Martim
Berto Fuchs
Atribui-se
ao filósofo, escritor e diplomata francês Joseph
de Maistre, defensor da Contrarrevolução Francesa, a citação: “O povo tem o
governo que merece”.
De
pronto afirmo que o povo só terá o governo que merece no dia que ele puder
escolher os candidatos que vão concorrer à gestão da res pública. Até lá, é inculpado dos crimes cometidos pela classe
dirigente, que ele foi obrigado à referendar por falta de opção.
Tomemos
alguns exemplos:
1.O
PMDB do RJ há anos toma conta da chave do cofre por onde tem uma rápida
passagem a arrecadação pública. Digo rápida, porque antes de pensarem o que
fazer com ela, já sumiu. Para onde foi, ninguém sabe ninguém viu.
Sérgio
Cabral Fº, Luiz Pesão, Eduardo Paes, Jorge Picciani, escolhem entre si e
determinam o candidato que o povo terá que referendar. Depois, bem, se a coisa
der errada, a culpa é do povo que não sabe votar.
2.Em
SP, o PSDB dá as cartas há 20 anos. José Serra, Geraldo Alkmin, Kassab, se
revesam com a chave do cofre, tanto do estado como da cidade. Há uma pequena
interrupção na cidade, com o apoio que Maluf deu “gratuitamente” para Lula emplacar
o “brimo Haddad”. Enquanto falta água se não chover regularmente, o dinheiro se
escoa pelos metrôs. Agora que o Kassab não está intermediando a eterna disputa
entre Serra e Alkmin, cada qual tenta impor seu candidato a prefeitura: Andrea
Matarazzo e João Dória Jr.. Ao povo só resta referendar quem ganhar a disputa
entre eles. Ou, algum outro nome imposto, apenas que por outra quadrilha.
3.No
PR, esclarecedora reportagem da Gazeta do Povo em 02/03/16., pelo colunista
Celso Nascimento, nos mostra como são escolhidos os candidatos:
“Pragmático operador político, o deputado federal Ricardo
Barros (PP) sabe como poucos antever e montar cenários que favoreçam o clã
familiar que lidera. Com a devida antecedência, vai amarrando as pontas da
meada para, ao final, se tudo der certo, acontecer o que ele almeja. Seu
horizonte mais longínquo está fixado na eleição da mulher, a vice-governadora
Cida Borghetti, para suceder o governador Beto Richa na eleição de 2018, mas
ele também se mexe desde já para derrubar potenciais adversários e conquistar
prefeituras importantes.”
De
povo, nem cheiro.
4.Em
SC, depois da decadência do clã Bornhausen & Konder, que não obstante
mantém seus feudos nas empresas públicas, surgiu o domínio da família Amin.
Perdidos por soberba, deram lugar à uma nova turma liderada pelo agora falecido
Luiz Henrique da Silveira, aquele que como prefeito vendeu os imóveis da
prefeitura de Joinville para investidores amigos, alugou-os em seguida, e com a
grana conseguida fez obras para o município e plainou a estrada rumo ao Palácio
em Florianópolis. Ninguém se perguntou porque ele não fez as obras com a
arrecadação própria do maior município de SC.
Hoje,
com a maior folha de pagamento do estado dentre todos municípios, o atual
prefeito de Joinville passa o tempo administrando as greves dos sindicalistas
com suas bandeiras vermelhas, incrustados no “funcionalismo público”, sempre
atrás de melhores salários e maiores vantagens. Fazer uma faxina no inchaço da
folha, nem pensar.
5.Na
Bahia, depois do desaparecimento do ACM, seus descendentes não conseguiram
manter a guarda da chave do cofre, que foi conquistada pelo “compositor”
Jacques Vagner, amigo de botequim do capo Lula. Críticas e mais críticas. Quem
se importa ?
6.
No Pará, o grileiro Jader Barbalho dá as cartas e joga de mão. Nada acontece na
sua sesmaria sem seu visto.
E
aí, nós povo, eleitores, eternos otários pagadores da conta da farra com o
dinheiro público, promovida pelos escolhidos nessa caricatura de eleições,
temos que ler e escutar, diariamente, que não sabemos votar. E portanto, que a
culpa é nossa.
Neste
nosso apodrecido sistema político, dominado pelas quadrilhas que se escondem
sob o manto de partidos, os candidatos são escolhidos e impostos pelo seu
prontuário e não pelo seu currículo. Pois quanto maior a folha corrida do
candidato, mais o eleito se submete aos interesses da quadrilha, sem falar da
sua própria participação na divisão do butim.
Não
adianta intervir no processo político se isto não mudar.
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