Carlos I. S. Azambuja
Dia 31, quinta-feira, nós,
brasileiros, estaremos comemorando a Revolução de 31 de Março de 1964.
Portanto, nada melhor do que recordarmos as palavras de um dos seus mais
destacados defensores: “O comunismo é um sistema de Poder totalitário no
qual uma casta burocrática e privilegiada, reunindo pela primeira vez no mundo
moderno todos os instrumentos do Poder nas mesmas mãos, possui, ao mesmo tempo,
os meios de produção e de troca e todos os meios de enquadramento político e cultural,
dos quais se serve ditatorialmente.”
Eis uma síntese para recordar o que
o maior brasileiro de seu tempo, Carlos Frederico Werneck de Lacerda, escreveu
no prefácio do livro "Em cima da Hora”, de Suzanne Labin, editado no
Brasil em 1964, traduzido por ele antes de março de 64.
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Antes, durante e depois da crise, o Governador Lacerda esteve no centro dos acontecimentos. E, como é de seu feitio, pronunciou-se diversas vezes com a maior veemência. Na tarde do dia 1º de abril, anunciando ao povo a vitória das forças comandadas pelo General Olímpio Mourão Filho, o Governador da Guanabara fez declarações através do rádio, declarações que constituem verdadeira súmula do que ele dissera até então.
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Antes, durante e depois da crise, o Governador Lacerda esteve no centro dos acontecimentos. E, como é de seu feitio, pronunciou-se diversas vezes com a maior veemência. Na tarde do dia 1º de abril, anunciando ao povo a vitória das forças comandadas pelo General Olímpio Mourão Filho, o Governador da Guanabara fez declarações através do rádio, declarações que constituem verdadeira súmula do que ele dissera até então.
Depois de se dirigir às donas de
casa, pedindo-lhes que se mantivessem calmas, o Governador passou a analisar o
Sr. João Goulart, seu Governo e as causas que determinaram a necessidade do seu
afastamento. “De herdeiro de alguns hectares de terra, transformou-se, em poucos
anos, em proprietário de mais de 550 mil hectares – uma área igual a quatro
vezes e meia o território da Guanabara.”
E prosseguiu: “Associado do Sr.
Wilson Fadul (que por isso foi ser Ministro da Saúde, e não porque seja um
cientista), em quatro anos, com dinheiro do Banco do Brasil, e com dinheiro
cuja origem não explica, o Sr. João Goulart transformou-se num dos homens mais
ricos deste País, com três bois por hectare em suas fazendas”.
“O Sr. João Goulart é um leviano que
nunca estudou – e não estudou porque não quis, não é porque não pôde. E agora,
no Governo do País, queria levar-nos ao comunismo.”
Explicando que discordara da
investidura do Sr. João Goulart na Presidência da República, mas terminara
aceitando-a, disse o Governador Lacerda: “Eu o conhecia bem. Mas, como bom
democrata, submeti-me à vontade da maioria, quando entrou em vigor a fórmula do
Parlamentarismo. Mas o Sr. João Goulart não queria governar. Adulava, de dia,
os trabalhadores que condenava ao desemprego, de noite. O Sr. João Goulart
jurou fidelidade ao Parlamentarismo, para logo em seguida impor o plebiscito, e
todo o povo votou. Eu não votei porque achava que o plebiscito era uma
palhaçada, e repito que era”.
“Quem quiser fazer reformas deve ter
a honestidade de dizer que as fará sem reformar a Constituição. Há necessidades
de se fazer reformas, e eu acho que se pode fazer isso sem se mexer na
Constituição. Mas o Sr. João Goulart não queria isso. Montou um dispositivo
sindical nos moldes fascistas, com dinheiro do Ministério do Trabalho, dinheiro
roubado do imposto sindical, roubado do salário dos trabalhadores, para pagar
as manifestações de bandeirinhas e as farras dos homens do Ministério do
Trabalho.”
“Ao mesmo tempo, começou a criar
dificuldades para a Imprensa, para os jornais, para o rádio e a televisão,
iniciando um processo de escravização dos homens livres que fazem a imprensa do
nosso País. Depois de criar as dificuldades, o Sr. João Goulart oferecia-se
para resolvê-las, enquanto dava curso ao processo de entreguismo do Brasil à
Rússia. O Sr. João Goulart foi o maior entreguista que já teve este país.”
Continuando seu discurso, acusou o
ex-Presidente Goulart de iniciar o solapamento da autoridade militar,
entregando os comandos militares a gente sem prestígio nas Forças Armadas. “O
desprestígio” – disse Lacerda – “atingiu a todos os setores do Governo, os
Ministérios Civis e a própria Casa Civil da Presidência, onde estava Darcy
Ribeiro, um instrutor de tupi-guarani, que acabou reitor da Universidade de
Brasília sem jamais ter sido professor”.
Dizendo que os brasileiros honrados
que votaram em João Goulart não tinham dado seu voto ao comunismo (“portanto
Jango enganou o povo”), Lacerda fez referências elogiosas aos Generais Castelo
Branco e Mourão Filho, atacando em seguida o Almirante Aragão (“sem condições
para ser almirante”), e aludindo ao Cabo José Anselmo: “A Marinha é tão ruim
que um cabo pode ser estudante de Direito. Em nenhuma Marinha do Mundo, nem nos
Estados Unidos, nem na Rússia – um cabo tem tempo para estudar Direito. E o sr.
João Goulart acobertou, patrocinou, estimulou toda essa gente, jogando
marinheiro contra soldado, farda contra farda, classe contra classe, brasileiro
contra brasileiro”.
“Assim, não era possível que
Marinha, Aeronáutica e Exército suportassem mais tamanha impostura e tamanha
carga de traição.” E concluiu: “Deus é bom. Deus teve pena do povo”.
Publicado na revista “O Cruzeiro” de 9 de abril de 1964
Carlos I. S. Azambuja
Historiador.
Alerta Total – www.alertatotal.net
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