terça-feira, 5 de janeiro de 2016

A estabilidade da safadeza no reino da sem-vergonhice

Aileda de Mattos Oliveira

Uniram-se as vozes de políticos e jornalistas na conversa fiada sobre a estabilidade do país. Munição sem renovação no arsenal da hipocrisia. No rastro, os desavisados que ligam ‘instabilidade’ só à luta armada, e os maneirosos que olham por cima da ruína do Estado com a condescendência de quem defende a soberana manutenção do cargo.

Estes últimos nos decepcionaram por lhes faltar espírito de chefia e optarem por uma atuação apagada, frouxa, inexpressiva. É o diagnóstico que fazemos de lideranças doentes.

As repetidas ameaças de eliminação da parte atuante da população, de maneira sumária, por chefetes de beleguins dessa escória que mandou o Brasil às favas, sequer foram questionadas.

Mesmo diante desse quadro, que vem sendo, há muito, pintado por mãos canhestras, estão sendo relegados a plano secundário, compromissos assumidos com o país por aqueles que juraram defendê-lo. Limitarem-se à concordância com apátridas que já ousaram impor a sua vontade pela força das armas, é submeterem-se a eles. Os vencidos pelos Antigos Chefes limitam as ações dos Novos, que recuam intimidados. Perdem espaço e não se importam.

O país está sem freio, sem políticas públicas emergenciais e de longo prazo. Sob a lama da ganância empresarial e da irresponsabilidade governamental, pessoas perderam casas, familiares e suas referências existenciais. Isso soa aos ‘ecologistas’, abastecidos pelo erário, uma cantilena de igreja. Acostumados a atanazarem moradores que podam galhos de árvores e a interferirem nas construções de hidrelétricas benéficas a milhares de habitantes, calaram-se, omitiram-se porque são falsos os seus propósitos, perniciosa a sua atuação, vendidos a interesses estranhos.

Por idêntica razão, muda, embalando-se em sua Rede, nada Solidária, permanece Marina, a zelosa protetora de terras ricas em minérios, protegidas pelos manipulados índios, em favor de seu amigo príncipe Charles, daquele Reino, Unido nas pretensões amazônicas. Agora, o Chefe, de quem recebe as ordens, está preocupado com a Síria. Nada a declarar, portanto.

Infamante as cenas de crianças e idosos, em colchões improvisados, deitados nas calçadas em ruas do Maranhão, Piauí, Rio de Janeiro, dias seguidos, enfileirados nas portas dos hospitais para conseguirem senha. O atendimento médico fica para as calendas. Pessoas abandonadas pelo poder público, enquanto a maquiavélica se hospeda em hotéis de grife, sempre com um carro baú atrás.

Não há adjetivos que configurem, de maneira fotográfica, essa criatura desclassificada.

Esse é um governo que deveria ser punido por crime doloso. Grupos de meliantes não deixam as instituições funcionarem e a área de saúde é a da exposição da degradação de brasileiros, considerados supérfluos, abandonados como trastes, nas calçadas. Aparelhos hospitalares desativados, remédios com validade jogados fora, hospitais sem médicos, levando-nos a pensar duplamente, se é mais um caso de corrupção aguda ou se há intencionalidade criminosa no descarte de pessoas doentes? Sim, estamos num governo de esquerda, portanto, tudo é possível!

Insensíveis criaturas, primatas morais, que se lambuzam nos privilégios, tornam-se bilionários com o dinheiro público, hospedam-se em estrelados hotéis, enquanto espojadas ao léu, pessoas, precisando urgentemente de atendimento médico, são ignoradas pelos políticos larápios, e pelos funcionários dos hospitais, estressados e esquecidos pela safadeza que impera no país.

Estamos no reino da sem-vergonhice, explícita, afrontosa, odiosa, e, sem o outrora braço forte, contamos, unicamente, com a mão amiga de outros brasileiros, dispostos a pôr o Brasil nos trilhos.

Aileda de Mattos Oliveira
Dr.ª em Língua Portuguesa. Vice-Presidente da Academia Brasileira de Defesa.

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