Reuters
(*)
A
recente invasão do setor elétrico do Brasil por empresas chinesas em busca de
aquisições e projetos gigantescos está só no início, afirmaram à Reuters
especialistas próximos a investidores orientais, que veem mais companhias a
caminho do país e novos negócios a serem fechados no curto e médio prazo.
As expectativas sobre transações envolvendo chinesas têm
crescido após o acordo preliminar da State Grid para a compra da fatia da
Camargo Corrêa na CPFL Energia por 5,8 bilhões de reais, anunciado na
sexta-feira.
Fontes do governo brasileiro disseram à Reuters nesta quarta-feira que os
chineses têm outros 20 bilhões de reais disponíveis para o negócio caso os
demais acionistas da CPFL também queiram exercer o direito de vender suas
participações.
Além disso, a China Three Gorges (CTG), que na semana
passada concluiu a compra de duas hidrelétricas em São Paulo por 13,8 bilhões
de reais, afirmou na terça-feira que buscará oportunidades em geração solar e
eólica no Brasil.
A diretora da consultoria especializada em negócios com
chineses Vallya, Larissa Wachholz, afirmou à Reuters que sabe de ao menos
"três ou quatro" companhias em preparação para a entrada no Brasil.
"A State Grid e a CTG não ficarão sozinhas. Outras
virão, já estão se preparando para isso... são empresas bastante capitalizadas,
que têm acesso a financiamentos de baixo custo e incentivos do governo chinês
para buscarem projetos no exterior", disse.
O diretor da consultoria Upside Finance, Humberto
Gargiulo, disse que os chineses olham ativos em geração, transmissão e
distribuição de energia e que chegou a assessorar duas empresas com forte interesse
em linhas elétricas colocadas à venda pela Eletrosul, subsidiária da
Eletrobras.
"Só não saíram duas vendas porque ela (Eletrosul)
colocou uma série de restrições para os investidores. Os chineses não gostaram
e pararam o processo", afirmou.
Ele também estimou que a State Grid possui fôlego para
fazer mais compras no Brasil mesmo após a transação bilionária com a CPFL.
"Se eles derem um tempo, é mais por conta de gerir o negócio do que por
problema financeiro ou falta de liquidez".
O movimento dos orientais em busca de ativos no Brasil
mexeu com ações de elétricas locais --o Índice de Energia Elétrica da
BM&FBovespa acumulou alta de quase 5 por cento na segunda e na terça-feira,
após o anúncio do negócio com a CPFL, enquanto o índice Ibovespa caiu 0,75 por
cento.
"Faz tempo que eu não via um ambiente tão favorável
assim para fusões e aquisições... acho que tem muito espaço no curto e médio
prazo", afirmou o sócio especialista em M&A da KPMG Paulo Guilherme
Coimbra.
Procurada, a State Grid disse que possui "planos de longo
prazo" para o setor elétrico do Brasil e "está sempre buscando novas
oportunidades de investimento no mercado".
ESTRATÉGIA MAIOR
No longo prazo, os chineses visam entrar em novos projetos no Brasil, e
não somente em aquisições, um caminho que já tem sido trilhado pela State Grid,
que constrói atualmente diversas linhas de transmissão no país.
Esse movimento, inclusive, é visto por especialistas como
uma estratégia de Pequim para viabilizar a entrada de outras empresas chinesas
no Brasil --principalmente de engenharia, construtoras e fornecedoras de
equipamentos.
"Sem dúvida existe essa expectativa de que ao entrar
em um novo mercado que você passa a conhecer melhor, consegue trazer uma gama
maior de produtos e serviços, e em algumas dessas tecnologias a China é
referência", afirmou Larissa, da Vallya.
Algumas dessas empresas já chegaram, inclusive,
alojando-se no prédio da State Grid no Rio de Janeiro, no qual a elétrica
investiu mais de 200 milhões de reais.
O endereço, que virou praticamente um quartel-general dos
interesses elétricos chineses no Brasil, já abriga escritórios do China
Development Bank, da construtora SEPCO, que pertence ao grupo PowerChina, além
do grupo NARI, que produz equipamentos elétricos.
A State Grid disse que a maior parte de seus fornecedores
é locais e que seu prédio "está aberto a qualquer empresa que tenha
interesse em alugar espaços comerciais".
NOVO MOMENTO
O avanço das chinesas vem em um momento em que o setor elétrico
brasileiro sofre com a recessão do país e o alto endividamento das empresas,
que têm anunciado diversos planos de vendas de ativos para gerar caixa.
DefesaNet
(*)Comentário: ontem escrevi um artigo sobre a falência das
nossas empresas, causada pela burrice das nossas elites. Como se vê, segue-se a
rotina. Um Estado sempre muito mal administrado, que ciclicamente está em
crise, enseja para os países desenvolvidos, que já fizeram o dever de casa, a
oportunidade de comprar um país à preço de banana.
Primeiro
estivemos sentados no colo dos portugueses, depois dos ingleses, depois dos americanos
e agora dos tigres asiáticos, incluindo Japão. Prostituir-se dá nisso: alguém
está sempre te comprando. Não temos nem a desculpa de quem vende o corpo para
sobreviver, pois nossos “honrados” prostitutos extorquem montanhas de dinheiro
da sociedade e mesmo assim continuam se vendendo para estrangeiros para tentar
salvar suas sujas existências.(MBF).
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