Euclides Lucas Garcia
Objetivo da família é expandir o
poder do grupo de Maringá para todo o estado. Eleições deste ano são parte do
plano para fazer Cida Borghetti governadora a partir de 2019
Dias,
Requião, Richa. O seleto rol de famílias que se revezam no comando da política
paranaense há décadas pode receber intrusos num futuro próximo. Vindo de
Maringá, o clã Barros se articula para fazer de Cida Borghetti a primeira
governadora eleita no estado, no pleito de 2018. Para isso, o grupo se
entranhou no secretariado de Beto Richa desde 2011, trabalha para eleger
prefeitos e vereadores em grande quantidade neste ano e, de quebra, conta com
poderes e a influência de um ministro. Líder da família e de um extenso leque
de aliados, Ricardo Barros é dos políticos que jamais saem perdendo – para o
bem ou para o mal. E sair com uma derrota daqui a dois anos não parece estar na
sua lista de possibilidades.
Fisiológico
na visão dos adversários e habilidoso segundo os aliados, Ricardo transita com
desenvoltura em praticamente todos os partidos. Como deputado federal, por
exemplo, foi líder do governo FHC e vice-líder de Lula e Dilma na Câmara. Mais
recentemente, em meio ao processo de impeachment da presidente afastada, dormiu
como ministro da Saúde de Dilma e acordou no mesmo posto, mas na gestão Michel
Temer.
“Até que
dispute e ganhe a Presidência, o PP será base de governo. Nossa missão é
consolidar o presidencialismo de coalizão, diante da regra atual do jogo político
no Brasil”, justifica. O irmão e prefeito de Maringá por duas vezes, Silvio
Barros, diz que ele tem habilidade em buscar o que é legítimo para a sociedade
que o elegeu e não se envergonha disso. “Na oposição, o Ricardo teria muito
mais dificuldades de conseguir recursos para a nossa região. Basta ver que
Maringá sempre está, proporcionalmente, entre os primeiros municípios do país
em recebimento de verba federal.”
A
estratégia, porém, é classificada de “velha política” por adversários. Para
eles, a tática de “fazer qualquer negócio, com qualquer legenda” não passa de
uma busca insaciável por poder. “O Ricardo é um homem que não tem amigos, mas
aliados. As pessoas para ele são extremamente descartáveis, na medida em que
deixam de lhe ser úteis politicamente”, afirma um ex-companheiro de campanhas.
Dando de
ombros para ataques como esse, Ricardo aposta, desde já, em emplacar a maior
coligação na disputa pelo governo do estado em 2018. Hoje na vice, Cida deve
herdar a chefia do Executivo por nove meses quando Beto Richa renunciar para
disputar o Senado, em abril daquele ano.
“Neste
novo momento eleitoral, no qual os recursos de campanha estarão escassos, quem
tiver a estrutura [da máquina pública nas mãos] terá muita vantagem”, prevê
Ricardo.
Até lá,
o PP, que ele comanda há anos no estado, pretende ter grandes prefeituras do
estado sob o seu controle, entre elas Maringá, com Silvio, e Curitiba, com
a deputada estadual Maria Victoria – filha de Ricardo e Cida, com apenas 24
anos. “Ela é até mais preparada que nós. Rodou o estado desde pequena, conhece
essa vida”, defende a mãe. Questionada se Ricardo é quem governará de fato caso
ela e Cida sejam eleitas, a parlamentar rebate: “eles participam do meu mandato
menos do que eu gostaria. As decisões finais sempre são minhas”.
Não é o
que afirmam adversários que conhecem de perto o estilo de Ricardo. “Maquiavel
diz que é preferível a um líder ser temido do que ser amado. E o Ricardo é
temido. Nada acontece em Maringá sem o conhecimento e o aval dele. Deveriam botar
uma placa na entrada da cidade: ‘Fazenda Barros’”, diz um deles. Derrotado nas
duas últimas eleições para prefeito da cidade e um dos raros adversários
abertos do clã Barros, o deputado federal pelo PT Enio Verri reconhece o tino
de Ricardo para fechar alianças. “Com o acúmulo de forças que ele construiu
aqui, acabou criando na cidade uma relação de subordinação sobre os outros
partidos.”
Confrontado
com análises como essa, Ricardo diz não se considerar mais ou menos habilidoso
que outros políticos. Coloca-se apenas como um sobrevivente, que sabe o momento
de avançar e recuar. Indagado se o poder o inebria, o ministro da Saúde diz que
segue na vida pública porque tem o trabalho reconhecido pela população – ele
exerce mandatos eletivos desde 1989 e está hoje no ponto mais alto da carreira.
O segredo: “nossa palavra é o nosso patrimônio. Tudo o que combinamos,
cumprimos. Por isso nos relacionamos bem com um amplo espectro de alianças”.
“Não
importa o que ele promete, ele entrega − entenda como quiser. Podemos incluir
aí fazer a Cida governadora. Resta saber se os paranaenses querem ver o
coronelismo instalado no estado”, alfineta um adversário.
Gazeta do Povo
Comentário
do blog: estamos
no fundo do poço por culpa do sistema político. Este aí, plenamente demonstrado
acima. Famílias de mafiosos, grupos de mafiosos, se apoderam do Estado, com o
nosso beneplácito. Somos cúmplices e vítimas.(MBF).
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