Folha
de SP/UOL
Depois de despejar R$ 362 bilhões até 2014 em empréstimos
subsidiados do BNDES para a compra de máquinas e equipamentos, o governo
encerrou o PSI (Programa de Sustentação de Investimentos) no final do ano
passado com uma conta para pagar de pelo menos R$ 214 bilhões.
A maior parte desse valor (R$ 184 bilhões) entrará na
contabilidade da União como dívida pública.
O
restante (R$ 30 bilhões) terá de ser coberto pelo Tesouro até 2041 para
compensar a diferença entre os juros pagos pelo BNDES à União na captação dos
recursos (mais elevados) e as taxas cobradas dos tomadores dos empréstimos
(abaixo da inflação).
Conhecido
ironicamente como "Bolsa Empresário", o PSI não ofereceu à economia
um estímulo à altura dos desembolsos realizados desde 2009, quando o programa
foi criado para ajudar a tirar o país da crise global.
Os
benefícios foram pontuais em alguns setores e maiores para grandes empresas,
que normalmente têm acesso a outras fontes de financiamento.
Por
meio da Lei de Acesso à Informação, a Folha obteve
as planilhas de quase 1 milhão de empréstimos do PSI, que liberou R$ 362,3
bilhões, entre 2009 e 2014, cobrando juros abaixo da inflação. Os dados de 2015
ainda não foram fechados.
A
análise deste material revelou que 1% dos 315 mil beneficiados concentrou 56%
dos empréstimos, cerca de R$ 203 bilhões. Desse grupo só fizeram parte grandes
empresas e até empresários.
A
campeã individual de crédito foi a Petrobras, maior empresa do país, que pegou
quase R$ 4 bilhões. No momento em que a estatal foi forçada pelo governo a
manter o preço da gasolina abaixo do valor real, a companhia tomou R$ 1 bilhão
com juros de 3% ao ano para pagar em 10 anos, começando só após o segundo ano
(carência).
Uma
centena de grandes empresários, a maioria do agronegócio, também recorreu ao
PSI. Entre eles está Erai Maggi. Conhecido como o "rei da soja", ele
conseguiu R$ 297,6 milhões. A ex-prefeita de Campos de Júlio (MT), Claides
Masutti também está na lista. Ela perdeu o cargo recentemente por distribuir
churrasco a eleitores.
CONTROVÉRSIA
Economistas
divergem sobre a política de juros subsidiados. Uns a defendem como forma de
estimular a indústria e o crescimento nacional. Outros afirmam que ela agrava
as contas públicas.
A
análise dos dados macroeconômicos mostrou que o aumento dos empréstimos do PSI
não significou um crescimento proporcional de benefícios para a economia.
Existe
pouca relação entre os recursos liberados pelo programa e a geração de emprego,
renda e até o investimento dos tomadores.
"O
subsídio infla artificialmente o retorno de um investimento. Se ele for
suficientemente alto, qualquer projeto de investimento torna-se viável. Mesmo
aqueles que não deveriam ser financiados", diz Vinicius Carrasco,
economista da PUC-RJ.
Para
as empresas, o PSI permitiu antecipar investimentos. O ex-ministro da Fazenda
Guido Mantega chegou a defender o programa no Congresso. Disse que, sem ele, a
recessão atual seria mais grave.
Já
para Carlos Oberto da Costa, fazendeiro de Unaí (MG), que tomou R$ 26 milhões
no BNDES, ninguém precisa de subsídio. "A gente precisa é de juro
adequado."
Folha
de SP/UOL
Comentário do blog: tem um aspecto que poucos comentam. É que dependendo da situação econômica, o valor
da taxa de juros é secundária chegando ser até irrelevante.
Cenário
1. Digamos que a empresa tomou dinheiro emprestado à 12%/ano com inflação de
6%/ano. Um absurdo, sem dúvida, mas em anos bons, pagável.
Cenário
2. Digamos que a empresa tomou dinheiro emprestado à 6%/ano com inflação de 12%/ano
e economia em recessão. Se a recessão for por pouco tempo, a empresa se salva.
Se a recessão for por muito tempo, como esta de agora está prometendo, a
empresa quebra.
O
exemplo é de fatos reais.(MBF).
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