Martim Berto Fuchs
Uma das
raras declarações que lembram a filosofia geral da Reforma na China data de
1984. Nesse dia, o terceiro plenário do Comitê Central adotou uma resolução
sobre as estruturas econômicas que assinala:
“A história nos mostrou que o
pensamento igualitarista é um sério obstáculo à realização do princípio de
repartição ‘a cada um segundo seu trabalho’.
Naturalmente, uma sociedade
socialista deve garantir a seus membros uma melhoria progressiva na vida
material e cultural da prosperidade coletiva.
Mas a prosperidade coletiva não pode
e nunca poderá significar o igualitarismo absoluto.
As condições de vida do conjunto de
membros de uma sociedade não podem elevar-se, simultaneamente, com a mesma
rapidez.
Se interpretarmos a prosperidade
coletiva como a igualdade absoluta e a prosperidade simultânea, não só ela não
será atingida, como uma orientação desta ordem conduzirá à pobreza coletiva”.
Mudaram
radicalmente a China, na época 21ª economia, enquanto o Brasil era a 11ª.
Não
obstante declaração dessa ordem, feita pelos chineses há 30 anos, nossos
bolivarianos sul-americanos, Brasil como expoente, continuam defendendo a
igualdade na pobreza, tendo como exemplo sempre citado, o neofeudalismo cubano,
experiência que já soma 56 anos e que será jogada na lata de lixo da história
tão logo os senhores feudais da ilha passarem desta para a pior, pois ninguém
que assassina todos contrários passa desta para a melhor.
Enquanto
a URSS foi à falência com a economia na mão do Estado, os chineses mantiveram
um governo autoritário, mas passaram a executar o modelo econômico que deu
certo para todos países que se destacam: economia de mercado e na grande
maioria, empresas privadas.
Outro
exemplo nunca discutido, pois falar nele rende impropérios de toda ordem, foi a
proposta econômica de Gottfried Feder, 1919, que serviu de base para a
reconstrução da Alemanha após o desastre da 1ª grande guerra. Em nada difere da
proposta chinesa de 1984. Diria até, que a chinesa é plágio.
Lamentavelmente
nada disto serve de base para uma discussão com os nossos boi-livarianos, com
sua proposta de manada, de coletivismo.
Sabe
aqueles viseiras usadas pelos animais que puxam carroça, para que eles olhem só
para frente, sem açambarcar nada do que se passa em volta ? Pois é, são essas
viseiras que são distribuídas em sala de aula pelos “intelekituais” do
socialismo moreno, ou, como modernamente se autodenominam, bolivarianos. E mais
uma cartilha com dogmas e mantras, que são obrigados a decorar e repetir cada
vez que abrem a boca.
A grande
mentira do método Paulo Freire, início da lavagem cerebral já na adolescência,
é fazer o jovem participar do mundo que de toda forma se abre à seu redor, está
à seu redor, e aí sutilmente desaprovar o que bem ou mal está funcionando, capitalismo,
propondo em seu lugar uma utopia anti-natural, socialismo, fracassada desde a
origem. Como partem do pressuposto que o ser humano é um ser coletivo, nasce,
vive, morre e vira pó, desprezam aperfeiçoar o individualismo.
Não
obstante todos exemplos de fracasso ocorridos com a Rússia, com a Europa
oriental, com a Coréia, com o Vietnã, com Cuba, com o Rio Grande do Sul, e com
tantos outros lugares onde foi implantado o que aqui Brizola - nosso mais novo
“herói nacional” - chamava de socialismo moreno, nossa esquerda, que vive de emprego sem trabalho no setor público,
e vive bem, enquanto o trabalho é
realizado pela iniciativa privada, não dá o braço a torcer e prefere ver todos padecendo,
menos eles nos seus bunkers, do que discutir um novo Contrato Social, onde,
logicamente, perderiam suas bocas ricas no Estado coletivista que eles defendem
com unhas e dentes através dos seus sindicatos pelegos.
Como
tenho repetido inúmeras vezes, a Oligarquia Financeira Nacional e Internacional
adora ter clientes do tipo do nosso governo, relapsos, presunçosos e hipócritas,
mas que ainda podem oferecer como garantia aos credores os nosso inesgotáveis
recursos naturais, até agora existentes. Nossas empresas estatais saqueadas
pelos políticos e as poucas empresas privadas que ainda resistem ao massacre do
poder público, continuam servindo de isca para os rentistas, que sabem que mais
dia menos dia, passarão para suas mãos à troco de banana. Prêmio extra.
Eles
sabem que nossa economia, do jeito que é levada, aos trambolhões, não permite
pagar a dívida contraída. E daí ? Já vivem disso há 200 anos e continuarão
enriquecendo por mais 200 anos, só cobrando juro sobre juro. Nem precisam
emprestar mais, basta rolar a dívida e capitalizar os juros, recebendo um pouco
que seja à cada ano e festejando alegremente o aumento da mesma.
Já
estamos falando abertamente em mais uma Intervenção, desta vez prevista na
Constituição, mas não se debate minimamente o que fazer se acaso vier acontecer.
Lamentável.
Vão
novamente trocar apenas as moscas ? Sai a quadrilha do PT e penduricalhos, o
que é necessário, enquanto ainda respiramos, e entra quem ? A quadrilha do
PMDB, com Temer, Cunha, Renan, Sarney, Jucá, etc, etc, que nem chefe tem, pois
trabalham em condomínio, onde vão se cambiando os chefetes de ocasião ? Partido
onde mandam interinamente aqueles que ainda não foram presos ?
Ou vamos
alternar com o pessoal do metrô de SP ? Serra, Alkmin, Kassab &
Cia.Ilimitada ? Maluf, quem sabe ? Para que lado se olhe, só dá processo
engavetado nas entranhas do judiciário, judiciário todo indicado pelos acima
citados, o que aliás, será um dos grandes desafios à ser enfrentado por quem
intervir nesse balaio de gatos.
Ou vão
manter a governança na mão dos interventores até que seja eleito um novo
governo ? Um novo governo eleito em que sistema ? Candidatos novamente impostos
à revelia dos eleitores, apenas por novas quadrilhas ? Quer dizer, os atuais
atores que não forem impedidos por um Ato qualquer, se reúnem em novas máfias e
recomeçam a mesma cantilena de mais de 100 anos ? Novos João Santana’s e Duda’s
Mendonça vendendo a sua mercadoria vencida e estragada, e recebendo seus
pixulecos no exterior, sem registro, na cara do nosso judiciário indicado pelos
bandidos ?
Já
deveríamos estar discutindo novos paradigmas; mas não, ainda nos baseamos em
Montesquieu com sua divisão de poderes do século XVIII, em Marx com sua
proposta de pobreza coletiva e universal e em Friedmann com a apologia da lei
do mais forte, esperto e inescrupuloso.
Resultado:
a dicotomia esquerda x direita, a luta de classes, a concentração da riqueza e
a expansão da pobreza permanecem, para gáudio das “zélites”, que desde 2003 tiveram
que dividir com o sindicalismo pelego, os novos ricos, o seu cobiçado e centenário
butim.
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