Sylvain Timsit
Noam
Chomsky é um linguista, filósofo, cientista cognitivo, comentarista e
ativista político norte-americano, reverenciado em âmbito acadêmico como o
pai da linguística moderna, também é uma das mais renomadas figuras no
campo da filosofia analítica.
“Em um estado totalitário não se
importa com o que as pessoas pensam, desde que o governo possa controlá-la pela
força usando cassetetes.
Mas quando você não pode controlar
as pessoas pela força, você tem que controlar o que as pessoas pensam, e a
maneira típica de fazer isso é através da propaganda (fabricação de
consentimento, criação de ilusões necessárias), marginalizando o público em
geral ou reduzindo-a a alguma forma de apatia ” (Chomsky, N., 1993)
1. A Estratégia da Distração
O
elemento primordial do controle social é a estratégia da distração, que consiste
em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças
decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio,
ou inundação de contínuas distrações e de informações insignificantes.
A
estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir o público de
interessar-se por conhecimentos essenciais, nas áreas da ciência, economia,
psicologia, neurobiologia e cibernética.
“Manter
a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada
por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado,
sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais“
2. Criar problemas e depois
oferecer soluções
Este
método também é chamado “problema-reação-solução“. Se cria um problema,
uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este
seja o mandante das medidas que se deseja aceitar.
Por
exemplo: Deixar que se desenvolva ou que se intensifique a violência
urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o
mandante de leis de segurança e políticas desfavoráveis à liberdade.
Ou
também: Criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal
necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços
públicos. (qualquer semelhança com a atual situação do Brasil não é mera
coincidência).
3. A estratégia da gradualidade
Para
fazer que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradualmente,
a conta-gotas, por anos consecutivos. Foi dessa maneira que condições
socioeconômicas radicalmente novas, neoliberalismo por exemplo, foram
impostas durante as décadas de 1980 e 1990. Estratégia também utilizada por Hitler e
por vários líderes comunistas. E comumente utilizada pelas grandes
meios de comunicação.
4. A estratégia de diferir
Outra
maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como “dolorosa
e necessária“, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação
futura.
É mais
fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato.
Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente.
Depois,
porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “amanhã
tudo irá melhorar” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais
tempo ao público para acostumar-se à ideia da mudança e aceitá-la com
resignação quando chegue o momento.
5. Dirigir-se ao público como
crianças
A
maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos,
personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes
próximos à debilidade, como se o espectador fosse uma criança de pouca idade ou
um deficiente mental.
Quanto
mais se tenta enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom
infantilizante.
Por quê? “Se
alguém se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos,
então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a
uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como as de uma
pessoa de 12 anos ou menos de idade.”
6. Utilizar o aspecto emocional
muito mais do que a reflexão
Fazer
uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto
circuito na análise racional, e finalmente no sentido crítico dos
indivíduos.
Por
outro lado, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso
ao inconsciente para implantar ou injetar ideias, desejos, medos e temores,
compulsões ou induzir comportamentos.
7. Manter o público na
ignorância e na mediocridade
Fazer
com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos
utilizados para seu controle e sua escravidão.
“A
qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais
pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira
entre as classes inferiores e as classes sociais superiores seja e permaneça
impossível de ser revertida por estas classes mais baixas.
8. Estimular o público a ser
complacente com a mediocridade
Promover
ao público a crer que é moda o ato de ser estúpido, vulgar e inculto.
Introduzir a ideia de que quem argumenta demais e pensa demais é chato e
mau humorado, que lhe falta humor de sorrir das mazelas da vida.
Assim as
pessoas vivem superficialmente, sem se aprofundar em nada e sempre ter uma
piadinha para se safar do aprofundamento necessário a questões maiores.
A ideia
é tornar qualquer aprofundamento como sendo desnecessário. Pois qualquer aprofundamento
sério e lúcido sobre um assunto pode derrubar sistemas criados para
enganar a multidão.
9. Reforçar a
auto-culpabilidade
Fazer
com que o indivíduo acredite que somente ele é culpado pela sua própria
desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, suas
capacidades, ou de seus esforços.
Assim,
no lugar de se rebelar contra o sistema econômico, o indivíduo se auto
desvaloriza e se culpa, o que gera um estado depressivo, cujo um dos efeitos é
a inibição de sua ação. E, sem ação, não há questionamento!
10. Conhecer aos indivíduos
melhor do que eles mesmos se conhecem
No
transcurso dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado uma
crescente brecha entre os conhecimentos do público e aqueles possuídos e
utilizados pelas elites dominantes.
Graças à
biologia, a neurobiologia a psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de
um conhecimento avançado sobre a psique do ser humano, tanto em sua
forma física como psicologicamente.
O
sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele
conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce
um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos, maior que dos
indivíduos sobre si mesmos.
Nessa
era ultra rápida em que vivemos, a pausa para análise se faz fundamental.
TôNoCosmos
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