por Martim Berto Fuchs
Discutir o lado filosófico do capitalismo, exposto positivamente por Adam Smith, David Ricardo, Max Weber, para ficar nos primeiros e mais conhecidos, e negativamente por Karl Marx em parceria com Engels, e estes contrapondo com o comunismo, é levar essa discussão pelo campo teórico, em torno de conceitos, o que objetivamente não leva a nada, pois não resolve a situação dos empreendedores e muito menos dos trabalhadores brasileiros.
Discutir o lado filosófico do capitalismo, exposto positivamente por Adam Smith, David Ricardo, Max Weber, para ficar nos primeiros e mais conhecidos, e negativamente por Karl Marx em parceria com Engels, e estes contrapondo com o comunismo, é levar essa discussão pelo campo teórico, em torno de conceitos, o que objetivamente não leva a nada, pois não resolve a situação dos empreendedores e muito menos dos trabalhadores brasileiros.
Os trabalhadores, visto aqui apenas como empregados não sócios, precisam
além do emprego um pagamento e uma vida digna, e o empreendedor quer o mesmo e
mais a remuneração do seu capital, sem contar o cuidado para que não acabe todo
ele nas mãos do Estado (impostos e multas) e/ou dos especuladores (juros e
manobras especulativas).
Portanto, se ainda cabe alguma discussão quanto aos dois sistemas citados,
liberalismo e marxismo, é porque eles não atenderam as duas premissas acima e
pelos mesmos motivos, quais sejam:
1. No lado físico, o tamanho do Estado. Como “sócio majoritário” nas
sociedade capitalistas, primeiro credor de toda receita gerada no país - sua
parte na repartição da riqueza em 2009 ficou em 38% -, consome, apenas para se
auto-sustentar, quase todo excedente da produção, retornando à quem de direito,
à quem a produziu, só as migalhas. É um fim em si mesmo, e a continuar assim, desnecessário.
Nas sociedades comunistas, o Estado é a sociedade (teoricamente) e mesmo
distribuindo apenas um pouco para cada um pela incapacidade inata de gerar
excedente, não consegue se sustentar e atender as demandas de uma sociedade
sempre crescente, logo, de um Estado sempre crescente, não obstante seu
controle primeiro sobre os fetos, segundo na taxa de natalidade e terceiro pela
eliminação dos contrários.
2. No lado espiritual, do lado comunista/socialista, chama atenção uma afirmação
de Engels que foi depois contrariada por Marx e encampada na sua essencia por
aqueles que desde então tentaram implementar o marxismo, que é o confronto
entre a crença em Deus apresentada por Engels e o materialismo de Marx,
finalmente utilizado. Palavras deles:
Engels: “O sujeito desse mundo em movimento é o Espírito
do Mundo (ou Superalma; ou Consciência Absoluta), que
representa a consciência humana geral, comum a todos indivíduos e manifesta na
ideia de Deus.”
Marx: “A
existência material precede qualquer pensamento; inexiste possibilidade de
pensamento sem existência concreta. Marx inverte, então, a dialética hegeliana,
porque coloca a materialidade – e não as ideias – na gênese do movimento
histórico que constitui o mundo. Elabora, assim, a dialética materialista
(conceito não desenvolvido por Marx, que também costuma ser referida por materialismo dialético).”
Reside aí o erro primordial de Marx, pois ao considerar o ser humano apenas
como matéria descartável, ensejou que psicopatas de vários matizes impusessem a
foice e martelo a sua proposta, cada um se esmerando em assassinar contrários
para que só sobrassem aqueles que aceitassem a nova ordem, contrária ao
capitalismo.
De acordo com a teoria de Marx - corpo/cérebro sem alma(espírito), apenas
matéria - é depois do nascimento que se forma todo “recheio” da mente, logo,
pode se incrementar nela o que se deseja, e, para aquelas já formadas, por
exemplo, uma mente recheada com idéias capitalista, basta uma boa lavagem
cerebral e um “recheio” mais de acordo; se não resolver, descarta-se, produz-se
outra. Para eles, simples assim.
