quarta-feira, 18 de maio de 2016

Temer está perdendo a guerra da propaganda

Martim Berto Fuchs

Desde que Getúlio Vargas transformou o DNP-Departamento Nacional de Propaganda em DIP-Departamento de Imprensa e Propaganda, 1939,  que os governos ditos populares ganham visibilidade com um marketing bem planejado e executado, além de agressivo.

O DNP tinha a função de propagar as obras executadas pelo governo e as em execução.

O DIP continuou com estas funções, mas principalmente passou a divulgar o que o governo iria fazer, não só em obras, mas a ação presente e futura de todos seus ministérios, bem assim como se defender e contra-atacar as afirmações corretas ou não da oposição.

Mais ainda, copiando o bem sucedido modelo alemão implantado por Joseph Goebbels, no auge do nazismo, 1939, passou também a criar o culto à personalidade, transformando Getúlio no “pai dos pobres”, o que rende mais dividendos do que obras, ainda mais repetido à exaustão.

Os “marketeiros” dos nossos governos militares conseguiram produzir duas  pérolas: “Brasil, ame-o ou deixe-o” e “Plante que o João garante”. Um mais infeliz que o outro.

“Brasil, ame-o ou deixe-o” foi ampliado pela oposição com “O último a sair apague a luz”.

“Plante que o João garante” foi um plano para incentivar o plantio de trigo em larga escala, produto que até hoje importamos em grande quantidade, pois nosso clima não se presta para isso, já o dizia Assis Chateaubriand em 1954. Esse plano previa um preço mínimo, alto, para a saca de trigo, como incentivo para o plantio.  Porém, na hora de vender a colheita para pagar as dívidas, o Banco do Brasil não aceitou pagar o preço combinado. Alguns agricultores entraram na justiça e ganharam a questão. Acabou o “Plante que o João garante” e os governos militares.

Hoje em dia, ou, desde 2003 quando do primeiro governo Lula, o marketing bem planejado e bem executado, tem feito a felicidade das hostes populistas do lulopetismo.

Independente da qualidade, para se ter uma idéia de quantidade, FHC em meados do seu segundo mandato, período em que os gastos excessivos dos estados e da própria União estavam levando seu governo à estagnação, ele  tomou duas iniciativas: uma, criar a LRF-Lei de Responsabilidade Fiscal,  indispensável para qualquer país que se preze. Outra, investir em publicidade daquilo que iria fazer, pois até então, o que tinha sido feito vinha sendo ofuscado pela situação e exposição das contas públicas que se deterioravam.

O governo FHC gastou em publicidade no seu último ano de mandato, 2002, tentando eleger seu candidato, R$ 252 milhões.

Pois bem, o seu sucessor, sucessor em mais de um sentido, Lula, fez toda sua imagem em cima da publicidade. Abraçou as causas sociais, que em termos de valores custaram pouco para seu governo, mas que foram otimizadas ao máximo pela publicidade bem dirigida.

Especializou-se na tática de promover aquilo que ELE, deus Lula, iria fazer. Depois, pouco gastou em mostrar o que havia feito, pois pouco havia sido feito. Para se ter uma idéia de valores, estes foram subindo ano a ano, chegando à R$ 5,2 bilhões em 2008, quando ele vendeu a idéia da “marolinha” e mesmo com a crise despontando, conseguiu emplacar sua gerentona no cargo de Presidente.

Pessoa completamente incapaz e desonesta além de teimosa, ao ponto de conseguir a oposição (fora dos holofotes) do próprio criador, acabou sendo defenestrada por conta das maquiagens efetuadas nas contas públicas.

Não obstante ter sido afastada do cargo, o que só em si deveria diminuir seu “prestígio”, o marketing bem planejado e executado está mantendo-a em evidência e colocando seu substituto em apuros. Este, tendo pegado nas mãos uma bomba com o pavio se extinguindo, não está sabendo enfrentar a guerra de propaganda que se move contra ele.

Precisa contratar urgentemente um marketeiro profissional, afastar os palpiteiros e colocá-lo junto consigo no gabinete presidencial. Fazer dele um primeiro-ministro, como o foram Duda Mendonça e João Santana para os governos dos populistas, e parar de produzir desastres em comunicação.

A situação das contas públicas é grave e exige medidas enérgicas e por conseguinte, impopulares. Por mais necessárias e bem intencionadas que sejam estas medidas, a sua implementação deve ser precedida por divulgação feita por profissional, pois do contrário, a contra-propaganda do lulopetismo pode por tudo à perder. E quem pagará a fatura seremos nós. De novo.

Mesmo medidas erradas, como provaram inúmeras vezes Lula e Dilma, são amenizadas quando bem embaladas, pois conseguem enganar a maioria, maioria formada por pessoas que ignoram completamente como estão as contas públicas, ainda mais tendo sido corrompidas sistematicamente pela publicidade anterior e que continua atuante.

Um segundo ponto desfavorável para o atual governo, e que exige divulgação profissional, é que os assuntos mais polêmicos e que agravam as contas, como as diversas reformas que já deveriam ter sido feitas, mas que estrategicamente e covardemente foram postergadas pelo “capo” Lula, agora não permitem mais adiamentos, e disto estão se aproveitando os irresponsáveis agora na oposição, para prestar mais um desserviço para o país.



Nenhum comentário: