Martim
Berto Fuchs
Já
estava passando da hora, e ainda assim, quem se rebelou foi o pessoal do
escritório das multinacionais no Brasil, a FIESP. Resolveram mostrar sua
inconformidade com a Corte[1], da qual fazem parte, pendurando uma faixa no seu
prédio na avenida Paulista, com os dizeres: “Renúncia Já”. E também, desde
quarta à noite, o prédio está colorido com as cores da nossa bandeira, fazendo
fundo à “Renuncia Já”.
A
industrialização no Brasil perdeu sua oportunidade quando D.Pedro II e os
ex-escravagistas, então rentistas, desbancaram o industrial Irineu Evangelista
de Souza, e impuseram o modelo de economia que passaria a vigorar até hoje:
subserviência ao capital e ao emprego sem trabalho, em detrimento à geração de
emprego através do trabalho e da produção.
Nossos
governos de direita já deixavam muito à desejar. Nossos governos de esquerda, então,
cada vez que assumem a chave do cofre, desmancham com os pés o pouco que os
outros fizeram com a cabeça.
Em
tudo isso, o centro da atenção deveria ser o trabalhador, aquele que trabalha, e que à cada nova crise
fabricada pelos que detém o poder, é o primeiro a ser sacrificado. Agora mesmo,
são dispensados aos milhões, porque
nossos “governantes” do momento, incomPeTentes de carteirinha, mas até ontem
apoiados pelos patronais, se recusam à tomar medidas mínimas para consertar o
desequilíbrio das suas contas. Isto para simplificar a questão, pois o problema
vai muito além de apenas cuidar de ajuste fiscal.
Desde
que o ditador Getúlio Vargas, conhecedor da elite que tínhamos e temos, implantou
a legislação trabalhista no Brasil optando pelo modelo do seu co-irmão
italiano, ditador Mussolini, em vez da legislação alemã, foi adotado o regime
paternalista, com o Estado “tomando conta” dos trabalhadores, “cuidando” deles
através dos sindicatos pelegos.
Já
tínhamos um funcionalismo público, faça chuva ou faça sol, com emprego
garantido - lei imperial para proteger os parceiros de exílio -, e passamos à
ter também a proteção do emprego independente de trabalho, com a legislação
imposta pelo novo imperador, agora chamado de presidente, valendo também para a
iniciativa privada.
Os
milhares de empresários alheios à Corte não merecem a elite que temos. São tão
vítimas quanto os trabalhadores, mas tem parcela de culpa, por não se
insurgirem contra àqueles colegas empresários que acabam tomando conta das
Associações, das Federações e das Confederações patronais.
São
estes empresários que precisam compreender de uma vez por todas, que o inimigo
não é o trabalhador manobrado pelos sindicatos pelegos. Os inimigos à serem
combatidos incansavelmente, são aqueles que chegam ao poder, controlam, usam e
abusam do Estado em seu proveito.
Os
empresários fora da Corte, que são a maioria em número de empresas e de
empregados, embora não sejam em faturamento, precisam se aliar aos
trabalhadores e criar uma nova estrutura, de parceria, sem antagonismo, e
cuidar do interesse de ambos.
Está
provado e comprovado, que a estrutura existente no Brasil, que vem desde o
império, só beneficia os membros da Corte, uma minoria, e os empregados no
setor público, também uma minoria, pois até os trabalhadores das empresas
beneficiadas e sócias do erário público, em cada crise, perdem seus empregos
pela falta de trabalho.
Com
a taxa de juro paga para manter os rentistas satisfeitos, conseqüência direta dos gastos do governo, eternamente maiores
que as receitas, não há empresa, se não houver vendas, que possa bancar a folha
de pagamento, e ainda ter que entregar para os coletores de um governo
mercenário, impositivamente, sob pena de prisão, 40% sobre o que consegue faturar.
Empresa,
no Brasil, que entrar em banco, assina seu atestado de óbito. A diferença é que
os empresários membros da Corte, quando suas empresas vão à falência, ficam
mais ricos. Os que não participam das benesses, empobrecem.
Portanto,
unam-se aos seus trabalhadores e passem à exigir
mudanças radicais, independente da faixa luminosa no prédio das multinacionais
na avenida Paulista. Esses, quando for trocada a guarda do Palácio do Planalto,
retiram a faixa e continuam pelo mesmo caminho que vem trilhando há décadas. Se
o inquilino do palácio não os prejudica diretamente com as asneiras esquerdistas
e suas teorias discutidas entre um trago e outro, para eles está bom.
Privilégios
não combinam com liberdade e democracia. Perdem os trabalhadores não protegidos
com o guarda-chuva do Estado, e todas suas empresas, que
são a maioria. Uns com a perda do emprego. Outros, com a perda da empresa. Ambos,
vítimas da irresponsabilidade e insensibilidade do que chamamos de elite.
[1]Corte: composta
pelos descendentes da antiga “nobreza”, todos encastelados como “funcionários
públicos” com garantia de emprego sem trabalho; pela burguesia rentista, e
industrial formada com capital dos cofres públicos – privatização do lucro e
socialização do prejuízo; e pelos novos parasitas, os sindicalistas pelegos,
defensores do capitalismo de estado mantido com empréstimo externo e se não
conseguir, com impressão de papel-moeda, e para completar, defensores
incondicionais do emprego sem trabalho. Todos unidos na Corte pelo “bem” do Brasil.
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