sábado, 18 de janeiro de 2014

NÃO FALTA QUEROSENE

por Vittorio Medioli
Estou de certa forma triste, passei a semana revirando informações que, contra minha vontade, tive a obrigação de analisar. Estou inquieto. O desperdício de dinheiro público no Brasil é assustador. Mais assustador ainda por certificar a cafajestagem que assombra a nação brasileira e a condena ao atraso.
Décadas a fio, séculos se passarão sem que surja uma esperança? Um país desfigurado pela burocracia e pela corrupção não tem o que esperar, países que ostentam os maiores índices de justiça social são os menos corruptos e mais honestos. Não há um político que lance essa proposta, todos estão de rabo preso.
Os piores países são aqueles que enfrentam burocracia e corrupção. O Brasil está na liderança desse ranking. Mas não temos um político que fale em diminuir a burocracia, a máquina, os desperdícios. Mais e mais cartórios, currais públicos de engorda, sem compromisso profissional, com a qualidade e a ética. A escalada da imoralidade faz imaginar, em breve, a explosão das instituições. A corrupção é a atividade que mais cresce e ultrapassa o PIB industrial. Virou profissão, os partidos são seus centros de formação e pós-graduação.
Hoje o Estado age como inimigo e déspota, perverso, desavergonhado, insensível e cruel, perdulário, bandido, nefasto e sórdido. A máquina pública está em decomposição, é a maior ameaça para o cidadão.
MEDO DA POLÍCIA
O povo tem mais medo de polícia que de ladrão. Considera políticos a classe mais corrupta e desavergonhada entre todas as existentes. Políticos, com a maior cara de pau, disputam conceitualmente o fundo do poço com traficantes de drogas.
O sistema mensalão federal tem suas versões mais ou menos sofisticadas em níveis estadual e municipal. O sistema generalizou. Os escândalos são premiados com promoções e não são investigados, os partidos agem em defesa do roubo e se solidarizam, sem ruborizar, com quem pratica essas ações. Escolhem notórios ladrões para administrar verbas e tarefas públicas e dos desvios nada se salva, nem recursos para crianças, idosos, mães desesperadas.
Lula, nosso ídolo nacional, depois de sua gloriosa passagem na Presidência, disse que passaria seus dias remanescentes na nobre missão de comprovar que o mensalão não existiu?
Este é ano eleitoral, e mesmo quem tem dívidas com a Justiça já está certo que vai concorrer e se reeleger. Nos tribunais já foram colocados juízes amancebados com os partidos e o sistema está garantido, outros mensalões virão sem dar tantos problemas. A impunidade que Joaquim Barbosa ameaçou será restaurada em breve.
CEGO, SURDO E MUDO
Tantas covardias terão uma derrota? Até quando o povo brasileiro ficará cego, surdo e mudo, assistindo à dilapidação do Estado? Até quando pagará impostos, taxas e multas para manter essa triste e perversa realidade? Até onde suportará os tormentos da burocracia e da corrupção? Nunca se cansará de ser açoitado?
O pé de cabra que arromba a democracia é a exploração do despreparo das massas. Incapazes de enxergar além da ponta do nariz, de separar joio do trigo, votam cada vez pior. O ignorante usa a luneta do lado contrário.
Cargos são distribuídos aos montes, e os indicados são obrigados a devolver ao chefe meio salário. Isso acontece até na Câmara dos Deputados, descendo a escala hierárquica, a mancha de indignidade se alastra nas Assembleias estaduais, nas Câmaras de Vereadores e não para apenas em meio salário.
Em Minas Gerais, se salvam uma dezena de deputados e um punhado de vereadores de grandes cidades? Uma dezena é exagero?
Vereador para quê? Deputado para quê? Que utilidade de gastar e de dar-lhe tantas mordomias? Para que existem tribunais de contas?
Nesse começo de ano faltaram remédios na rede de saúde, mas não querosene para os aviões a jato que levaram nossos marajás para as praias. Se morrerem alguns milhares de pacientes, não faz qualquer diferença para eles num país que perdeu o rumo, a dignidade e a seriedade há muito tempo. 
Transcrito de O Tempo - Tribuna da Internet

Nota: os grifos em vermelho são do blog.

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