segunda-feira, 15 de julho de 2013

O sétimo mandamento


Sérgio da Costa Ramos

Está cada vez mais difícil ser corrupto no país da impunidade. Houve uma época mais feliz para os que nasceram sem o pudor de atentar contra o sétimo mandamento. Com o rugido das ruas, ser corrupto já não é um facilitário, um “mamão com açúcar”...
Pensam que vida de corrupto é fácil ? Que é só pegar o “ramalhete” de dinheiro e pronto ? Ir gozar a vida e um mandato novo, com direito a novas emendas do orçamento ?
Ser corrupto é padecer no Paraíso. É ser descoberto pela imprensa enxerida e golpista que “adora” fazer escândalo de tudo. Que gosta de maltratar e expor ao ridículo os nossos ladrões mais honestos e tradicionais.
Corrupto também sente vergonha. A seu modo, claro. É vergonhoso perder, por exemplo, “aquela” concorrência pública que já estava combinada – e, por isso, no “papo”.
É cada vez mais desagradável aparecer no jornal com o epíteto de “ladrão”. E – suprema desonra – figurar em alguma fotografia usando o infame “bracelete”  daquelas algemas niqueladas.
Roubar é verbo conjugado no Brasil desde Pedro Alvarez Cabral – e nunca se soube que tenha sido banido como verbo avesso aos usos e costumes da Terra Papagalis.
Esteve tão disseminada no Brasil a transgressão ao sétimo mandamento das tábuas de Moisé - o Não Roubarás – que já se tornou uma verdade quase bíblica a suposição de que, aqui, o ladrão já nasce feito.
Houve um tempo que seria melhor “legalizar” logo o roubo, o furto. E cobrar imposto. Roubo acima de 1 milhão, alíquota máxima de 27,5% sobre o total “aliviado” do Tesouro.

Quem seria o primeiro parlamentar a acolher a idéia, transformando-a em projeto de Lei ? Talvez aquele com conta na Suiça, mas que vive repetindo:
“Quem encontrar um centavo meu no exterior, terá o direito de herdá-lo...”

Com a legalização da ladroagem os contribuintes seriam menos lesados. Afinal, ficaria valendo aquela sábia máxima tributária, segundo a qual “quando todos pagam, todos pagam menos”.
As ruas se rebelaram e frustraram o sonho da impunidade bem sucedida e do furto sem publicidade. Hoje, os corruptos de plantão podem até continuar  a sua nefanda prática, mas já não escaparão de ser apontados nas ruas como os novos Judas da nação brasileira.
Os trinta dinheiros vão sair muito mais caros do que o seu valor de face.

“Transcrito do Diário Catarinense – 15 de julho de 2013”.

Comentário do blog:

Essa situação não vai mudar com os remendos que nossos políticos estão propondo, em função da pressão à que estão sendo submetidos atualmente.
Novamente conseguirão emplacar alguma solução de emergência e com o apoio da mídia chapa branca e mais alguns bilhões de reais em publicidade diversionista, o problema mesmo – sistema político anacrônico – será relegado à segundo plano, até que um dia a coisa degringole mesmo e acabemos numa guerra civil. Guerra civil, que à exemplo da África, não resolverá nada, pois mesmo com milhares de mortos não conseguem ultrapassar a barreira das duas maiores pragas:  ideologias (direita x esquerda) e religião (se matam em nome do mesmo Criador, apenas com nomes diferentes: Jeová, Deus, Allá).

Discutir com seriedade uma nova proposta, um novo Contrato Social – JÁ ESTAMOS NO SÉCULO 21 - esquecendo essas velhas e surradas regras que nunca trouxeram ao ser humano uma vida com dignidade, nem pensar.

Enquanto nosso políticos, o que duvido, e nossos pensadores não tirarem as viseiras que os impelem a olhar sempre para o mesmo ponto, confundindo efeito como causa, continuaremos a nos enganar e a pagar a conta da farra e do desperdício do dinheiro extorquido da população através de impostos, enriquecendo poucos às custas e em detrimento de muitos.


 
 

 

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