quinta-feira, 7 de julho de 2016

O clã de Ricardo Barros quer conquistar o Paraná

Euclides Lucas Garcia

Objetivo da família é expandir o poder do grupo de Maringá para todo o estado. Eleições deste ano são parte do plano para fazer Cida Borghetti governadora a partir de 2019

Dias, Requião, Richa. O seleto rol de famílias que se revezam no comando da política paranaense há décadas pode receber intrusos num futuro próximo. Vindo de Maringá, o clã Barros se articula para fazer de Cida Borghetti a primeira governadora eleita no estado, no pleito de 2018. Para isso, o grupo se entranhou no secretariado de Beto Richa desde 2011, trabalha para eleger prefeitos e vereadores em grande quantidade neste ano e, de quebra, conta com poderes e a influência de um ministro. Líder da família e de um extenso leque de aliados, Ricardo Barros é dos políticos que jamais saem perdendo – para o bem ou para o mal. E sair com uma derrota daqui a dois anos não parece estar na sua lista de possibilidades.

Fisiológico na visão dos adversários e habilidoso segundo os aliados, Ricardo transita com desenvoltura em praticamente todos os partidos. Como deputado federal, por exemplo, foi líder do governo FHC e vice-líder de Lula e Dilma na Câmara. Mais recentemente, em meio ao processo de impeachment da presidente afastada, dormiu como ministro da Saúde de Dilma e acordou no mesmo posto, mas na gestão Michel Temer.

“Até que dispute e ganhe a Presidência, o PP será base de governo. Nossa missão é consolidar o presidencialismo de coalizão, diante da regra atual do jogo político no Brasil”, justifica. O irmão e prefeito de Maringá por duas vezes, Silvio Barros, diz que ele tem habilidade em buscar o que é legítimo para a sociedade que o elegeu e não se envergonha disso. “Na oposição, o Ricardo teria muito mais dificuldades de conseguir recursos para a nossa região. Basta ver que Maringá sempre está, proporcionalmente, entre os primeiros municípios do país em recebimento de verba federal.”

A estratégia, porém, é classificada de “velha política” por adversários. Para eles, a tática de “fazer qualquer negócio, com qualquer legenda” não passa de uma busca insaciável por poder. “O Ricardo é um homem que não tem amigos, mas aliados. As pessoas para ele são extremamente descartáveis, na medida em que deixam de lhe ser úteis politicamente”, afirma um ex-companheiro de campanhas.

Dando de ombros para ataques como esse, Ricardo aposta, desde já, em emplacar a maior coligação na disputa pelo governo do estado em 2018. Hoje na vice, Cida deve herdar a chefia do Executivo por nove meses quando Beto Richa renunciar para disputar o Senado, em abril daquele ano.

“Neste novo momento eleitoral, no qual os recursos de campanha estarão escassos, quem tiver a estrutura [da máquina pública nas mãos] terá muita vantagem”, prevê Ricardo.
Até lá, o PP, que ele comanda há anos no estado, pretende ter grandes prefeituras do estado sob o seu controle, entre elas Maringá, com Silvio, e Curitiba, com a deputada estadual Maria Victoria – filha de Ricardo e Cida, com apenas 24 anos. “Ela é até mais preparada que nós. Rodou o estado desde pequena, conhece essa vida”, defende a mãe. Questionada se Ricardo é quem governará de fato caso ela e Cida sejam eleitas, a parlamentar rebate: “eles participam do meu mandato menos do que eu gostaria. As decisões finais sempre são minhas”.

Não é o que afirmam adversários que conhecem de perto o estilo de Ricardo. “Maquiavel diz que é preferível a um líder ser temido do que ser amado. E o Ricardo é temido. Nada acontece em Maringá sem o conhecimento e o aval dele. Deveriam botar uma placa na entrada da cidade: ‘Fazenda Barros’”, diz um deles. Derrotado nas duas últimas eleições para prefeito da cidade e um dos raros adversários abertos do clã Barros, o deputado federal pelo PT Enio Verri reconhece o tino de Ricardo para fechar alianças. “Com o acúmulo de forças que ele construiu aqui, acabou criando na cidade uma relação de subordinação sobre os outros partidos.”

Confrontado com análises como essa, Ricardo diz não se considerar mais ou menos habilidoso que outros políticos. Coloca-se apenas como um sobrevivente, que sabe o momento de avançar e recuar. Indagado se o poder o inebria, o ministro da Saúde diz que segue na vida pública porque tem o trabalho reconhecido pela população – ele exerce mandatos eletivos desde 1989 e está hoje no ponto mais alto da carreira. O segredo: “nossa palavra é o nosso patrimônio. Tudo o que combinamos, cumprimos. Por isso nos relacionamos bem com um amplo espectro de alianças”.
“Não importa o que ele promete, ele entrega − entenda como quiser. Podemos incluir aí fazer a Cida governadora. Resta saber se os paranaenses querem ver o coronelismo instalado no estado”, alfineta um adversário.

Gazeta do Povo


Comentário do blog:  estamos no fundo do poço por culpa do sistema político. Este aí, plenamente demonstrado acima. Famílias de mafiosos, grupos de mafiosos, se apoderam do Estado, com o nosso beneplácito. Somos cúmplices e vítimas.(MBF).


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