quarta-feira, 16 de março de 2016

Lições das ruas

Carlos Henrique Abrão

As transformações no Brasil atual são urgentes e emergentes. Não é mais possível tolerarmos a classe política e os malfeitos praticados. E tudo tem origem na imunidade, fruto da impunidade e do foro privilegiado.

Soubessem os políticos que os processos tramitariam rápida e eficazmente no STF jamais dilapidariam o patrimônio público ou desviariam dinheiro dos serviços,colocando a população e a própria sociedade civil em permanente estado de alerta. O que disseram as ruas nas movimentações do último dia 13, há uma completa fadiga de material e a grande maioria dos políticos está sendo hostilizada,e tratada como merece, após as eleições saem da representatividade e se mandam com único objetivo de ganhar o máximo e trabalhar o mínimo.

Sem grandes alterações não há solução, a situação do impedimento é uma alternativa que não pode ser chamada de panacéia, e o supremo avacalhamento consistira em se nomear o ex presidente para algum ministério,tentando deslocar para o STF a competência para apuração de qualquer esfera de responsabilidade. O Brasil parou, sim parou dia 13, mas em todos os sentidos, na saúde, no transito, e fundamentalmente na economia.

Precisamos dar um basta e acabar com o conceito de político profissional, que fica 30 e 40 anos com seus currais e votos de cabresto atrás de eleitores por qualquer doação ou benefício. A conscientização do voto não pode ser obrigatório, e além do impedimento devemos acabar com a necessidade do candidato ter partido. Basta que faça uma prova e passe pelo controle da corte eleitoral. No mais, não pode a sociedade suportar o momento atual,e a roubalheira generalizada de quase todos os partidos.

Não há crise judicial e jamais existiu. O que existe é uma disfunão entre executivo e legislativo que a justiça tenta sanar e resolver. Muito menos como afirmam uma criminalização da política. Foram os nobres políticos que partiram para a dilapidação do patrimônio e o achaque de milhões de dólares em contratos e obras superfaturados.

A população exige uma mudança da federação, a redução de cargos comissionados, diminuição de prefeituras e fusão entre estados, além, é evidente, o desapego dos candidatos dos partidos políticos. Sem exceção todos estão contaminados pelo vício que ronda da corrupção e do dinheiro fácil a fim de que possam permanecer no poder e espoliar a população, com uma cega tributação e nanica prestação de serviços.

As lições das ruas são tantas e ainda inconclusivas para o governo, lideranças, e oposição, mas de uma coisa estejamos absolutamente certos a reação será desproporcional se tentarem obstaculizar a justiça e criarem figuras surrealistas para fugirem da prisão ,o tempo já se foi, e a sociedade civil está mobilizada, qualquer passo em falso será o estopim de graves e incalculáveis consequencias.

Nossa política está falida e os representantes do povo somente representam seus próprios bolsos,enquanto não tivermos uma classe política decente, honesta e moralizada, com ética e objetivo comum, o Brasil corre o sério problema de ficar isolado no continente.

Carlos Henrique Abrão
Doutor em Direito pela USP, é Desembargador no Tribunal de Justiça de São Paulo.

Alerta Total – www.alertatotal.net

Comentário do blog: os grifos são meus.(MBF).


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