terça-feira, 6 de junho de 2017

Trump reage a atentados em Londres com críticas ao prefeito Sadiq Khan

Reuters

Presidente dos EUA também pede fim da “correção política” para garantir segurança contra extremistas

LONDRES E WASHINGTON - O presidente dos EUA, Donald Trump, reagiu aos recentes atentados terroristas em Londres com aparentes críticas ao prefeito da cidade, Sadiq Khan.

“Pelo menos 7 mortos e 48 feridos num ataque terrorista e o prefeito de Londres diz que ‘não há razão para alarme!’” escreveu Trump na sua conta na rede social Twitter, em resposta a declaração anterior de Khan, primeiro muçulmano a governar a cidade, de que os britânicos não devem ficar alarmados com uma maior presença policial nas ruas após os incidentes da noite deste sábado na região da London Bridge, no Centro da cidade.
Trump também pediu o fim da chamada “correção política” para ajudar a garantir a segurança contra extremistas.

“Precisamos parar de sermos politicamente corretos e nos focar na segurança de nosso povo”, acrescentou no Twitter. “Se não ficarmos espertos, a coisa só vai ficar pior”.

Mais cedo, Trump havia oferecido ajuda americana a Londres e ao Reino Unido:

“ESTAMOS COM VOCÊS. DEUS OS ABENÇOE”, escreveu em letras maiúsculas na rede social ainda na noite de sábado.
O presidente dos EUA também conversou com a primeira-ministra britânica Theresa May, a quem ofereceu suas condolências e o “total apoio” de Washington na investigação e captura dos responsáveis pelo ataque, informou a Casa Branca em um comunicado.

Os comentários de Trump sobre os ataques remetem às suas recentes ordens executivas com as quais tentou proibir a entrada nos EUA de cidadãos originários de países muçulmanos tidos como “celeiros” de terroristas como forma de proteger os americanos de atentados. As ordens foram suspensas pela Justiça dos EUA e Trump apelou para que a Suprema Corte as revalide.

O prefeito de Londres, por sua vez, decidiu ignorar a série de tuítes de Trump. Um porta-voz de Kahn firmou que ele "tem coisas mais importantes a fazer que responder a um tuíte desinformado de Trump".

Mas se Kahn preferiu não responder ao presidente americano, suas declarações foram alvo de fortes reações dos dois lados do Atlântico. David Lammy, parlamentar do Partido Trabalhista, escreveu no Twitter: "Barato, desagradável e impróprio de um chefe Estado. O tipo de coisa que faz com que queira abandonar a política em um dia assim. O mal por qualquer lado que observamos".

Nos Estados Unidos, o ex-vice-presidente Al Gore comentou no canal CNN que não acreditar que "após um ataque terrorista como este seja o momento de criticar um prefeito que está tentando organizar uma resposta em sua cidade".

Sobre a restrição de viagens para pessoas procedentes de países com maioria muçulmana, que foi bloqueada por tribunais federais americanos, Cecilia Wang, vice-diretora legal da American Civil Liberties Union, escreveu no Twitter: "Temos que ficar indignados quando um presidente explora um crime terrível para fomentar sua política discriminatória e ilegal".

Em junho do ano passado, após o mortal a uma discoteca em Orlando, Flórida, Trump tuitou: "Obrigado pelas felicitações por ter razão sobre o terrorismo islâmico radical, não quero felicitações, quero dureza e vigilância. Devemos ser inteligentes!".

A mensagem irritou muitos de seus críticos, que apontaram que o momento seguinte a um atentado que deixou 49 mortos não era o adequado para um candidato à Presidência alardear as felicitações recebidas.

O Globo

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