por Carlos Chagas
As preliminares das eleições de outubro vão apontando para uma conclusão que não é nova, mas acentua-se cada vez mais: com siglas diferentes, todos os partidos significam a mesma coisa. Nada. No caso, a ausência completa de doutrinas e ideologias. A falta de identidade própria, nivelados todos pelo personalismo de seus caciques, sem uma característica sequer que os diferencie, exceção das letras compondo suas legendas. Senão vejamos.
O PT, Partido do Trabalhador, que propostas apresenta em condições de diferenciá-lo dos outros? Nem participação dos empregados no lucro das empresas nem cogestão, objetivos que seriam naturais numa agremiação criada para cuidar preferencialmente do operário e do camponês. Transformaram-se, os companheiros, em assistencialistas, esquecendo-se dos propósitos de sua fundação. Preferem, quase sempre às cotoveladas, perseguir o poder e valer-se de suas benesses, ocupando cargos variados nas estruturas do Estado. Sem esquecer os que se dedicam a negócios escusos em busca de armações para fazê-los viver de renda, sem trabalhar.
O PSB, Partido Socialista Brasileiro, em nada difere, pois também mandou para o espaço sua denominação. Por que socialista? Prega a socialização dos meios de produção? Que diretrizes propõe para fortalecer o poder público e implantar a estatização ou nacionalização de atividades fundamentais? Afastou a sombra daquilo que um dia se constituiu em sua meta essencial, a construção do socialismo e a morte do liberalismo.
Pior fica o PC do B, que se no passado imaginou tornar-se partido único, expressão da ditadura do proletariado, conforma-se hoje em ser apêndice desimportante e cópia esmaecida das grandes legendas. Migalhas do poder bastam para sustentá-lo. Vale o mesmo para o PPS, só que na oposição, à espera de sua vez. Nem a de nominação “comunista” seus dirigentes tiveram coragem de preservar.
Quanto ao PSDB, conservou o quê da social-democracia inspiradora de sua fundação? Faz muito que aderiu às privatizações desmedidas, à alienação do patrimônio público e ao trabalho de desfigurar na Constituição os direitos sociais que deveria preservar, no mínimo por coerência com o nome adotado.
Do PTB e do PDT, nada além de uma ilusão. A igualdade social que os inspirou morreu com Leonel Brizola, num caso, tendo sido antes sacrificada, no outro, em nome do fisiologismo. Nem vale à pena prosseguir na análise dos outros partidos menores, tantos que as letras se confundem tanto quanto o vazio de seus conteúdos. O PP nunca foi popular, o PR jamais imaginou-se republicano.
Assim, pode-se concluir por um denominador comum que nivela todos os partidos pela ausência de ideários e de objetivos para diferenciá-los e dar às suas bases razões para existir, à exceção de empregos públicos e alguns negócios.
Ah! Ia faltando um que exprime mais do que os outros a pasmaceira geral: o PMDB. Antes uma frente formada para derrubar a ditadura, com a volta à democracia foi o primeiro a perder a personalidade. Nem candidato tem à presidência da República, apesar de possuir o maior número de diretórios municipais em todo o país. Também, importa pouco, porque os partidos que se preparam para disputar o palácio do Planalto poderiam facilmente embaralhar seus candidatos e ninguém notaria a diferença. Seria a mesma coisa se Dilma disputasse pelo PSDB, Aécio pelo PSB e Eduardo Campos pelo PT. Ficaria tudo na mesma…
Transcrito da Tribuna da Internet de 09 de junho de 2014.
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