quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Capitalismo Social x liberalismo e marxismo


por Martim Berto Fuchs

Discutir o lado filosófico do capitalismo, exposto positivamente por Adam Smith, David Ricardo, Max Weber, para ficar nos primeiros e mais conhecidos, e negativamente por Karl Marx em parceria com Engels, e estes contrapondo com o comunismo, é levar essa discussão pelo campo teórico, em torno de conceitos, o que objetivamente não leva a nada, pois não resolve a situação dos empreendedores e muito menos dos trabalhadores brasileiros.
Os trabalhadores, visto aqui apenas como empregados não sócios, precisam além do emprego um pagamento e uma vida digna, e o empreendedor quer o mesmo e mais a remuneração do seu capital, sem contar o cuidado para que não acabe todo ele nas mãos do Estado (impostos e multas) e/ou dos especuladores (juros e manobras especulativas).
Portanto, se ainda cabe alguma discussão quanto aos dois sistemas citados, liberalismo e marxismo, é porque eles não atenderam as duas premissas acima e pelos mesmos motivos, quais sejam:

1. No lado físico, o tamanho do Estado. Como “sócio majoritário” nas sociedade capitalistas, primeiro credor de toda receita gerada no país - sua parte na repartição da riqueza em 2009 ficou em 38% -, consome, apenas para se auto-sustentar, quase todo excedente da produção, retornando à quem de direito, à quem a produziu, só as migalhas. É um fim em si mesmo, e a continuar assim, desnecessário.
Nas sociedades comunistas, o Estado é a sociedade (teoricamente) e mesmo distribuindo apenas um pouco para cada um pela incapacidade inata de gerar excedente, não consegue se sustentar e atender as demandas de uma sociedade sempre crescente, logo, de um Estado sempre crescente, não obstante seu controle primeiro sobre os fetos, segundo na taxa de natalidade e terceiro pela eliminação dos contrários.

2. No lado espiritual, do lado comunista/socialista, chama atenção uma afirmação de Engels que foi depois contrariada por Marx e encampada na sua essencia por aqueles que desde então tentaram implementar o marxismo, que é o confronto entre a crença em Deus apresentada por Engels e o materialismo de Marx, finalmente utilizado. Palavras deles:

Engels:  O sujeito desse mundo em movimento é o Espírito do Mundo (ou Superalma; ou Consciência Absoluta), que representa a consciência humana geral, comum a todos indivíduos e manifesta na ideia de Deus.”
Marx:  “A existência material precede qualquer pensamento; inexiste possibilidade de pensamento sem existência concreta. Marx inverte, então, a dialética hegeliana, porque coloca a materialidade – e não as ideias – na gênese do movimento histórico que constitui o mundo. Elabora, assim, a dialética materialista (conceito não desenvolvido por Marx, que também costuma ser referida por materialismo dialético).”
Reside aí o erro primordial de Marx, pois ao considerar o ser humano apenas como matéria descartável, ensejou que psicopatas de vários matizes impusessem a foice e martelo a sua proposta, cada um se esmerando em assassinar contrários para que só sobrassem aqueles que aceitassem a nova ordem, contrária ao capitalismo. 
De acordo com a teoria de Marx - corpo/cérebro sem alma(espírito), apenas matéria - é depois do nascimento que se forma todo “recheio” da mente, logo, pode se incrementar nela o que se deseja, e, para aquelas já formadas, por exemplo, uma mente recheada com idéias capitalista, basta uma boa lavagem cerebral e um “recheio” mais de acordo; se não resolver, descarta-se, produz-se outra. Para eles, simples assim.

Poderíamos dar um desconto a Marx ao não acreditar nos cristãos, mas é difícil aceitar que na sua convivência com Engels e nos seus aprofundados estudos, tivesse descartado por completo a existência da alma(espírito), transformando o ser humano em matéria descartável, cérebro/corpo.
Lá pelos idos de 1850, onde espiritualidade no mundo ocidental era apenas a conhecida pelos exemplos cristãos, ainda poder-se-ia aceitar, mas hoje em dia, com todas comprovações da reencarnação, da percepção extra-sensorial, da não localidade da mente e do mundo espiritual, da física quântica e agora também da física noética, continuar considerando o ser humano apenas como matéria, sem consciência individual, somente cérebro, e por isso tratado igual e coletivamente, obediente e calado, salvo se for para mugir loas aos donos eventuais do Estado, teoricamente de todos, é assinar um atestado de deliberada ignorância.

Atentem: o que é congênito no ser humano é a personalidade, que vai se formando em cada encarnação, logo, não se pode tratar igualmente os desiguais, independente de cor, raça, sexo ou credos.

Não que o liberalismo oriundo dos ditos cristãos tenha sido, no aspecto humano, muito melhor só porque não mata acintosamente; pois ele pouco se importa com a quantidade de desgraçados que deixa pelo caminho nas suas metas de sucesso à qualquer preço, principalmente entre aqueles que não conseguem ser empreendedores e sim servidores, indispensáveis da mesma forma para a subsistência de todos.
Esse cristianismo oriundo de Paulo de Tarso e suas “visões” de Jesus, de suas “conversas” com Jesus desencarnado, que Constantino preferiu ao fundir o paganismo existente no Império Romano à pregação desenvolvida por Jesus na época, que não criava uma nova religião, apenas trazia uma boa nova ao judaismo existente, um Deus de amor em vez de rancor, esse cristianismo que Lutero reformulou em alguns dos seus preceitos mais graves – Idade Média ou das trevas, durou exatamente desde a criação desse cristianismo, ano 325 até a reforma de Lutero, 1517 – foi que serviu de alicerce para o surgimento do liberalismo, sem esquecer do calvinismo, onde se iniciou a revolução industrial.

Engels estava no caminho certo na definição do ser humano, mas assim como Paulo  desvirtuou a pregação de Jesus,  Marx desvirtuou a concepção de Engels. O resultado é esse antagonismo entre cristãos e materialistas, onde a bomba sempre explode em quem não tem como se defender, pois se no capitalismo, para aqueles que conseguem escapar da ação nefasta do Estado, só se dá bem quem for patrão, no marxismo só se dá bem quem chegar à burocracia dirigente.  

Desde 1808 que nossos governantes, independente de suas convicções religiosas e ideológicas, que na maioria das vezes servem somente para as poses nas fotos de domingo e em véspera de eleição, fazem do Estado um prolongamento dos seus negócios. Costumam misturar, “inadvertidamente”, o dinheiro público com o privado, resultando daí, invariavelmente, uma diminuição dos saldos bancários do governo e um aumento dos saldos bancários, no exterior, dos governantes e seus financiadores e fornecedores da iniciativa privada.

Capitalismo Social é uma proposta que leva em conta os dois aspectos citados e não veio para debater indefinidamente Adam Smith x Karl Marx. Já reconheceu o essencial, que é a falta de perspectiva futura para a maior parte da humanidade, e para tanto tem proposta.

Para que não se diga que há uma terceira causa, pois já é efeito, vamos citá-la: a concentração de capital nas mãos da plutocracia internacional. Essa já é uma consequência direta dos Estados que nos desgovernam, desde que os mesmos, na sua divina orgia, fausto e irresponsabilidade, tendo esgotado os recursos extorquidos dos seus cidadãos via impostos e multas, apelam para o cheque especial, bancado por quem lhes conhece e explora as fraquezas, fraquezas essas surgidas e amparadas pela impunidade tornada regra, não mais excessão.

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