Fernão Lara Mesquita
Enviei a um amigo esta manhã o
artigo de Marco Antonio Villa para O Globo de segunda-feira, “A
Revolução Cultural do PT” (aqui), denunciando a tentativa do
mesmo Ministério da Educação daquela boa gente que nos governa e se arroga o
direito de decidir até em que banheiro a sua filha criança vai fazer as
necessidades dela, de matar a pau o que resta da educação nestes tristes
trópicos tornando oficial e obrigatória a falsificação geral da História do
Brasil e do Mundo que, em grande medida, já vem sendo martelada nos ouvidos das
duas ou tres gerações de brasileiros “formados” para ver suprema
sabedoria no que dizem e fazem gente como Lula da Silva, Dilma Rousseff, Rui
Falcão e cia. ltda., e acreditar que isso é só o que existe e sempre existiu no
mundo.
Recebi de volta a desculpa
esfarrapada com que as TVs estão lambuzando essa denuncia, que foi a que o PT
lhes forneceu para ser repassada à patuléia desavisada: a de que o assunto está
“aberto ao debate nacional” e a decisão será fruto desse debate, “sem
nenhum viés ideológico”, etc., etc. e tal…
Como eu vivo dizendo aqui que a
solução para desatolar o Brasil da lama corrosiva de mentiras, falsificações e
crimes em que o enfiaram é uma dose saudável de democracia direta, aproveito
para marcar mais uma vez a diferença.
Foi assim que respondi ao meu amigo:
“Prezado P…,
É esse o velho truque da falsa
democracia direta da esquerda: eles dizem, dos seus projetos-golpes, que estão “abertos às contribuições do público” sendo,
portanto, democráticos e não impositivos. Mas não dizem como as
sugestões eventualmente aportadas serão processadas.
Quem escolhe as que serão adotadas e
as que vão para o lixo? Por qual critério? De maioria? E quem afere essa maioria?
Quanto valem essas maiorias se as convocações para as “contribuições” forem feitas em voz baixa ou se
elas só puderem ser dadas em sessões de “debates” ou “audiências” às
quais só funcionários públicos indemissíveis ou ongueiros profissionais têm
tempo para comparecer?
É aí que a coisa pega…
Os repórteres do antigo 4º Poder –
aquele poder de pautar o debate político da nação que hoje os acionistas das
empresas jornalísticas delegam sem nem querer saber pra quem desde que lhes
entreguem os lucros combinados – nunca chegam a esses detalhes. Não haveria nem
tempo pra essa discussão nas entrevistas das mídias de massa, tipo
TVs, ainda que houvesse a disposição (que não há) de trava-la.
Engolem com casca e tudo o cala-boca que é essa desculpa de que se trata de uma
(falsa) obra coletiva e aberta como se isso fosse explicação bastante e
fica o dito pelo não dito. O povo baixa a guarda e a vida segue…
Por conta de expedientes de “legitimação” desse grau de “sofisiticação”
e “qualidade” mata-se, no Brasil de hoje, sem que ninguém tenha saco de
olhar um pouco mais fundo para mais uma falcatrua, coisas “desimportantes”
como sistemas educacionais inteiros. Quando o país finalmente abre o olho, já está
morto e enterrado no arbítrio como as venezuelas da vida…
Abraço,
Fernão.
PS.: O truque é tão velho e
recorrente que entre as dezenas de figuras jurídicas do que os americanos
chamam de “ballot measures” (as leis de iniciativa popular e
outras formas de intervenção direta de que todo cidadão dispõe para enfiar nas
cédulas – os “ballots” – de toda eleição as questões que acha importantes
pedindo um “sim” ou um “não” de seus pares
por cima e à margem das tramoias dos legisladores), há uma que se chama “Advisory
Question” criada especificamente para a finalidade de tirar da boca dos
maus jornalistas essa mentira surrada de alegar do nada que a “opinião
pública”pensa assim ou assado sobre tal ou qual assunto.
Qualquer cidadão pode propor uma
tomada de posição realmente legitimada pelo voto sobre uma questão qualquer –
se a comunidade acha ou não acha bom que haja um currículo nacional unificado,
por exemplo – e enfiá-la na cédula da próxima eleição se conseguir a adesão de
um número suficiente de eleitores do seu distrito eleitoral, apenas para que
fique claramente sabido qual de fato é a posição daquela comunidade sobre
aquele assunto, para qualquer eventualidade futura.
É claro que, entre essas “ballot measures” eles podem escolher também
as variadas formas de “iniciative” ou de “veto
referendum” para fazer ou desfazer as leis que algum legislador ou
governante esperto tiver tentado lhes impingir com um decreto qualquer de
véspera de Natal, ou se recusado a propor apesar da manifesta vontade do povo
de que assim fosse feito, ou alguma outra variação dos luxos a que se podem dar
os nossos “inimpeacháveis” representantes uma vez eleitos, dessas a que
estamos acostumados por aqui e a imprensa já “acha normal“.
Lá tem espaço pra essas delicadezas:
a “Advisory Question” entra no jogo
só a título de “recomendação” ao legislador que porventura esteja
alimentando alguma idéia “esperta” em resposta a “factóides”
igualmente “espertos” plantados na imprensa, por exemplo…
Isso sim, meu caro, é a democracia
direta verdadeira; um conjunto de hábitos e procedimentos recorrentes de
higiene política que desinfeta a mentiraiada podre e previne as mortíferas
epidemias de lepra moral como essa que nos assola, com decisões legitimadas por
todos os eleitores em processos acima de qualquer suspeita.
De modo que, cuidado! Recuse
imitações baratas, sobretudo em se tratando de “remédios” que podem nada menos que matar de uma vez
para sempre a democracia que se alega para receitá-los!
Blog VESPEIRO
Comentários:
Ao ministro da Educação, Aloisio
Mercadante.
Senhor Ministro,
A proposta de currículo ora
apresentada é inominável. Não pode ser objeto de consideração, nem mesmo como
texto inicial a ser debatido.
Como diz o povo Brasil afora, “pau
que nasce torto, não tem jeito, morre torto”. Será, assim, medíocre qualquer
texto final que tome como base o ora apresentado.
A proposta deve ser sumariamente
retirada e nova forma de buscar tais diretrizes curriculares deve ser
estabelecida.
Confiando em seu tirocínio, aguardo
providências.
Atenciosamente,
Prof. Dr. Luiz Ferri de Barros
Mestre e Doutor em Filosofia da Educação – USP
Administrador de Empresas – FGV
Mestre e Doutor em Filosofia da Educação – USP
Administrador de Empresas – FGV
Comentário do blog: Dr. Luiz Ferri de Barros, “pau que nasce
torto, não tem jeito, morre torto”. Aloisio Mercadante é um pau que nasceu
torto. Sds. (MBF).
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