por Sebastião Nery
Era cabo do Palácio Bandeirantes, sede do governo paulista, quando Ademar era governador. Todo fim de mês, de manhã cedo, recebia um envelope fino, fechado, muito bem fechado, para entregar a um senhor gordo e estranho nos subúrbios da capital. E trazia de volta, mandado pelo senhor estranho e gordo, um pacote grosso, fechado, bem fechado.
Um mês, dois meses, seis meses, todo dia 30, de manhã cedo, bem cedo, o cabo levando o envelope fino e trazendo o pacote grosso. Morria de curiosidade, mas não tocava o dedo. Estava ali cumprindo seu dever. E o segredo era o preço primeiro do dever.
O CABO
Um dia, o cabo não se conteve. Abriu pela ponta, discretamente, o pacote grosso. Era dinheiro, muito dinheiro. Tudo nota de mil. Resistiu à tentação, entregou o pacote inteiro, intocado. No mês seguinte, dia 30, deram-lhe de novo o envelope fino. Abriu. Era um cartão, escrito à mão: – “50 contos no bicho que der.”
O cabo não resistiu. Pegou uma caneta num botequim, emendou: – “50 contos no bicho que der. Aliás, 55”.
Nunca mais lhe deram o envelope fino e muito menos o pacote grosso. Foi demitido.
PT SEM ENVELOPE
Bons tempos aqueles em que a corrupção ia de envelope fino e voltava de pacote grosso. O caixa das maracutaias era desovado no jogo do bicho. Depois que o PT inventou o “Presidencialismo de Corrupção”, criado por Lula e ampliado por Dilma, a rota das negociatas passa pelos cofres insaciáveis das empreiteiras, é garantido pelos gorduchos favores do BNDES e sangra as gavetas amanteigadas do Tesouro Nacional.
Lula chegou como o guerreiro dos sindicatos, Dilma como a Mãe do PAC. Em dez anos os dois tiraram a máscara. O guerreiro virou um lobista de negócios dos ditadores africanos e de Cuba.E o PAC da Dilma empacou. O “Presidencialismo de Corrupção” é a maior fonte de negociatas do pais. Nunca houve coisa igual, nem no Império ou na Republica Velha.
Corrupção sempre houve. O Poder é uma instituição voraz. Mas nos níveis em que o PT a instalou, aberta, escancarada, escrachada, jamais houve igual.
PÂNTANO
A desculpa é que a “Base Aliada” é insaciável, que quase 30 partidecos são incontroláveis, que com mais de 30 ministérios ninguém administra. Ora, quem alimenta, engorda, sova esta máquina infernal? . Era Lula, hoje é Dilma. Os dois são a alma do PT.Vivem dele. Sangue do sangue. Chegou a campanha eleitoral, o PT saltou no pântano. Vale tudo. São os “blogs de assalto”, os “colunistas de aluguel”. É a guerra suja. E o palácio do Planalto comprando tudo com dinheiro público.
Já não bastam os asquerosos convescotes vespertinos em que a presidente da República distribui dinheiro e cargos aos partidos como banana a macacos. E Lula diz a Dilma, debochando, que senadores e deputados “não se dão ao respeito”.
NOTÍCIA BOA
Sinto até constrangimento de misturar uma informação decente com um pântano podre como essa campanha eleitoral do PT. Mas ainda bem que nem tudo está perdido e há homens públicos cumprindo seu dever. Amanhã, dia 4 de junho, toma posse a nova diretoria, recém-eleita, da AJUFE (Associação dos Juizes Federais). Será comandada por dois jovens, experientes e provados magistrados: Antonio Cesar Bochenek, do Paraná, e André Thobias Granja, de Alagoas. Parabéns e sucesso.
NINGUÉM ME CONTOU
Não digam meus leitores que estou amargo, por causa dessas notas aí em cima. Estou é chocado com o massacre que o PT está fazendo no país. Quanto a mim, muito pelo contrario. Depois do sucesso que foi, na semana passada, o lançamento, no Rio, de meu novo livro “Ninguém me Contou, Eu Vi” (Editora Geração), foi a vez de assinar dezenas de exemplares em São Paulo na “Livraria Cultura” do Conjunto Nacional. Um reencontro com meus queridos companheiros de São Paulo, em cuja imprensa (jornais e televisões) escrevo desde 1975. Garanto o novo filho. Leiam. É tão bom quanto “A Nuvem”.
Transcrito da Tribuna da Internet de 03 06 2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário