Martim Berto Fuchs
Nossas
elites continuam inconformadas, desde que em 13 de maio de 1888 foi sancionada
a Lei Imperial n.º 3.353, mais conhecida por Lei Áurea, extinguindo a
escravidão.
Já tenho
demonstrado em diversos artigos aqui postados, minha incompreensão com a
atuação das Associações C.I. municipais, com as Federações estaduais e as
Confederações nacionais, que teoricamente deveriam representar os interesses
das empresas nacionais. Digo teoricamente, pois na prática seus dirigentes
representam apenas seus interesses particulares e os do seu seleto grupo na
Côrte da nossa Monarquia Republicana, ou, República Monárquica.
Esta
semana estiveram reunidos na CNI-Confederação Nacional da Indústria, nossos
pseudos líderes industriais, na presença do Presidente interino Michael Temer,
para debates sobre o momento presente brasileiro e as medidas que devem ser
tomadas para colocar o país novamente na trilha do desenvolvimento.
Após a
reunião, eis que o presidente da CNI, senhor Robson Braga de Andrade, em
entrevista coletiva a imprensa, declarou que deveríamos seguir o exemplo da
França - o mais socialista dos países europeus -, que à revelia do Congresso
estava adotando a semana de trabalho de 80 horas. Voltou atrás e disse que
havia se enganado, afirmando que quis dizer 60 horas. Mais um tempo, e a CNI
divulgou nota dizendo que seu presidente:
“JAMAIS
defendeu o aumento da jornada de trabalho brasileira, limitada pela
Constituição Federal em 44 horas semanais”.
Na nota,
a entidade afirmou que tem “profundo respeito pelos trabalhadores brasileiros e
pelos direitos constitucionais”, descritos no texto como “símbolo máximo das
conquistas sociais da nossa sociedade.”
Nossas “elites” sempre foram consideradas expertas por conseguirem se manter no topo da pirâmide social brasileira, independente das crises que elas mesmo forjam. Paralelamente, milhares de outros empresários desaparecem do cenário econômico, por culpa dos seus “representantes”. Na verdade, o que elas conseguem demonstrar é sua incomensurável burrice.
Nossos grandes “empresários”, uma parte da nossa Côrte, considerados de direita e por analogia “defensores” do Estado mínimo, continuam mostrando sua verdadeira face ao manter seus feudos no setor público, seja nos Ministérios, nas Secretarias, nas autarquias ou nas empresas ditas estatais, sendo portanto co-responsáveis, juntamente com os políticos que ajudam a eleger, pelo caos que atravessamos.
Desde o
Império acostumados a solucionar a falta de espaço nos enxutos organogramas de
suas empresas, para todos seus filhos legítimos e demais, com o indecoroso
expediente de “empregá-los” no setor público, os empresários da Côrte continuam
até hoje exercendo essa “prerrogativa”, que vem à ser a causa primeira e da
qual decorrem todas as outras (corrupção, roubo e desperdício da arrecadação
pública), da eterna falta de recursos dos nossos Governos.
Os maganos que “administram” o país concordaram entre si com um déficit nas receitas públicas de R$ 170 bilhões para este ano. Para o ano que vem, projetam R$ 139 bilhões. Como acham que isto pode prejudicá-los junto aos organismos internacionais– prejudicar a eles, pois o “resto” não importa -, vão aumentar impostos e obrigar os TRABALHADORES a mais 16 horas semanais de trabalho, para que também estes contribuam com o “patriótico esforço pela recuperação”.
Um cálculo simples
- Setor
público. Desde que o Estado teve que absorver os inúteis de D.João VI, chegamos
hoje a 11 milhões de pessoas apenas na ativa - sem contar os que já se
aposentaram -, empregadas nas suas diversas folhas de pagamento. Destas, caso
aceitassem um levantamento honesto, seria facilmente demonstrado que a metade, no mínimo, não tem trabalho. Sem contar
que aqueles que trabalham não chegam sequer as 44 horas semanais que os
TRABALHADORES da iniciativa privada são obrigados a cumprir. Isto significa,
por baixo, só em salários, sem contar a despesa que automaticamente geram, um desembolso de R$
264 bilhões/ano para os cofres públicos.
1 - O
governo para conseguir recursos e manter a máquina em precário funcionamento,
paga juros de 14,25% a.a., sobre uma dívida pública que já está na faixa de 2,9
trilhões de reais. Isto significa só de juros - raramente pagos integralmente –
R$ 413,25 bi/ano.
Total absurdo.
2 – O
PT, apoiado pelos seus inexpressivos penduricalhos da esquerda, mas tendo como principal
parceiro o PMDB que indicou o Vice na chapa, para ganhar a eleição esconderam
esses números dos eleitores, não se importando com o rombo que se estava
criando. Na época, final de 2013, tínhamos 5,5 milhões de desempregados da iniciativa privada.
Agora, meados de 2016, temos 11milhões.
3 – O cálculo
que faço é muito simples e de justiça. Se permitiram de plena consciência o
desemprego de MAIS 5,5 milhões de TRABALHADORES neste curto período de tempo, em
função do descontrole das contas públicas, chegando ao cúmulo de entrar no
vermelho em R$
170 bi neste ano, isto sem pagar juros e muito menos o principal da
dívida, por que não demitiram 5,5
milhões de inúteis do setor público e pouparam R$ 264 bi só neste ano ? Qual o
merecimento dos inúteis constantes das folhas de pagamento dos setor público em
relação aos TRABALHADORES da iniciativa privada ?
4.1 – Tivessem
tomado esta iniciativa em 2013, ou a qualquer momento, que é a principal medida para reverter rapidamente esta situação caótica, e
hoje estaríamos pagando juros não superiores a 5% a.a..
4.2 – Não
teríamos 11 milhões de desempregados mesmo contando com os 5,5 milhões demitidos
do setor público.
4.3 – O PIB
estaria crescendo a pelo menos 5% a.a., absorvendo os desempregados do setor
público; pelo menos aqueles que aceitam trabalhar.
Justiça social
O Brasil
jamais encontrará seu caminho
enquanto as corporações patronais
getulianas,
comandadas por apátridas do tipo Robson Braga de Andrade (CNI), que tem agora o concurso das corporações laborais
getulianas comandadas pelos pelegos da
CUT, braço sindical do PT e dos partidos de esquerda, imporem, à revelia da sociedade, as regras para o nosso Contrato
Social.
Não nos enganemos. Desde Getúlio Vargas que essas duas corporações, patronal e laboral, lutam entre si, mas são o calcanhar de Aquiles da nossa democracia e da República até hoje não concretizada. Se não bastasse trabalharem de costas para a sociedade, uniram a fome com a vontade de comer, ambos entulhando o setor público com suas grandes famílias: cabos eleitorais, parentes, amantes e amigos.
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