segunda-feira, 21 de março de 2016

Uma paralisação geral dos empresários também resolveria o impasse

Martim Berto Fuchs

O empresário brasileiro convive com 4 realidades:

1.A primeira, mais antiga, que vem desde 1930, foi a implantação do capitalismo de estado no Brasil. Não creio que cabe discutir hoje os motivos de Getúlio Vargas para optar pelas empresas estatais. O que cabe e devemos discutir, e muito, é a conveniência de permanecer com elas; pelo menos abandonando o modelo de gestão até hoje usado.
O capitalismo de estado na forma que foi e é praticado, abrigado sob o manto do nacionalismo, se permitiu esconder da sociedade o fato de que as empresas estatais nunca foram públicas, e sim privativas dos políticos e de seus funcionários estáveis e muito bem pagos, e que sempre serviram para empregar pessoas, muitas, independente de ter trabalho, o que por si se configura como corrupção.

2. A segunda, foi a transformação gradativa das empresas familiares em sociedade por ações. A passagem das empresas familiares para S.A. foi um acontecimento natural, necessário, que bem conduzido, trouxe resultados positivos para todos.
Essas empresas, não só aquelas que permaneceram na planície, longe dos salões e trabalhando incansavelmente pelo próprio progresso, como aquelas que se aproximaram da Corte e passaram à conviver com suas regalias, todas, hoje, estão novamente à beira da histeria. Novamente porque não é a primeira vez, me referindo àquelas que conseguiram superar crises anteriores, bem assim como as que nascem após cada crise e sucumbem com a próxima, sempre desempregando milhões de trabalhadores.

3. A terceira, foi a completa degradação do Estado nas mãos dos socialistas e suas teorias econômicas, que além de defenderem sistemas que não deram certo em país nenhum do planeta, ainda se permitiram assaltar os cofres públicos para manter um sistema político calcado em partidos, mantenedores de classes, de feudos, de antigas ideologias, de dogmas e de partidos religião. Tudo com um só objetivo: a “felicidade” que o deus dinheiro trás para seus possuidores, e a certeza que o partido com mais dinheiro em bancos suíços e paraísos fiscais, tem mais poder de “persuasão”.

4. E a quarta realidade, foi a transformação das bolsas de valores em cassinos, arrastando as empresas para fora do seu habitat natural, que era ter seu valor calculado pelas suas raízes físicas, contábeis, e realizar seus lucros com a venda dos seus produtos, sejam agrícolas, industriais ou de serviços.
Não sei à partir de quando começou a acontecer essa mutação, mas sei que um dos defensores dessa anomalia foi o dr. Milton Friedman e sua defesa do capitalismo especulativo, lá pelos idos da década de 80 do século passado, que não por acaso foi taxado de neocapitalismo.

O Brasil hoje está atolado em grave crise econômica e de identificação. E quem deveria estar cuidando desses aspectos, mudando o rumo desse caminho sem volta, deveria ser a classe política, que está aí nos “representando” e sendo paga para trabalhar, cuidando que isso não aconteça.
Deveria, mas a única preocupação dos mesmos até ontem era se reeleger, e hoje, é escapar da cadeia, o que lhes toma todo tempo.

Como ficamos então ?
Quem vai tomar alguma providência ? As FFAA novamente ? Parece que não. Mas, digamos que seja esta opção que vingue.
Na última vez, 1964, elas assumiram as rédeas do país com uma inflação prevista de 84% para o ano, caçaram os que hoje estão no poder, os tiraram de circulação, e implantaram sua filosofia de trabalho e modelo econômico.

Modelo que privilegiou empréstimos à vontade para empresas privadas nacionais, abertura para empresas estrangeiras em condições favorecidas, e dando como garantia o slogan “plante que o Brasil garante”; não esquecendo de um importante detalhe: criação de empresas estatais em profusão, também com recursos externos abundantes e até ali baratos.

