Renato Sant'Ana
É fácil criticar o que não está bem. Mas esse é o lado cômodo da
vida: criticar, cobrar, reclamar, exigir e protestar. É a primeira habilidade
que se manifesta em nós: nascemos berrando, protestando contra qualquer
desconforto. Agora, O QUE SINALIZA QUE somos verdadeiramente adultos e não mais
bebês chorões É o sentido que imprimimos em nossos atos, quer reivindicando ou
reclamando, quer tomando iniciativas em favor próprio ou sendo solidários com
nossos semelhantes.
Vejam-se aqui dois casos (um estrangeiro, outro nacional) cujas
circunstâncias requerem de pais/cidadãos uma participação ativa, isto é, que
sejam plenamente adultos e não apenas regressivos chorões.
Caso 1:
O condado de Augusta, no Estado americano da Virgínia, em
18/12/2015 (recente), suspendeu as atividades escolares em resposta a uma
mobilização da comunidade. Tudo começou quando uma professora de geografia, da
escola de ensino médio Riverheads, em Staunton, passou para seus alunos, como
dever de casa, copiar a "shadada", a profissão de fé muçulmana, a ser
reproduzida em sua forma escrita em árabe. A intenção alegada pela professora
foi mostrar "a complexidade artística
da caligrafia" da língua mais usada nos países muçulmanos.
Atenção! A
tal profissão de fé diz: "Não há deus que não seja Alá.
Maomé é o
mensageiro de Alá."
Pais e estudantes reagiram, entendendo que a professora
pretendeu converter os jovens ao islamismo. A indignação da comunidade ficou
extrema quando circulou a informação de que, em uma das aulas
sobre islamismo, foi sugerido às meninas da escola que experimentassem usar o
"hijab", um tipo de véu islâmico. A mãe de um
estudante, Sra. Kimberly
Herndon, repeliu a doutrinação e, em sua página do facebook,
escreveu:
"Este mal foi inoculado entre nós na forma de multiculturalismo."
E
acrescentou: "Esta religião está ligada à guerra santa e
esta frase [da
profissão de fé] é o que se grita quando decapitam aqueles que
professam
a fé cristã." Eis uma esclarecida mãe.
Caso 2:
Em meados de 2006, o Jornalista Diego Casagrande teve em mãos (e
denunciou) o livro "Geografia", (de Antonio Aparecido e Hugo
Montenegro) obrigatório na 5ª série do primeiro grau do Colégio Salesiano Nossa
Senhora Auxiliadora, de Bagé, RS. Casagrande constatou que, no
tal
livro, as crianças são induzidas a adotar crenças como
"propriedades
grandes são de 'alguns' e assentamentos e pequenas propriedades
familiares 'são de todos'"; "'trabalhar livre, sem
patrão' é 'benefício
de toda a comunidade'"; "assentamentos são 'uma forma
de organização
mais solidária' do que as 'grandes propriedades rurais'".
A matéria informa, ainda, que o livro contém "um enorme
texto" de João
Pedro Stédile "o líder do criminoso MST que há pouco tempo
[em 2006]
sugeriu o assassinato dos produtores rurais brasileiros. O mesmo
líder
que incentiva a invasão, destruição e o roubo do que aos outros
pertence." No texto, Stédile relata como funciona o
movimento e descreve
que, nos assentamentos, "meninos e meninas, a nova geração
de
assentados... formam filas na frente da escola, cantam o hino do
Movimento dos Sem-Terra e assistem ao hasteamento da bandeira do
MST".
Muitos pais ficaram indignados com a flagrante doutrinação
socialista,
motivo por que o livro chegou às mãos do repórter.
O Colégio Auxiliadora é uma escola de ensino privado e uma das
mais
tradicionais de Bagé, atraindo alunos de outros municípios da
região.
Acreditando na qualidade do ensino, muitas famílias realizam
grande
esforço econômico para manter seus filhos ali. Devidamente
esclarecidas,
muitas não aceitavam a lavagem cerebral imposta às crianças.
"Um grupo
de pais está indignado com a escola, mas não consegue se
organizar
minimamente para protestar e tirar essa porcaria travestida de
livro
didático do currículo do colégio", escreveu Casagrande,
acrescentando:
"Alguns até reclamam, mas muitos que se tocaram da podridão
travestida
de ensino têm vergonha de serem vistos como diferentes. Eles não
são
minoria, eles não estão errados, mas sentem-se assim."
