Martim Berto Fuchs
Não sei
qual foi o primeiro país a adotar o sistema presidencialista nos moldes atuais,
mas seja qual tenha sido, no ocidente, estava antes sob o regime Monárquico.
No
Brasil, com certeza, da Monarquia para Republica, do Rei para Presidente,
apenas o mando absoluto foi diluído e adaptações foram negociadas. Mudaram a
aparência através de novas regras, mas mantiveram na essência o modelo de mando.
Depois
de 1889, para exercer o cargo de Presidente, a primeira condição foi pertencer
à Corte, que à partir de então passou à ser chamada elite. Para que a escolha não
gerasse intermináveis e insolúveis conflitos, os cortesãos foram separados em
grupos de interesse, os quais passaram a ser chamados de partidos políticos; à
eles foi sacramentada a prerrogativa de indicar os candidatos, um ou mais de
cada grupo, que só então seriam expostos aos eleitores, naquilo que chamam de “eleições
democráticas”, para que um deles fosse avalizado e autenticado, dando-lhe um
salvo conduto para o absolutismo.
O novo
Rei, não mais dinástico e agora denominado Presidente, pelas novas regras
aprovadas entre eles, e até para garantir uma melhor distribuição do butim que
antes era muito centralizado, não teria mais o direito de legislar e julgar, só
executar. Assim pensaram e escreveram. Na prática, introduziram algumas excrescências
para contornar as regras e o Rei/Presidente continuou mandando através de
Medidas Provisórias, ou interferindo diretamente no legislativo, ou, pior
ainda, simplesmente comprando os votos necessários para impor aquilo que lhe
interessa e ao grupo (partido) do qual faz parte e que momentaneamente está imperando.
Ao novo
Rei/Presidente, também foi proibido de julgar os casos e principalmente aqueles
que lhe afetam diretamente. Os outros componentes da Corte/elite procuraram com
isso se resguardar do arbítrio do Presidente de plantão. Na teoria. Na prática,
entregam para ele uma relação com alguns nomes de integrantes da Corte, porém apenas
daqueles que já integram seu grupo de interesse, e o executivo chefe escolhe
aquele que melhor sabe dobrar os joelhos, no melhor estilo beija-mão.
Mantiveram
o Senado - “magistratura suprema”, com origem nos conselhos de anciãos, de uso
no oriente desde 4.000 A.C.; depois assembléia dos notáveis (pais ou chefes de
famílias patrícias romanas) e passando pela Câmara dos Lordes da Monarquia
inglesa -, que apenas ficou mais burguês, ou, agora também proletário, mas ainda assim
e principalmente, encarregado de manter as sinecuras dos membros da Corte, que
sempre tiveram o governo nas mãos, independente do regime, sistema, ou grupo de
interesse (partidos) que o exercesse.
A Câmara
dos Comuns, a casa do “povo”, onde os candidatos aos cargos eletivos também são
impostos pelos grupos organizados da Corte, deveriam, teoricamente, representar
o povo. Na prática, cuidam apenas dos seus interesses e dos seus patrões, os
partidos, de quem são empregados.
Nossos
governos, desde o primeiro, D.João VI, não tiveram a participação do povo.
Foram impostos de cima para baixo e isso não mudou com a passagem, sutil, de um
regime para outro, em 1889.
Enquanto
nos EUA foi o povo que escreveu a primeira Constituição, que permanece a mesma
apenas com algumas Emendas, aqui foram os membros da Corte (elites) que
escreveram a primeira e todas que vieram à seguir. Já estamos na 7ª e extensa papagaiada
e ainda exclui-se o povo solertemente.
Enquanto
nos EUA seus idealizadores valorizaram o trabalho, aqui se privilegiou o emprego,
público, sem trabalho, característica básica da Corte, ou, da nossa elite.
Forçoso
se faz reconhecer, que de umas décadas para cá o crescimento nos EUA deixou de
ser pelo trabalho, e está sendo substituído com o enganoso crescimento pela
especulação. Problema deles e não nosso, mas que lamentavelmente nos afeta, pois
sempre fomos dependentes do capital alheio. Quando falta dinheiro para manter
os gastos da nossa Corte, recorre-se à empréstimos. Depois, dá-se o calote e
culpa-se quem emprestou. Como resultado da irresponsabilidade histórica dos
nossos “governantes”, eles se viram na obrigação de dar calote até em si
mesmos, com a edição da PEC do Calote.
Neste
cenário, muito real, só tem uma força que pode mudar as regras do jogo:
A união dos
empresários brasileiros em torno de um mesmo objetivo.
E este
objetivo tem que ser o respeito pelas empresas que tem à seu encargo a
produção, através do trabalho.
E este
objetivo tem que ser o respeito pelo emprego, conseqüência de ter trabalho, que
não pode mais ser interrompido ciclicamente pelos desmandos de uma elite
irresponsável, para dizer o mínimo.
Governo,
obviamente, tem que ter. O respeito pelo ordenamento instituído, tem que ser levado
à sério e não achincalhado solenemente pelas nossas elites.
Não pode
mais ser aceito, sob nenhuma hipótese, que MILHARES de empresas privadas sejam fechadas à
cada crise, enquanto empresas dominadas pelos políticos da Corte, as empresas 2
em 1, 1 trabalha e 2 olham, também conhecidas como Estatais, sejam mantidas em
funcionamento com injeções anuais de recursos dos nossos impostos, pois sem
isso não se sustentam.
Não pode
mais ser aceito, sob nenhuma hipótese, que MILHÔES de pessoas sejam mantidas às nossas custas
nas folhas de pagamento do Estado, sem trabalho, enquanto MILHÕES de trabalhadores ficam sem
emprego por lhes faltar trabalho.
Em algum
momento na existência desta nação, alguém tem que consertar esse erro histórico,
que vem se perpetuando desde 1889. E não esperemos que este alinhamento com a
decência seja conseguido através de um político, Rei/Presidente, pois isto
nunca ocorrerá. Já elevamos alguns à categoria de salvadores da pátria. Quanto
maior o mito, Getúlio, Juscelino, Jânio, Collor, Lula, maior foi o tombo.
Se a
união faz a força, chegou o momento, quando nos encontramos sob o cutelo de
mais uma crise gerada nas entranhas do poder, de mudar as premissas do nosso
Contrato Social.
E isto
só será conseguido através da soberania das empresas privadas e dos seus
trabalhadores, instituindo regras e depois, democraticamente, de baixo para
cima, elegendo cidadãos descompromissados com grupos de influência, com dogmas
e com ideologias, para administrar o Estado em nome de todos e não apenas de
uma elite burra, por isso cretina e gananciosa, pois que mata a galinha dos
ovos de ouro para servir de repasto nas suas festas e orgias nos palácios da
Corte.
Definitivamente
precisamos desmontar essa falácia de capitalismo de estado. O que existe no
Brasil é uma economia capitalista privada, ¾ partes do PIB, massacrada por um
Estado parasita, e obrigada a sustentar empresas socialistas historicamente
deficitárias. Deficitárias não só no Brasil, mas em todos países que tiveram a
infelicidade de acreditar nas teorias insustentáveis de Marx, postas em prática
por Lenin e levadas ao extremo pelo psicopata Stálin.
Nossos políticos,
se não forem energicamente PRESSIONADOS, nada farão para salvar o que resta de empresas
privadas brasileiras. Ou os empresários se unem para salvá-las, e de uma vez
por todas mudar as regras do jogo, ou para a próxima crise serão poucas as empresas
nacionais antigas que ainda estarão disponíveis para o abate.
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