quinta-feira, 5 de maio de 2016

Próximo Presidente capitula antes de começar

Martim Berto Fuchs

- Vou diminuir os ministérios para 20.
- Vou diminuir os ministérios para 26.
- Vou cortar no máximo uns 6 ministérios.
- Cortarei no máximo uns 3 ministérios.

Isto que ele ainda nem sentou no trono da nossa Monarquia Republicana ou República Monárquica. Quando sentar, provavelmente esse número baixe para 1. Um mês depois, para nenhum. Para continuar no trono, terá que aumentar um, ou mais, voltando aos 39 ministérios.

Ao ele comentar todo faceiro que teria uma das maiores bases aliadas que já se conseguiu reunir, tremi nas bases. Disse cá comigo: lá vem chumbo. Não deu outra. Ontem:

“Michel Temer: Cortarei no máximo uns três ministérios.

A ideia era cortar as atuais 31 pastas, consideradas excessivas, para algo em torno de 20. Na noite de terça-feira, ao fim de uma jornada que começara às sete da manhã, Temer admitia, resignado:
“Não sei se terei condições de diminuir o número de ministérios. Veja o Ministério da Cultura. Minha ideia era fundi-lo com a Educação, mas o pessoal do setor reclamou muito. Acho que cortarei no máximo uns três ministérios. Queria juntar o Desenvolvimento Agrário com a Agricultura, mas os setores não se conformaram. Pretendia também pôr dentro da Justiça o Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, mas não será possível’’.

Com a periclitante estabilidade com que vai assumir, pois sujeito a ter o diploma cassado se não andar na linha, linha que será imposta pelo TSE e seus ministros indicados pelos partidos políticos, a falta de poder, mesmo com a caneta que terá na mão, já começa aparecer.

Venho abordando em meus artigos o poder da burocracia - resultado do empreguismo desvairado que impera no Brasil -, que barra qualquer oportunidade de colocar o trem nos trilhos.

O chefão da extinta URSS, Mikhail Gorbachev, quando assumiu o poder constatou que o pleno emprego defendido pelo comunismo/socialismo, ou seja, todos empregados mesmo que não haja trabalho, tinha emperrado a máquina administrativa e por tabela, a produção.

Preocupado com a desaceleração do crescimento econômico e com o atraso tecnológico da URSS, desencadeou, em 1986, a perestroika e a glasnost.

Perestroika, ou reestruturação econômica, consiste num projeto ambicioso de reintrodução dos mecanismos de mercado, renovação do direito à propriedade privada em diferentes setores e retomada do crescimento. A perestroika visa liquidar os monopólios estatais, descentralizar as decisões empresariais e criar setores industriais, comerciais e de serviços em mãos de proprietários privados nacionais e estrangeiros.”

Glasnost, ou transparência política, desencadeada paralelamente ao anúncio da perestroika, é considerada essencial para mudar a mentalidade social, liquidar a burocracia e criar uma vontade política nacional de realizar as reformas. Abrange o fim da perseguição aos dissidentes políticos, marcada simbolicamente pelo retorno do exílio do físico Andrei Sakharov, em 1986, e inclui campanhas contra a corrupção e a ineficiência administrativa, realizadas com a intervenção ativa dos meios de comunicação e a crescente participação da população. Avança ainda na liberalização cultural, com a liberação de obras proibidas, a permissão para a publicação de uma nova safra de obras literárias críticas ao regime e a liberdade de imprensa, caracterizada pelo número crescente de jornais e programas de rádio e TV que abrem espaço às críticas.”

Mais tarde acabou reconhecendo que havia definido o que devia ser destruído e mudado, mas não o que deveria ter sido construído no lugar das estruturas antigas. Este “pequeno equívoco” custou muito caro à Rússia, pois quase se desintegrou.

A China, que se antecipou às decisões de Gorbachev, e que iniciou com a reestruturação econômica mas sem transparência política pois continuou com regime autoritário, tinha na época, 1984, o 20º PIB do mundo e o Brasil o 11º.
Pois é, eles pagaram o preço pela mudança, da produção na mão do Estado para produção nas mãos da iniciativa privada, e hoje nos superam por larga margem. Aliás, estão comprando o Brasil, “balatinho”.

Temos vícios de raiz, nós e toda America Latina, herança ibérica, que aparentemente ninguém consegue corrigir, ou, ninguém mais quer corrigir, pois entra governo, sai governo, e o problema só aumenta.

A mentira que todos governantes, eleitos por um sistema vencido, apodrecido, insepulto, continuam disseminando pelos meios de comunicação cooptados com criminosas verbas de publicidade, é de que tudo vai bem (Dilma e camarilha), ou no máximo, que teremos alguns anos de dificuldades pela frente, mas depois tudo se ajusta (Temer e a “nova” base aliada).

Só não dizem que depois de muito sacrifício para a população não aquinhoada com emprego público sem trabalho, assumirá novamente um desmiolado e incompetente qualquer, que colocará tudo a perder.

Assim, os três grupos que compõem nossa Corte, vão se revezando no assalto aos cofres públicos, e a sociedade, hipnotizada pela propaganda oficial, concorda em manter os empregados públicos com suas greves de dia e hora marcados com antecedência, greves por menos trabalho ainda e mais salário, dormindo tranqüilos, e eles, os trabalhadores da iniciativa privada, encarregados de levar este país nas costas, cada vez mais ao desabrigo, muitos já na rua.

Do ano passado para cá, mais de 5 milhões de trabalhadores da iniciativa privada perderam seus empregos. Para a parceria entre burocratas e políticos, isto é de somenos importância. Enquanto não mexerem com seus privilégios transformados em “direitos adquiridos”, o resto que se expluda.



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