Jorge
Maranhão
Os
governistas estão apostando no recesso ou na recessão, depois do balde de água
fria do Supremo Tribunal Federal (STF) paralisando o trâmite do impeachment no
Parlamento? Com a deterioração crescente da economia, políticos e magistrados
se põem contra a vontade da maioria dos cidadãos, que já se manifestou por
pesquisas de opinião e manifestações de rua não aprovar a prática política
degenerada dos governantes.
Os
comentaristas da grande imprensa elaboram macabras previsões sobre o impasse
político vindouro e o país descendo a ladeira na banguela. Mas falta aprofundar
o debate mais importante sobre a missão do STF, que pisa no cadafalso da
judicialização da política exorbitando de funções de poder moderador sem
mandato constitucional para tanto. Em meio ao debate medíocre, surgem propostas
de reorganização do Estado como o regime do semiparlamentarismo.
Mas
onde estão os estadistas para a defesa de causas acima dos interesses
eleitorais dos partidos? Onde as lideranças pela defesa do interesse público se
não entre cidadãos atuantes, mas sem visibilidade na mídia? É revoltante o
espaço dado às raposas políticas de sempre com o falso argumento do golpe
contra o argumento do impeachment previsto na Constituição. Por não passar de
um discurso populista e de absoluta desonestidade intelectual de quem mais
aposta no Fla-Flu, ao agrado da arquibancada, do que no discernimento da
emergente cidadania brasileira.
Golpe
protagonizado pela cúpula ilegítima do Parlamento? E o que prolatou o STF não
conta? Vão continuar na ladainha irresponsável de insuflar a nação? É mesmo
golpe atos processuais exarados de instituições democráticas como a Câmara, a
Corte de Contas, o TSE e o próprio STF? Ou se trata de simples marquetagem do
“vai que cola”, não o filme besteirol campeão de bilheteria, mas a
pornopolítica que domina o noticiário nacional.
Noutro
dia, um grande jornal quis saber minha opinião sobre a pauta: a favor ou contra
o impeachment. E eu alertei para a cilada: que era a favor do argumento moral e
legal do que tratavam as instituições da República. E contra o falso argumento
da baixa política governista que reduz tudo ao maniqueísmo de direita versus
esquerda, conservadores versus progressistas, coxinhas versus engajados. Pois,
se existe debate público sério hoje em dia no Brasil, deve ser aquele que
enfrenta esta derrocada geral de valores morais do esquerdismo dominante na
política, onde triunfa o maquiavelismo relativista do “fim que justifica os
meios” ou o pragmatismo cínico do “é dando que se recebe”. Tudo indica que
caminhamos em direção à borrasca que se aproxima. E desta vez não adianta botar
panos quentes. Pois, se assim preferem os facínoras, chega de blefe! Os cidadãos
que pagam a conta deste circo estão prontos para pagar para ver o embate final
entre as bandeiras vermelhas e auriverdes.
A Voz
do Cidadão
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