no 2º reinado de dona Dilma, ela tenha entregue o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior para o presidente da Confederação Nacional da Indústria, Sr. Armando Monteiro, cujo currículo está mais para prontuário. Faz sentido. Iguais se atraem.

No ministério desde 01/12/2014, parece que esqueceu que tinha vindo da principal Confederação do país, e para com ela, teoricamente, teria compromisso de lealdade, respeito, e defesa de seus interesses. Os sindicalistas pelegos podem ser acusados de muita coisa, mas não de esquecer seus parceiros, pelo contrário, pois brigam por eles mesmo contra os interesses do país.

No entanto, o representante dos empresários e automaticamente das suas empresas e empregados, assistiu passivamente a débâcle do país, sem vir à público denunciar o caos que se avizinhava caso as regras da economia não fossem mudadas. Isto era o mínimo que lhe cabia fazer. Mas não, continua lá no ministério de um governo que já acabou e que pode levar o país para uma situação de difícil recuperação.

E os presidentes das 27 Federações das Indústrias onde estão enfiados, que não se lê nem vê uma reação à altura, salvo alguns arroubos do Sr. Jaci Skaf da FIESP, que já está na política partidária e quer aparecer ?

Culpo a esquerda pelo colapso da economia brasileira, que se iniciou com a saída do Sr. Henrique Meirelles da presidência do Banco Central e a entrega do mesmo para os “desenvolvimentistas heterodoxos”, orientados pela inacreditável incompetência do poste fincado na presidência da república pelo chefe da quadrilha, senhor Luiz Inácio.

Mas e os defensores da iniciativa privada, onde estavam e estão ? Já fazem alguns anos que Meirelles foi enganado pelos petistas e depois saído do Banco Central. Portanto, deu tempo mais do que suficiente para que os empresários se manifestassem, até ruidosamente, como fazem os sindicalistas pelegos cada vez que pretendem lhes tirar o pão com mortadela.

Se os dirigentes das Associações Empresariais, das Federações e das Confederações não representam condignamente seus filiados, quem os representará ? Os políticos ? Tem dó. Esses só representam a si mesmos e a seus patrões, os donos dos partidos políticos.

Não bastasse isso, a turma de políticos que está perdendo suas mamatas, irresponsáveis como sempre foram, resolveram se unir e antecipar a insolvência do país, tentando amarrar ao “poste” que está sendo arrancado tardiamente do Palácio do Planalto, o quase Presidente Temer, e jogá-lo junto no lixo da história, marcando novas eleições para o mês de outubro do corrente ano.

E agora ? O que vocês representantes dos empresários desesperados vão fazer para defender seus filiados ? Vão usar as anuidade que recebem dos filiados apenas para manter suas mordomias, enquanto confraternizam com esses políticos desqualificados ?

Lembrem-se !!! As empresas privadas não tem o Tesouro Nacional por trás para mantê-las solventes, independente do seu resultado operacional. E se entrarem em bancos para buscar recursos para suas folhas de pagamento, estarão irremediavelmente perdidas.

Relembrem as crises de 1964, 1976, 1982, 1992, 1997, 2008. Quantas empresas fecharam as portas por culpa dos descalabros dos nossos governantes ? MILHARES !!! E agora, mais uma vez, passivamente, vocês assistirão esse filme ?

Se for assim, por favor, pelo menos apaguem das páginas da CNI o seu lema, que já é um escárnio:  


“Representando, promovendo e defendendo a indústria brasileira”.


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