Poderíamos dar um desconto a Marx ao não acreditar nos cristãos, mas é
difícil aceitar que na sua convivência com Engels e nos seus aprofundados
estudos, tivesse descartado por completo a existência da alma(espírito),
transformando o ser humano em matéria descartável, cérebro/corpo.
Lá pelos idos de 1850, onde espiritualidade no mundo ocidental era apenas a
conhecida pelos exemplos cristãos, ainda poder-se-ia aceitar, mas hoje em dia,
com todas comprovações da reencarnação, da percepção extra-sensorial, da não
localidade da mente e do mundo espiritual, da física quântica e agora também da
física noética, continuar considerando o ser humano apenas como matéria, sem
consciência individual, somente cérebro, e por isso tratado igual e
coletivamente, obediente e calado, salvo se for para mugir loas aos donos
eventuais do Estado, teoricamente de todos, é assinar um atestado de deliberada
ignorância.
Atentem: o que é congênito no ser humano é a personalidade, que
vai se formando em cada encarnação, logo, não se pode tratar igualmente os
desiguais, independente de cor, raça, sexo ou credos.
Não que o liberalismo oriundo dos ditos cristãos tenha sido, no aspecto
humano, muito melhor só porque não mata acintosamente; pois ele pouco se
importa com a quantidade de desgraçados que deixa pelo caminho nas suas metas
de sucesso à qualquer preço, principalmente entre aqueles que não conseguem ser
empreendedores e sim servidores, indispensáveis da mesma forma para a
subsistência de todos.
Esse cristianismo oriundo de Paulo de Tarso e suas “visões” de Jesus, de
suas “conversas” com Jesus desencarnado, que Constantino preferiu ao fundir o
paganismo existente no Império Romano à pregação desenvolvida por Jesus na
época, que não criava uma nova religião, apenas trazia uma boa nova ao judaismo
existente, um Deus de amor em vez de rancor, esse cristianismo que Lutero
reformulou em alguns dos seus preceitos mais graves – Idade Média ou das
trevas, durou exatamente desde a criação desse cristianismo, ano 325 até a
reforma de Lutero, 1517 – foi que serviu de alicerce para o surgimento do
liberalismo, sem esquecer do calvinismo, onde se iniciou a revolução industrial.
Engels estava no caminho certo na definição do ser humano, mas assim como
Paulo desvirtuou a pregação de
Jesus, Marx desvirtuou a concepção de
Engels. O resultado é esse antagonismo entre cristãos e materialistas, onde a
bomba sempre explode em quem não tem como se defender, pois se no capitalismo,
para aqueles que conseguem escapar da ação nefasta do Estado, só se dá bem quem
for patrão, no marxismo só se dá bem quem chegar à burocracia dirigente.
Desde 1808 que nossos governantes, independente de suas convicções religiosas
e ideológicas, que na maioria das vezes servem somente para as poses nas fotos
de domingo e em véspera de eleição, fazem do Estado um prolongamento dos seus
negócios. Costumam misturar, “inadvertidamente”, o dinheiro público com o
privado, resultando daí, invariavelmente, uma diminuição dos saldos bancários
do governo e um aumento dos saldos bancários, no exterior, dos governantes e
seus financiadores e fornecedores da iniciativa privada.
Capitalismo Social é uma proposta que leva em conta os dois aspectos
citados e não veio para debater indefinidamente Adam Smith x Karl Marx. Já
reconheceu o essencial, que é a falta de perspectiva futura para a maior parte
da humanidade, e para tanto tem proposta.
Para que não se diga que há uma terceira causa, pois já é efeito, vamos
citá-la: a concentração de capital nas mãos da plutocracia internacional. Essa
já é uma consequência direta dos Estados que nos desgovernam, desde que os
mesmos, na sua divina orgia, fausto e irresponsabilidade, tendo esgotado os
recursos extorquidos dos seus cidadãos via impostos e multas, apelam para o cheque
especial, bancado por quem lhes conhece e explora as fraquezas, fraquezas essas
surgidas e amparadas pela impunidade tornada regra, não mais excessão.
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