Mas como a filosofia para as entranhas do Estado permaneceu a mesma, o resumo da ópera foi o seguinte: entregaram discretamente o poder em 1985, com uma inflação de 200% a.a., e uma classe empresarial apavorada e endividada, grande parte já falida.

Cinquenta anos depois e trinta desde que as FFAA se retiraram para a caserna, estamos novamente às voltas com as trapalhadas dos socialistas, e com os mesmos problemas do início de 1964 e do início de 1986: inflação, falta de governo, dívida, paralisia, recessão, medo, e por aí vai.

Chamar novamente as FFAA para resolver a balbúrdia ? Salvo por à correr novamente os socialistas, novos sócios do Tesouro Nacional, qual a proposta para resolver o impasse político/econômico, mescla de socialismo/capitalismo de estado e implantar uma visão não mais calcada em conceitos ultrapassados e nocivos ? Existe tal projeto ? Não existe !!!

Resolver pelo lado político, como já frisei, é bem provável que pouco reste para salvar, pois até que esse pessoal consiga se livrar da cadeia, se é que vai conseguir, a maioria das empresas nacionais, dependentes de juros impagáveis, altos impostos e mercado em baixa, já estará à nocaute. As que sobreviverem levarão muitos anos tentando se restabelecer, enquanto engordam as caixas fortes dos bancos e as contas correntes dos rentistas. E, quando conseguirem respirar aliviadas, os próximos governantes as põe novamente à beira do precipício. Sempre foi assim. 1964, 1976, 1982, 1992, 2015. Isso apenas no período que eu acompanho.

Greve geral dos empresários
Resta uma solução, nunca tentada. Greve geral dos empresários. Mas não uma greve com data marcada para terminar.
Todos políticos que nos operam de Brasília, tem residência na cidade de origem. Pois bem, através da Associação Comercial e Industrial da sua cidade, seriam não mais de 500 cidades, intimem esses pseudos representantes à comparecer na ACI, com data e hora marcada, e lhes entreguem um ultimato:

Tem um mês para resolver a merdança que vocês aprontaram, ou paramos o país, numa boa.

1. Exigimos que desta vez sejam atacadas as causas e não apenas maquiados os efeitos, como vocês sempre fazem.
2. Não joguem a culpa, como vocês sempre fazem, nos emprestadores de dinheiro. A culpa é de vocês. Se não tem compostura nem competência para lidar com grandes quantias, caiam fora.
3. O dinheiro que vocês nos extorquem via impostos, multas, e artifícios mil, terá que ser respeitado e bem empregado. Não é para alimentar suas costumeiras sinecuras, e quando termina, vir extorquir mais. Chega !!!
4. Ou vocês resolvem isto já, prá ontem, ou aqui ninguém mais trabalha. Desnecessário dizer que com a empresa de cada um de nós parada, não haverá mais dinheiro para vocês gastarem. Vai secar a fonte, como já secou para nós. Portanto, ao trabalho. Mexam-se !!!

As FFAA não precisam intervir, apenas garantir o movimento de paralisação. E isto elas farão.

Agora é decidir
Interromper de uma vez por todas esse ciclo que à cada vez leva milhares de empresas à falência e desemprega milhões de pessoas na iniciativa privada, ou, deixar como sempre esteve e aqueles que tiverem forças para recomeçar, ficam a espera da próxima crise, que virá, pois é o resultado de um Estado historicamente inchado, ingovernável, explorador e arbitrário, e que quando cai nas mãos de administradores que além de primar pela  incompetência, são defensores de ideologias calcadas em dogmas (socialismo) e não em realidade, mostra sua fragilidade, desmoronando.

Novo Contrato Social
Em poucos anos o Brasil pode estar entre as 4 primeiras economias do mundo. Menos tempo do que os atuais economistas estão, com suas bolas de cristal, prevendo para apenas recuperar o estrago causado pelas arcaicas e inviáveis teorias econômicas aplicadas pelos atuais governantes, e alegremente apoiadas pelos seus associados na pilhagem e má condução dos recursos público, que à isto se prestam, no balcão de negócios do Congresso Nacional.



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