Stalin sempre seguiu à risca e teve
como lema uma famosa frase de Lenin:”O importante não é derrotar o inimigo e
sim eliminá-lo”.
Stalin teve bons mestres. Mas como
fez ele para livrar-se dos que se interpunham em sua caminhada para o Poder? A
forma por ele encontrada foi negar a validade da discussão. Para isso ele achou
uma solução: destruir o Partido usando a NKVD nos anos de 1936/1938.
Nas farsas jurídicas que foram os
“julgamentos” dos mais importantes líderes bolcheviques – ZINOVIEV, KAMENEV,
YAGODA, BUKHARYN, RYKOV, KRESTINSKY, e muitos outros, todos acusados de “tramar
a destruição do Estado Soviético; tentar restaurar o capitalismo; conspirar
para a eliminação física dos altos dirigentes”, o terror fez que quase todos os
acusados “confessassem seus crimes”, e todos foram executados.
Todavia, os julgamentos públicos
eram apenas a ponta do iceberg, pois nos campos de concentração milhares de
oposicionistas eram simplesmente fuzilados sem qualquer julgamento.
Nem os exilados a milhares de
quilômetros do Kremlin, como foi o caso de Trotski, assassinado no México em
1940, foram poupados por Stalin. Há uma explicação para a omissão,
acomodamento e falta de reação ao rolo compressor de Stalin, impedindo o que
Soljenitsyn – também uma das vítimas – denominou em seu livro “Arquipélago
Gulag:que uma Nação inteira fosse julgada nos esgotos da ditadura”.
Então, já havia uma estrutura
policial dedicada a detectar a contra-revolucção e seus membros recebiam gordas
recompensas para fazê-lo. Por outro lado, o expurgo beneficiava muitos, que
ficavam com os empregos e apartamentos dos mortos, num tempo em que os
benefícios de pertencer à elite do regime já começavam a existir.
Era a Nomenklatura se desenvolvendo
e ganhando espaços, ou melhor, a burocracia stalinista, onde cada peça da
máquina tinha apenas uma ambição: a de permanecer no lugar, sem ser atingida
pelas suspeitas do poderoso chefão.
O ponto culminante desse processo
foi a deificação do Secretário-Geral, o culto à personalidade. Num estilo que
lembrava Luiz XIV e sua corte, os subordinados cultivavam o mito de Stalin,
atribuindo-lhe todos os progressos e todas as conquistas.
O que mudou na URSS após a morte de
Stalin? Raymond Aron responde: “O passado não foi enterrado, pois não devemos
nos esquecer que há, ainda, um milhão e meio de prisioneiros nos gulags e de 5
a 10 mil dissidentes internados em hospitais psiquiátricos”.
Após a morte de Stalin, uma única
coisa realmente mudou na União Soviética: os métodos de gestão e de
racionalização do terror. Essa mudança foi acompanhada por uma das raras
contribuições do socialismo real à tecnologia aplicada do mundo contemporâneo:
a utilização da psiquiatria para fins policiais.
A repressão foi a única indústria
russa que assinalou fantásticos progressos em eficiência e consta da pauta de
exportação para diversos países ainda socialistas, onde a classe operária,
teoricamente no Poder, insiste em contestar a si própria.
Pode-se ter, agora, na União
Soviética e nos países dominados pelos partidos-irmãos, um grau
satisfatório de submissão social, consumindo um número quase negligenciável de
cadáveres.
Carlos I. S. Azambuja
Historiador.
Alerta Total – www.alertatotal.net
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