Renato Sant'Ana
O nome de Paul Joseph Goebbels (ministro da
propaganda de Hitler) sempre faz lembrar aquele seu ensinamento: uma mentira insistentemente repetida acaba
impondo-se como verdade. Quantos brasileiros perceberão que o ensinamento
do nazista é aplicado à larga por governistas? E quantos saberão que é um
método dos partidos do Foro de São Paulo?
Um exemplo, muito eficaz por trazer um glacê de
verdade, é o seguinte: o sujeito acusa Eduardo Cunha de rivalizar com o
governo. É o glacê. E a falsidade: ele conduz o assunto como se o espírito revanchista
de Cunha fosse o motivo de abrir o processo de impeachment. A farsa: um
desqualificado Cunha persegue Dilma, e quem concorda com ele é golpista.
Cunha faz chantagem com o governo? Sim. Mas é esse
o motivo da abertura do processo de impeachment? Claro que não! Dilma e seus
pares pensam que essa é a causa? Não, a alta cúpula do governo sabe que são
outras as razões, ainda que os componentes do embate partidário também estejam
presentes. Então, por que os governistas insistem com a mentira? Porque lhes
convém o método nazista.
É dos partidos populistas, arregimentar
"manadas" de apoiadores, militantes sem reflexão, cuja tarefa é
multiplicar crenças e garantir eleições. É para essa massa que marqueteiros
profissionais e políticos
astutos criam versões, repetem mentiras, fixam
crenças e determinam
processos políticos, visando a tomar o poder.
Só lembrando. O pedido de impeachment traz a
assinatura de Hélio Bicudo (fundador do PT), da advogada Janaina Paschoal e do
jurista Miguel Reale Junior. Ora, teses jurídicas, no Estado de direito, são
normalmente discutidas e contestadas, raramente aceitas por unanimidade. Nada
de errado há, pois, em discordar dos fundamentos do pedido. Por que será que os
"críticos" do processo de impeachment não atacam Hélio Bicudo (líder
da iniciativa), mas centram fogo em Eduardo Cunha (que apenas aceitou o
pedido)? Será pelo fato de Bicudo ser fundador do PT e não fazer cerimônia para
contar o que sabe (e sabe muito) das engrenagens do partido? Por que não atacam
Miguel Reale Jr? Será que só a figura controvertida de Eduardo Cunha é útil à
falsificação? Certo é que ninguém, esclarecido e honesto, dirá que é uma
"aventura política", um improviso sem fundamento plausível.
Um paralelo. É notório que a Procuradoria Geral da
República agiu com velocidade inédita, quando apareceram as suspeitas sobre
Eduardo Cunha. A oposição (política) fez a dela: apontou favorecimento do
governo com o enfraquecimento do deputado. Mas caberia, por exemplo, o advogado
de Cunha atacar a PGR pela velocidade? É claro que não! Resta-lhe fazer a
defesa técnica. Só. O esmero da PGR é maior para atacar adversários do governo?
Paciência! É matar no peito e contestar o que há nos autos. E deveria ser o
mesmo com o processo de impeachment. Pouco importa a disposição espiritual de
Eduardo Cunha! O que interessa é haver ou não base para o pedido da abertura do
processo. E há! Unanimemente os nove ministros do TCU constataram pedaladas.
Alguns dos mais respeitáveis juristas têm o mesmo entendimento. Nem o governo nega:
diz que as pedaladas foram para socorrer os programas sociais. Mentira!
É só mais um artifício para tomar o poder.
Embustes, versões, trapaças, histórias oficiais, professores amestrados,
jornalistas cooptados, "movimentos" mantidos com dinheiro público,
sindicatos favorecidos, instituições públicas aparelhadas, um exército de
papagaios para repetir as "verdades" do partido, assim é o projeto de
poder arquitetado pelo foro de São Paulo - é a instituição da mentira como
método.
Renato Sant'Ana
Psicólogo e Bacharel em
Direito.
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