Problematizando a questão
Cabe o sistema de ensino impor uma ideologia aos educandos? A
autoridade pública pode alegar que "não existe neutralidade",
apontando viés ideológico no ensino tradicional e, sob esse pretexto,
determinar outra ideologia (de sua escolha) a ser imposta aos estudantes? Se,
por
exemplo, o pessoal do Ministério da Educação entender que
"ninguém nasce mulher nem homem", que tudo é condicionamento
cultural, será aceitável que essa visão (ideologia de gênero) seja imposta aos
estudantes?
Professores têm legitimidade para impor aos alunos as suas
crenças sobre "luta de classe"? A escola tem autoridade para pregar o
ateísmo? São apenas algumas questões. Úteis para iniciar uma reflexão.
Nos dois casos citados há, por um lado, uma arbitrária escolha
ideológica e, por outro, a imposição de uma doutrina aos alunos.
Desrespeita-se, assim, a prerrogativa, que a família tem, de escolher a escala
de valores que há de pautar a vida dos filhos. Ora, o zelo pela fixação dos
valores é, para muitos pais, critério para decidir onde matricular as crianças,
sendo natural, por exemplo, que busquem uma escola com a mesma orientação
religiosa da família. Outros valores (não-religiosos) poderão ser considerados.
É evidente, portanto, que aescola deve deixar claro que tipo de ensino pratica.
Nos dois casos as instituições pecaram pela falta de transparência. (Aliás,
ainda que o erro seja de iniciativa do professor, a instituição não fica isenta
de responsabilidade.)
Na escola da Virgínia, alunos e respectivas famílias reagiram,
tomando posição contrária à conduta do educandário e suscitando uma atitude das
autoridades locais. Entrementes desconheço e até considero improvável
que algo semelhante haja ocorrido em Bagé. Houve, isto sim, uma
enfática
resposta da Rede Salesiana de Escolas ao jornalista, refutando a
interpretação mas não negando os fatos denunciados; confirmando,
por
conseguinte, o que foi por ele descrito.
No Brasil, a ditadura do "politicamente correto" tem
sido eficaz para neutralizar aqueles que, embora descontentes com os fatos, são
fracos de espírito. É, inclusive, a observação do jornalista, quando diz que
alguns pais até reclamam, mas "têm vergonha de serem vistos como
diferentes."
Há muito a ser dito sobre a pregação islâmica e a doutrinação
socialista. Mas não agora. Apenas destaco que, em ambos os casos, restou
possível escolher entre favorecer a expansão ideológica (bastando ser omisso)
ou ter "atitude ativa" defendendo e afirmando valores.
Nesse sentido, que é que pretendemos infundir em nossos jovens:
valores universais ou crenças sectárias? Uma noção responsável de liberdade ou
a adesão irrefletida a uma ideologia escolhida para eles? Que desenvolvam um
modo criativo de viver ou que se deixem levar por crenças pré-estabelecidas?
Que sejam (ao terem posição atuante no processo social) movidos por um coração
impregnado de amor ao próximo ou governados por ódio? Autonomia ou obediência?
Leveza ou revolta?
Com efeito, pais que pretendam ser verdadeiros educadores não
podem furtar-se de imaginar o modelo de ser humano que desejam ver surgir com a
educação dos filhos nem podem ignorar qual modelo de sociedade estes irão
constituir. E é uma reflexão incessante, de uma vida inteira, eis que qualquer
simplificação só favorece o obscurantismo.
P.S. Nos links, leia o texto de Casagrande e a resposta da Rede
Salesiana de Escolas; um excelente artigo de C.A. di Franco; e
um vídeo
denunciando a degeneração da sexualidade de nossas crianças nas
escolas.
http://la3.blogspot.com.br/2006/07/casagrande-denuncia-revoluo-comunista.html
http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/educacao-sexual-compulsoria-2hxi7q9et9a5ao4m9wznv9uu2
http://alertabrasil.blogspot.com/2013/07/esse-video-e-importantissimo-assistam.html
Renato Sant'Ana
Psicólogo e Bacharel em Direito.
Alerta Total – www.alertatotal.net
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